• Precisamos falar de Educação Básica!

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  • 23/09/2020 09:35

     

    Na semana passada, o MEC divulgou os resultados do exame nacional IDEB que avalia o aproveitamento dos alunos da Educação Básica (1º ao 9º anos e Ensino Médio) referente ao ano de 2019. O estado do Rio de Janeiro ficou em 20º lugar. Petrópolis teve queda no seu aproveitamento em comparação com os anos de 2015 e 2017, não atingiu a meta de 6,0 para 4º e 5º anos e nem chegou aos 5,3 propostos para 8º e 9º anos, previstas para 2019.  O Liceu (Ensino Médio Municipal) não foi avaliado. O que houve? O que está acontecendo?

    Tentei encontrar alguns dados no site da Prefeitura, em especial, na página da Secretaria de Educação, e tudo o que consegui foram os nomes dos Centros de Educação Infantil. Não me entendi com aquele site. Não encontrei nenhuma informação relevante para a minha reflexão e ainda pude perceber que o site está completamente desatualizado. Em outro site, desses que informam endereço e telefone, descobri que entre escolas públicas e particulares, há na cidade 376 unidades. Se este número está atualizado, não posso informar.

    Como não encontrei o total de escolas públicas de Educação Básica na cidade, parti para investigar o orçamento da Educação nos últimos anos. Existe um investimento de aproximadamente 25,3% dos recursos orçamentários municipais, o equivalente a uma previsão de R$ 261 milhões para 2020. Isso tudo sem contar com os recursos do FUNDEB. Nos últimos 5 anos, para não ser injusta, o valor  destinado foi  bem próximo a este, revelando um gradativo e pequeno aumento/ reajuste anual. Então o problema não é especificamente o dinheiro.

    Conversando com algumas amigas professoras da rede municipal, constatei que de todo esse dinheiro, muito pouco é investido na formação desses profissionais. Nada ou quase nada foi investido em cursos de atualização, de aperfeiçoamento, em formação continuada… Também há precariedade na área de informatização das escolas, de acesso à rede mundial de computadores (Internet), laboratórios de informática para uso de alunos e professores. Além disso, há carência de alguns recursos audiovisuais para serem utilizados em sala de aula.

    Nas escolas que ofertam as séries iniciais (1º ao 5º), nem sempre há uma biblioteca de fácil acesso para os alunos. Às vezes, quando há, a sala fica trancada aguardando um professor de sala de leitura ou os alunos só podem entrar com um professor os acompanhando! Também não há professores especializados em Literatura, Artes Cênicas, Plásticas, Musical e Educação Física. Quando tem, é apenas um desses cinco que citei. Quando os professores adoecem, não são substituídos durante sua ausência. Adoecer é humano! Os alunos acabam ficando sem aulas.

    Outro aspecto não menos interessante é a falta de estagiárias auxiliando as professoras em sala de aula, principalmente, em turmas de alfabetização. Geralmente, a professora alfabetiza 30 alunos ou mais! Ressalto que temos na cidade escola pública com curso de formação de professores de nível médio. No meu tempo de normalista, fazíamos 360h/a de estágio, distribuídos pelos 3 anos de formação. Hoje, a obrigatoriedade não chega a 100h/a de estágio tanto no curso de nível médio, quanto no curso superior de Pedagogia.

    Não quero aborrecer o leitor entrando na questão dos métodos de ensino. Digo apenas que cada um de nós tem uma aptidão e um tipo de inteligência para a aprendizagem. Há sempre um jeito mais fácil de aprender. Um professor bem preparado, uma escola bem equipada, apoios pedagógicos e auxiliares de sala para o professor, diversidade de métodos, tudo isso “junto e misturado” poderia mudar a escrita dessa nota no IDEB.

    A variedade de métodos dominados e recursos usados pelo professor fazem toda a diferença na aprendizagem. Isso deve fazer parte do planejamento, do famoso plano de aula (muitos nem fazem). Eu me formei professora faz 40 anos. Os métodos são outros, os alunos são outros, o conhecimento científico é outro, o mundo é outro. Só a escola teima em não se atualizar. E acreditem, até hoje não parei de estudar!

    Também não pretendo comentar que temos uma escola de informática na cidade vinculada ao LNCC. Parcerias são sempre muito bem-vindas em Educação. Só pintar parede não basta! Reformas são necessárias, porém com planejamento e manutenção o custo é bem menor e o dinheiro pode ser investido naquilo que a sociedade mais espera: alunos bem formados.

    A base da casa é a fundação; ninguém ergue uma casa começando pelo telhado! A base de uma sociedade é a Educação que ela oferece aos seus filhos. Para quem não acredita nisso, os resultados estão aí! Não dá para fechar os olhos e tapar os ouvidos, ainda não falei nem a metade! Precisamos conversar muito sobre Educação!

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