• Prejuízo: pacientes faltam a 176 mil exames e consultas do SUS por ano em Petrópolis

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  • 03/06/2019 12:19

    Por ano, na rede pública de saúde de Petrópolis, 176  mil consultas e exames deixam de ser realizados porque os pacientes não comparecem nas datas estipuladas nos postos de saúde, hospitais públicos e também na rede particular conveniada. O prejuízo não é apenas financeiro em manter médicos e equipamentos disponíveis. Ele impacta no sistema, porque o paciente que não comparece tira a vaga de outra pessoa que esteja precisando do atendimento. A prefeitura, diante deste alto índice de faltosos – 20% de 880 mil consultas e exames –  tem lançado mão de recursos como confirmação na véspera dos procedimentos por telefone e alertas aos pacientes para avisem quando não puderem comparecer.

    “A rede de saúde municipal recebeu nos últimos anos 44 mil usuários que deixaram os planos de saúde e tem se estruturado para oferecer um serviço de qualidade para a população. A demanda é alta. É necessário que as pessoas tenham consciência de que, faltando uma consulta agendada, outra pessoa perde a oportunidade de ser atendida”, destaca o prefeito Bernardo Rossi. 

    A depender da especialidade médica, o índice de não comparecimento em consultas agendadas nas unidades de saúde pode variar de 14% a 20% dos atendimentos. Somente nos ambulatórios dos PSFs, UBS, Hospital Nelson de Sá Earp (HMNSE) e Hospital Alcides Carneiro (HAC), são 407 médicos e profissionais da saúde que ficam disponíveis para efetuar os atendimentos, a um custo mensal de R$ 2,4 milhões.

    Nestes locais, são médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, auxiliar de saúde bucal e administrativos disponibilizados para o atendimento ao usuário. Cada profissional cumpre uma carga horária que pode ser de 20, 30 ou 40 horas semanais, com capacidade para atender de 45 a 60 pacientes, a depender da complexidade da especialidade. Levando em consideração o índice máximo de ausência nas consultas, um médico, que atenderia 60 pessoas por semana, deixa de atender cerca de 12 pessoas em espera na rede, se projetada a ausência de 20% dos pacientes. 

    “Estamos adotando métodos para garantir que o serviço disponibilizado seja ofertado de forma eficaz. No entanto, além da criação de processos de trabalho que venham a inibir as faltas, é importante que os usuários do sistema tenham consciência de que a ausência deles em uma consulta pode prejudicar outras pessoas que também precisem do atendimento”, destaca a secretária de Saúde, Fabíola Heck.

    O número de consultas não realizadas representa uma perda para a rede, que tem registrado grande demanda, tendo em vista o maior número de pessoas que passou a usar os serviços públicos de saúde. Nos últimos três anos, o município registrou um aumento de 44 mil pessoas que migraram dos planos de saúde e passaram a usar SUS. Também houve aumento de atendimentos de pacientes de outros municípios, que atualmente é de cerca de 13 mil pessoas. 

    A Secretaria de Saúde tem atuado para aumentar o número de consultas ofertadas para atender a maior demanda e combater a ausência dos pacientes agendados. No primeiro quadrimestre deste ano, foram realizadas 90.828 consultas da rede de Atenção Básica e Especialidades. Foram mais de 6.200 ofertas, se comparado com o último quadrimestre de 2018, que teve 84.557 atendimentos ambulatoriais.

    Secretaria de Saúde muda rotina de trabalho para minimizar ausências em consultas

    O não comparecimento a consultas marcadas tem reduzido a capacidade máxima de atendimento ambulatorial e, consequentemente, retarda o atendimento dos pacientes que aguardam por consulta em especialidades médicas e exames oferecidos pela rede. Entre as medidas adotadas para diminuir o número de ausências está a rotina de confirmações de presença dos pacientes. 

    O novo processo de trabalho tem contribuído para que as vagas disponibilizadas sejam remanejadas para outros pacientes em espera. A partir das confirmações de consultas, no Hospital Alcides Carneiro (HAC), foi registrada uma redução de 10% das ausências em consultas, que quando perdidas, o paciente pode levar 30 dias para ser reagendado.

    Mesmo com a redução, os números de ausências ainda chamam atenção no HAC. Nos primeiros quatro meses desse ano, somente na unidade, houve 16% de falta nas 23.048 consultas ambulatoriais agendadas. Esse montante representa 3.687 atendimentos perdidos nos quatro meses, um pouco mais de 920 pacientes faltosos por mês. Nesse período, somente no HAC,esses registros resultam em uma média de 41 consultas que deixam de ser realizadas todos os dias. 

    “Esse número é muito alto, temos pessoas à espera por essas consultas. A confirmação de presença é um importante mecanismo para evitar essas faltas, mas ainda assim, é necessária a conscientização das pessoas para o dano que essas ausências causam para a oferta do serviço aos usuários da saúde pública”, frisa a secretária de Saúde.

    No Centro de Saúde, além das confirmações de consultas, houve o aumento do número de consultas agendadas, já levando em consideração a previsão de ausência. “Buscamos alternativas para minimizar as perdas de vagas em consultas e exames”, destaca a diretora do Centro de Saúde, Élida Marta Santos, que destaca a falta inclusive na realização de exames. A unidade tem registrado faltas que chegam a 27% em exames de ultrassonografia, e de 13% em consultas de especialidades. “A partir do aumento do número de agendamentos, conseguimos minimizar as faltas e garantir a oferta do serviço”, reforma a diretora do Centro de Saúde.


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