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  • 22/10/2023 08:00
    Por Ataualpa A. P. Filho

    “Se você quer que algo seja bem feito, peça a quem esteja ocupado”. Não sei quem inventou essa frase. Também não sei se quem a criou baseou-se no princípio de Pareto, pautado na regra 80/20.

    Segundo Vilfredo Pareto, engenheiro ferroviário de nacionalidade italiana, “80% dos resultados dependem de apenas 20% das causas”. Isso também se verifica no fato de que 80% das riquezas concentram-se nas mãos de 20% da população. Há, portanto, uma desigualdade tanto no que se refere à renda, quanto ao que se refere ao trabalho.

    Na minha modesta maneira de enxergar os fatos, acho que devemos “ocupar” mais pessoas, ou seja, a criação das ofertas de trabalho favorece a distribuição de renda, uma vez que a mão de obra precisa ser remunerada dignamente. Mais pessoas trabalhando, mais pessoas conquistando o próprio sustendo com o suor do rosto. E, a qualificação da mão de obra, inevitavelmente, depende de um sistema educacional eficiente.

    A política fundamentada em “auxílio financeiro” deve ser empregada somente em caráter emergencial. O cidadão e a cidadã, em idade produtiva, merecem uma oportunidade de trabalho para que não fiquem na dependência do Estado para suprir as suas necessidades básicas. É preciso ampliar a população economicamente ativa.

    Há uma parte da população ocupada e outra desocupada, mas, que se encontra apta para exercer alguma profissão. Por isso que considero importante a descentralização das ocupações. A criação de emprego é fator preponderante no equilíbrio da economia de um país. É válido citar aqui os seguintes versos da composição “Vozes da Seca” de Luiz Gonzaga e Zé Dantas: “Mas doutô uma esmola a um homem qui é são/ ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.”

    Já encontramos cidadãos viciados em receber auxílio do governo. Existem aqueles que já estão acomodados com o que os órgãos governamentais oferecem. A política assistencialista usa a doação de cesta básica como cabresto de voto.

    Sei que muitos concordam com o provérbio chinês que diz: “não dê o peixe, ensine a pescar. ” Como educador, posso afirmar que ensinar a pescar é fundamental, mas de barriga vazia, a aprendizagem fica comprometida. É preciso ter o mínimo de condições para assimilar o conteúdo a ser transmitido. É preciso dar pão a quem tem fome. E com o alimento, é preciso oferecer também uma formação profissional. É por esse caminho que vejo as bases da libertação de um povo. E aqui transcrevo os seguintes versículos da Primeira Epístola de São João: “Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o irmão passando necessidade, mas fecha o coração diante dele, como pode estar nele o amor de Deus?” (1Jo,17).

    Para mim, o capital humano será sempre o mais valioso. A força de trabalho é que move o mundo em um processo evolutivo. Temos, portanto, que sensibilizar os 80% da população para que não fiquem acomodados, nem conformados com migalhas. Como também temos que sensibilizar os 20% da população para que possam abrir frentes de trabalho. Que o capital produtivo suplante o especulativo.

    Pela força da inércia, tive que concordar com Mário Quintana quando disse, em “Caderno H” que “a preguiça é mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”

    Segundo a Primeira Lei de Newton, conhecida como a Lei da Inércia, “todo corpo tende a permanecer em estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar de estado por forças aplicadas sobre ele”. No âmbito social, tal lei pode ser observada, por isso que um dos fatores do processo educacional consiste no crescimento interior responsável por desinstalar o ser da zona de conforto imposta pela mediocridade.

    O eterno aprimoramento é que leva à perfeição. E aqui cabe pontuar que o “ócio produtivo” é diferente do que popularmente se chama de “preguiça”. Não podemos nos deixar vencer pela indolência. A proatividade antevê os problemas. E as iniciativas para evitá-los depende do comprometimento com o trabalho que se realiza. Desafiar o destino é não deixar a vida à deriva.

    E, para finalizar, quero fazer uma ressalva: a preguiça não é “preguiçosa”. Não se pode atribuir a ela a concepção pejorativa desse adjetivo. O bicho preguiça tem a sua própria natureza. Os seus movimentos são inerentes a ela. A minha preocupação maior está voltada para os homens desunamos, que neutralizam o coração e a mente pela cegueira do vil metal.

    O amor ainda é a força inquieta que nos move em busca da Paz.

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