• Professora de aquarela, conhecida pelas oficinas artísticas do Museu Imperial, inspira centenas de pessoas através de ‘Live da Arte’; saiba mais

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  • Por Aghata Paredes

    Conhecida pelas oficinas que ministra durante a Semana da Primavera dos Museus, Bia Penna – petropolitana de coração e amante das artes plásticas – inspira centenas de pessoas através de suas lives no YouTube. 

    A ideia de promover a ‘Live da Arte’ surgiu em 2020. Naquele período, a professora de aquarela pretendia ajudar as pessoas, especialmente as crianças, a enfrentarem o confinamento, causado pela Covid-19, com mais leveza. De lá para cá, o encontro virtual, inicialmente pensado para o público infantil, ganhou o coração de diferentes públicos e atualmente reúne pessoas de diversas idades. Gratuito, o projeto ocorre às quartas-feiras, às 18h, no canal da artista. 

    Foto: Arquivo Pessoal

    “O que enxergo de mais bonito é a possibilidade de levar beleza para as pessoas. O mundo é muito cruel. Hoje em dia precisamos procurar muito para encontrar uma notícia boa. Guerra, violência, mortes, fraudes, corrupção… e por aí vai. Acredito que a função do artista é levar o espectador para outra realidade. E para mim não faz sentido nenhum ir para um lugar pior do que aquele em que já vivemos no dia a dia. Se podemos escolher para onde nossos olhos irão nos levar, eu escolho ir para um lugar melhor do que onde estou. Por isso, a beleza, o encantamento, o deslumbrante, o sensacional…Quero levar o imaginário do espectador para um lugar melhor do que a realidade que ele vivencia.”, conta.

    Foto: Arquivo Pessoal

    A mesma disciplina por amor

    Bacharel em Belas Artes, Bia começou a pintar aos 8 anos. “Iniciei fazendo aulas de pintura a óleo e só conheci a aquarela aos 16 anos, quando minha mãe se aposentou e voltamos a morar em Petrópolis. Aqui, o professor Walter Berner – meu grande mestre – me apresentou outras  técnicas. Dentre elas, a aquarela.” A artista conta que, quando percebeu que a tinta era a base d’água, intuitivamente, diluía as cores e tentava criar efeitos semelhantes aos da aquarela, mesmo sem técnica alguma. “Foi aí que Walter me presenteou com um estojo de  aquarela. Levei para casa e voltei na aula seguinte com três pinturas feitas. A partir daí comecei a aprender sobre a aquarela.”


    Aos 17 anos, quando ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bia fez a mesma disciplina, aquarela, quatro vezes. “Não porque repeti, mas porque amava aprender com a professora Lourdes Barreto.”, relembra. 

    “Não discuto com o destino. O que pintar, eu assino.”

    Paulo Leminski.

    Por dentro da história da Aquarela 

    Em conversa com a Casa & Campo, Bia Penna contou, com entusiasmo, a história da aquarela – que já foi vista como uma técnica simples, em virtude da fragilidade do papel. 

    Segundo a artista e Bacharel em Belas Artes, a aquarela é uma técnica muito antiga, inicialmente, usada como esboço ou estudo. “Grandes artistas da História da Arte utilizavam a aquarela para captar momentos e cenas que, posteriormente, virariam pinturas a óleo. Para eles, ela era usada como uma primeira camada na tela. E, naquele momento, aproveitavam para definir as cores, áreas de luz, áreas de sombra, e fazer todo o planejamento pictórico. Depois, com a tinta a óleo, cobriam aqueles primeiros traços e, assim, obtinham uma pintura mais assertiva. A grande vantagem dessa técnica é a celeridade no processo da pintura.”, conta.

    Foi no século XIX que a aquarela foi ganhando destaque e autonomia. A técnica, que era antes vista como simples, em virtude da fragilidade do papel e ausência de suporte, passou a ser vista de maneira semelhante a outras técnicas. “Artistas, críticos e apreciadores de Arte começaram a perceber que uma aquarela trata dos mesmos valores pictóricos que as pinturas de cavalete e que ela poderia, por si só, ser uma obra – e não apenas um estudo para uma futura pintura a óleo. Cartazes e peças publicitárias, que tiveram grande importância no período,  também contribuíram muito para elevar o status das técnicas sobre papel.”, explica Bia Penna.

    Inspirações 

    Questionada sobre os artistas que a inspiram, a professora de aquarela relata que sente profunda admiração pelos impressionantes e pelo grande ícone do movimento artístico do fim do século XIX, o tcheco Alphonse Mucha.

    The Seasons, 1896, Alphonse Mucha.

    “Os impressionistas, como um todo, são especiais para mim e foram uma grande referência, principalmente quando comecei a pintar. Sou apaixonada pela espontaneidade das pinceladas e pela beleza com que percebem o mundo. Na verdade, eles conseguem ver beleza em qualquer situação, o que  vai na mesma direção da minha personalidade. Mas, além dos Impressionistas, tem um artista tcheco pelo qual sou incrivelmente apaixonada: Alfonse Mucha. Grande pintor, ilustrador e designer, foi um dos principais expoentes do movimento Art Nouveau. Sua estética tem relação direta com meu trabalho e sua técnica acurada impressiona meu olhar. Sou simplesmente fascinada por seu trabalho e talvez seja ele o artista que mais me inspira hoje em dia.”, conclui.

    A ‘Live da Arte’ acontece às quartas-feiras, às 18h, no canal de Bia Penna, no YouTube.

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