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  • 30/07/2023 08:00
    Por Ataualpa A. P. Filho

    A Terra poderia não sofrer o que está sofrendo. A humanidade poderia estar em estágio mais evoluído no que se refere a respeito mútuo. As ações humanas predatórias estão colocando em risco a vida no planeta. Tanto a fauna quanto a flora sofrem com a nocividade do homem. As notícias sobre os incêndios florestais que avançam por áreas urbanas demonstram as consequências do aquecimento global. As alterações climáticas prenunciam os desastres provocados pelos fenômenos da natureza.

    Do que se respira, do que se bebe, do que se come, a natureza participa. Preservá-la é um gesto de gratidão. Mas é preciso dizer que ela fala por si. A relação de causa e consequência é bem definida quando se trata das ações do homem contra o ambiente natural. O desmatamento, a poluição, as produções de gases tóxicos têm reflexos imediatos sobre os habitantes deste planeta.

    Na Austrália, entre 2019 e 2020, segundo dados revelados pela pesquisa encomendada pela ONG WWF, os incêndios atingiram 2,46 bilhões de répteis, 180 milhões de pássaros, 51 milhões de batráquios, 143 milhões de mamíferos. Neste ano, a onda de calor já tem provocado sérios danos nos países que ficam à margem do Mediterrâneo.

    O mês de junho deste ano foi considerado o mais quente desde que registros globais de temperatura começaram a ser realizados, isto é, desde 1850. Essa afirmação é da Administração Nacional Oceânica e Atmosfera dos Estados Unidos em sua atualização sobre dados climáticos mensais.

    O Canadá vive hoje um dos piores períodos marcados por incêndios. Bombeiros de diversos países como Brasil, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, França, México, Coreia do Sul, Costa Rica, foram enviados para ajudar no combate às chamas que atingem a vegetação, provocando destruições sem precedentes. Os incêndios já se propagaram por uma área de mais de 100 mil quilômetros quadrados.

    Em síntese, a cada ano que passa, os desastres são maiores. Não podemos ficar de braços cruzados. Os estragos não ocorrem somente na região amazônica. O mundo vive em estado de alerta. É preciso que se diga que a vida é prioritária. Todos nós somos responsáveis por isso. Temos as nossas parcelas de culpa. O vazamento de uma torneira, o banho prolongado, o papel de bala no chão, a gordura jogada no ralo da pia, a ponta de cigarro acesa na lixeira, o cano de descarga do carro, da moto poluindo o ar, a fumaça tóxica das fábricas, ou seja, desde as ações mais simples no ambiente doméstico a incêndios florestais criminosos contribuem para o estado crítico que vivemos.

    É preciso reconhecer que a Natureza é uma obra divina. Defendo a ideia de que a luta pela preservação dela perpassa pela criação de um movimento de resistência sem pátria, mas que começa na porta da nossa casa, mantendo-a limpa.

    O desmatamento, a crise hídrica pela falta de chuva, o aquecimento global são fatores que revelam o caráter destrutivo do homem. Quando o capital é colocado como um bem superior à vida, as consequências são drásticas. E os reflexos econômicos são visíveis. Portanto, é preciso urgentemente fortalecer a consciência da preservação do ecossistema. O progresso não é incompatível com a preservação do meio ambiente. É possível manter o desenvolvimento tecnológico exigido pela vida moderna por meio de uma política preservacionista que respeita fauna e flora em benefício da qualidade da existência humana.

    A Natureza é um ser vivo, não apenas um cenário nas obras literárias. É preciso enxergar a força que ela exerce, em legítima defesa, nas manifestações artísticas, em atitudes de autopreservação.  Por intermédio da sensibilidade e percepção dos artistas, ela apresenta a sua resistência.

    Os fenômenos naturais devem ser vistos como parte de uma linguagem que precisa ser entendida como alerta em favor da vida. Por isso, precisamos refletir não somente pelas previsões meteorológicas, mas também em função do respeito que precisa ser mantido em relação aos outros viventes deste planeta. A prepotência do animal humano é que o limita. A vida é mais simples desarmada, porque assim o amor torna-se mais latente. O colorido dela é uma das perfeições do Criador.

    A Natureza manda recado. Nenhuma catástrofe vem do acaso. Notícias das enchentes, das secas, das queimadas estão nos jornais. Com urgência, precisamos agir em defesa da vida.

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