Professores – Anjos Tocheiros!
Viva Alice Maria Gac Coelho! Desde já, peço licença à senda de mestres
espalhados pelos quadrantes pátrios em especial a minha primeira
professora do curso primário Geny Zillig Gac vossa irmã, ora ornada em
guirlandas róseas violáceas, aos pés de Maria Santíssima e do Divino
Filho. Incomensurável a alegria em dirigir os encômios à Senhora
querida mestra. Eu poderia dizer de meu amor com um muito obrigado,
mas, é pouco, por isso, ao ensejo das comemorações de vosso natalício
uno-me aos alunos, ex-alunos, amigos e admiradores para externar o
preito de gratidão, carinho e orações sinceros e reconhecidos hoje e
sempre. Recorro à hermenêutica e, revivo a Acrópole da Grécia Antiga.
O notável saber dos professores aclara nosso caminho, ilumina nossas
vidas porque eles têm um quê de divindade. Incontáveis as palavras de
gratidão e de carinho a tão virtuosa amiga e eterna professora.
Exercia não somente a alfabetização, mas sim, os princípios éticos,
morais, religiosos, artísticos em suas múltiplas nuanças. Aqui não me
refiro aos célebres educandários, mas, escolas públicas do interior,
carente de livros e infraestrutura ao exercício desse ministério. E
todas as barreiras eram vencidas porque havia amor e vocação. Faz
tanto tempo e hoje da ampulheta revivo e revejo quão atual! Nesse
interregno as professoras Sebastiana do Carmo e Souza (minha tia de 95
anos), Sylvia Siqueira e Philadelphia Batista Reis participaram desse
rosário nos alvejando com seus conhecimentos de português, história,
arte, matemática, ciências e literatura. E “Dona Alice” moça bonita e
culta cumprira a missão quando nos preparávamos para a admissão ao
ginásio. Partimos para o centro da cidade e nos sagramos dentre os
primeiros colocados para o ginasial. A obediência aos princípios
filosóficos, didáticos, pedagógicos, éticos, bem assim, seu esmero à
retórica e à semântica constituíram o ponto cardeal para a glória de
Deus, honra de Jean Piaget, Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando
Azevedo e de todos nós. Exerceu o magistério voltado à grandeza da
formação humana, por isso buscou harmonizar-se à filosofia de Kant e
Dantzig que entendiam que o fim último da natureza humana deva ser
sempre a cultura, vendo o mundo através da ótica do bem, do belo, do
positivo e do puro. Na Grécia de Péricles o respeito à lei e à
tradição determinavam fosse reservado um largo espaço ao culto a seus
heróis da guerra do Peloponeso. Faço deste espaço o meu Areópago e,
conduzo-a ao pódio e a glorifico e a reverencio por suas virtudes,
bravura e dignidade. Quisera que no Brasil os professores fossem
valorizados, respeitados e prestigiados como, por exemplo, ocorre no
Japão – O Imperador Hiroito II em um de seus decretos determinou que
ao professor fosse permitido o uso de trajes negros – privativo da
nobreza. A ele é permitido falar, de pé, com o Imperador e nenhum
profissional de formação universitária pode ter remuneração superior a
do professor… Hosanas aos céus pela vida de minha Mestra. Ainda que
eu descerrasse o lirismo e as filigranas da linguística, da filologia
e a beleza da poesia seria pouco para falar e exaltar o respeito,
dignidade dos profissionais do ensino. Cumpriu a bela e árdua missão e
pode fazer suas as palavras de São Paulo, II – Timóteo, capítulo 4,
versículo 7 que lhe serve de epitáfio quando disse: “Bonum certamen
certavi, fidem cervavi, cursum consumavi”, ou seja, “combati o bom
combate, cumpri o meu dever e não perdi a fé”.