• Prefácio de Lutero ao catecismo maior

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  • 28/04/2017 13:20

    Nos empenhamos e insistimos que o catecismo seja ensinado. Pois constatamos que, infelizmente, grande número de pregadores e pastores é muito negligente nesta questão, desprezando seu ofício, parte do qual é ensinar o catecismo. Uns são negligentes porque se acham muito eruditos; já outros, por pura preguiça, só querem saber da sua barriga. São autênticos comilões e servidores do próprio ventre, na maior cara de pau. 

    A isso se acrescentam o desgraçado vício e a insidiosa praga da segurança e do fastio de muitos acharem o catecismo um ensinamento simples e de pouca importância, que podem ler por alto e de uma só vez para logo saber tudo, jogar o livro num canto, sentindo até certo constrangimento em continuar lendo nele.

    Quanto à minha pessoa, digo o seguinte: também sou doutor e pregador e, na verdade, tão erudito e experiente quanto todos aqueles presunçosos, seguros de si. Mesmo assim, procedo comouma criança a quem se ensina o catecismo: de manhã, e sempre que tiver tempo, leio e recito, palavra por palavra, o Pai Nosso, os Dez mandamentos, o Credo, alguns salmos, etc. Preciso continuar lendo e estudando diariamente, e ainda assim não me saio como gostaria, precisando continuar sendo criança e aluno do catecismo. E assim permaneço de bom grado. 

    Por isso rogo a esses barrigudos insolentes – ou santos presunçosos – que pelo amor de Deus se deixem convencer e acreditem que realmente, com certeza, não são tão instruídos e doutos como presumem. 

    Que deixem de pensar que já aprenderam tudo que esses textos têm a oferecer, ou que sabem o suficiente sobre todas as coisas, por melhor que as conheçam. Pois mesmo que soubessem tudo com perfeição (o que não é possível neta vida), aqueles textos são proveitosos enquanto forem lidos diariamente, exercitados em pensamento e pronunciando as palavras. Pois o Espírito Santo está presente nesta leitura, nesse falar e pensar. Ele sempre acrescenta uma nova luz, uma nova intuição, de modo que a gente acaba gostando e assimilando cada vez mais.

    Além disso, ocupar-se com a palavra de Deus, falar e refletir sobre ela é uma ajuda poderosíssima contra o diabo, o mundo, a carne e todos os pensamentos ruins. O diabo não suporta ouvir a palavra de Deus. Com efeito, é poder de Deus que queima o diabo, ao passo que a nós fortalece, conforta e ajuda muito.

    Para que perder muitas palavras? De onde tirar papel e tempo suficientes para enumerar todo o ganho produzido pela palavra de Deus? Costuma-se chamar o diabo de mestre das mil artes. Como chamaremos, então, a palavra de deus, que espanta e aniquila esse mestre de mil artes com toda a sua habilidade e poderia? As artes da palavra de Deus devem passar de cem mil. E nós, principalmente os que queremos ser pastores e pregadores, vamos levianamente desprezar tanto poder e enriquecimento? Então deveriam não só nos negar a comida, mas escorraçar-nos atiçando os cachorros contra nós, correndo-nos a bosta de cavalo.

    Pois precisamos da palavra de Deus não só como pão de cada dia, mas também para nos defender contra os assaltos e as emboscadas constantes e diárias do diabo com suas mil artes.

    Se isso não bastasse para nos induzir à leitura do catecismo todos os dias, só o mandamento de Deus já bastaria para nos obrigar. Em Deuteronômio 6.6-9, Ele ordena severamente que levemos em consideração seus mandamentos o tempo todo, em todas as situações: sentados, andando, parados, ao nos deitarmos, ao nos levantarmos, e que os tenhamos nas mãos e diante dos olhos como lembrete constante. 

    (Fonte: Catecismo maior de Martin Lutero, p. 18-22)

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    Avenida Ipiranga, 346.

    Cultos todos os domingos às 09:00h. Tel. 24.2242-1703


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