Princípios, normas, regras e leis

Princípios sociais recebemos desde o berço e quem não os aceita, dificilmente respeitará os limites impostos pela vida e não aceitará as regras dadas pelos professores como nunca respeitará as leis, quando adulto. Há um ditado na Itália que preconiza que “as leis foram feitas para serem burladas”, já no Brasil, tal máxima deveria ser “as leis foram feitas para serem debochadas”. 

Por “princípio”, nas “leis” não há o que se discutir, se elas têm que ser respeitadas e cumpridas a “priori”, mas aí é um terreno extremamente controverso pois seus defensores legais são os primeiros a desrespeitá-las – em tudo e por tudo – sendo eles os responsáveis por tantas irregularidades.

Mas entre princípios, normas e regras – em termos sociais e não jurídicos. Princípio é o que se adquire no berço pela educação – postura, moral e civismo. Normas são mais amplas e diferentes em cada situação ou lugar, se cada empresa ou entidade determinam as suas, de acordo com a visão e responsabilidade de cada um. Já as regras serão sempre impostas e obrigadas a serem seguidas, mesmo a contragosto, como dentro de uma unidade militar ou numa empresa, na produtividade.

Mas o grave mesmo são as leis que, a princípio, todos são obrigados a cumprir mas aí é que “a porca torce o rabo” – justamente aqueles que mais deveriam respeitá-las para dar o exemplo são os que mais as transgridem. Desconheço a estatística mas nosso país deve ser o campeão em leis com preponderância às inócuas   – existem leis para tudo e nada resolve se para as leis serem cumpridas e respeitadas, é necessário fiscalização dum povo mal educado e acomodado, e onde andarão os fiscais se, por princípio, são mais mal intencionados, imbuídos de sua autoridade? Esperar que o cidadão, sempre mal orientado, respeite as leis é utopia – já que as leis são criadas justamente para impor limites.

E tudo começa com os princípios de cada um, como sempre foi e não é mais. Além da educação de berço, passava-se, obrigatoriamente, pelo serviço militar – um aprendizado com sua rigidez hierárquica. Depois vinha o aprendizado profissional, qualquer que fosse a função – haviam normas, o que hoje não existem mais. Há algum tempo, ao olhar a vitrine duma sapataria, o funcionário chegou perto e, numa posição de jogador de baseball, levantou a perna direita, deu um estalo com as mãos, como se fosse dar o lance e falou – “E o que vai ser hoje, meu chapa?” como se tivesse grande intimidade comigo. Fazer o que diante de uma postura dessas – admoestar o gerente? Infelizmente, há uma carência total de posturas nas atitudes mais comezinhas no trato com seus semelhantes – não só dos jovens mas também dos mais maduros. 

Por isto gosto do soneto e da trova, em termos de poesia, o que nos obriga a raciocinar e a obedecer as regras exigidas – tudo é ginástica mental bastante benéfica e educativa – uma questão de exercitar o raciocínio,  dando “tratos à bola”, o que eu creio que a maioria necessita, de um modo geral, embora todos se julguem autossuficientes em raciocínio, mesmo não sabendo fazer pequenos cálculos sem usar a maquineta.

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