• Presidente da EBC é demitido por post que chama quem apoia Israel de ‘idiota’

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 18/10/2023 18:53
    Por Vera Rosa, Gabriel de Sousa e Sofia Aguiar / Estadão

    O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, foi demitido após o Estadão mostrar, nesta quarta-feira, 18, que ele compartilhou no seu perfil no X (antigo Twitter) uma postagem que diz que apoiadores de Israel são “idiotas”.

    A mensagem repostada por Doyle é de autoria do cartunista e ativista político Carlos Latuff, postada às 21h22 desta terça-feira, 17, na rede social. Latuff afirmou: “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”.

    Ao Estadão, na manhã desta quarta, Doyle afirmou que defende a existência de Israel e de um Estado Palestino e a coexistência pacífica dos dois povos. Segundo o presidente da EBC, o compartilhamento da postagem representa um repúdio aos danos causados pela contraofensiva israelense.

    “Defendo a existência de Israel e de um Estado Palestino, conforme resoluções da ONU, e a coexistência pacífica entre israelenses e palestinos. Condeno a ocupação de territórios palestinos por Israel, assim como qualquer violência contra civis praticada por qualquer um dos lados. Isso significa que, em relação aos fatos recentes, condeno tanto o Hamas quanto o governo de Israel. Ao compartilhar o post, o apoio a Israel ao qual me refiro é quanto aos ataques indiscriminados contra a população de Gaza”, afirmou Doyle.

    Hélio é jornalista e foi professor da Universidade de Brasília (UnB) por 28 anos. Ele estava à frente da EBC desde 14 de fevereiro, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O salário bruto dele era de R$ 34.895,78.

    Após a demissão, também no X, Doyle afirmou que o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse que o compartilhamento do post e a repercussão na imprensa criaram “constrangimento ao governo”.

    “O ministro Paulo Pimenta me manifestou hoje seu descontentamento por eu ter repostado, no X , postagem de terceiro acerca do conflito no Oriente Médio. Disse-me que a referida repostagem e sua repercussão na imprensa criaram constrangimentos ao governo”, afirmou na rede social.

    “Diante disso, pedi desculpas e comuniquei que deixo a presidência da EBC, agradecendo ao ministro Pimenta e ao presidente Lula pela confiança em mim depositada por todos esses meses.”

    No último dia 7, o grupo terrorista Hamas atacou o território israelense, matando pelo menos 1.400 pessoas no país. Esse é um dos confrontos mais sérios dos últimos anos, após semanas de tensões crescentes na Faixa de Gaza.

    Ataques do grupo terrorista Hamas a Israel desde que os radicais palestinos assumiram o controle da Faixa de Gaza, em 2006, não são incomuns. Até o ataque da semana passada, o recurso mais utilizado pelo Hamas para atacar Israel eram os foguetes lançados de Gaza contra o sul do país. Dessa vez, contudo, os terroristas se infiltraram no território israelense, matando indiscriminadamente civis em diversas cidades e fazendo reféns.

    O Brasil tem adotado uma postura contrária ao conflito, porém com linguagem cautelosa. Como mostrou o Estadão, o governo e o PT relutam em classificar o Hamas como terrorista e falham em alinhar o discurso sobre o tema, o que segundo especialistas se deve à influência ideológica do assessor de assuntos internacionais Celso Amorim e da própria legenda.

    O presidente e alguns ministros usaram expressões como “ataques terroristas” e “atos terroristas”, mas sem associá-las expressamente à organização responsável pelos ataques com assassinatos e sequestros de civis, incluindo crianças, em Israel nos últimos dias. O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA) foi o único integrante do primeiro escalão a classificar o Hamas diretamente como terrorista nas redes sociais.

    Nesta quarta, os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

    Últimas