• Por que cardeal sueco é favorável à lei sobre ‘ecocídio’ e está cotado para ser o novo papa

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  • 07/maio 21:08
    Por Juliana Domingos de Lima / Estadão

    Visto pelo papa Francisco como um “modelo de liderança”, o bispo de Estocolmo, Anders Arborelius, esteve à frente de um crescimento improvável do catolicismo na Suécia. Assim, ele é um dos cardeais com chance de ser escolhido no conclave iniciado nesta quarta-feira, 7.

    Arborelius, de 75 anos, foi nomeado por Francisco em 2017 como o primeiro cardeal da Escandinávia e da Suécia, país de forte tradição secular, com altas taxas de ateísmo e maioria protestante entre as religiões.

    O crescimento da igreja em seu bispado se deve principalmente à chegada de imigrantes praticantes da fé católica, o que exigiu o empréstimo e até a compra de algumas igrejas luteranas no país para acomodar novos fiéis.

    Assim como o último papa, Arborelius costuma adotar uma postura de defesa dos direitos dos imigrantes, apontando o multiculturalismo crescente do país escandinavo.

    Em entrevista ao jornal especializado norte-americano The National Catholic Register, ele afirmou que o caráter plural da Igreja Católica sueca e a “mensagem universal” do Evangelho mostram como diferentes nacionalidades podem conviver.

    Outro ponto convergente do bispo de Estocolmo em relação a Francisco é a preocupação com a pauta ambiental. Seu interesse pelo tema vem desde a década de 1970, e ele já defendeu tornar crime internacional a destruição em larga escala do meio ambiente, chamada de “ecocídio”.

    Ele implementou ainda a restrição decretada pelo papa argentino à missa em latim, e diz não entender por que algumas pessoas desejam esse tipo de celebração, segundo o site especializado The College of Cardinals Report.

    Santa Teresinha inspirou conversão

    Arborelius nasceu na Suíça, mas cresceu na Suécia, país de origem de sua família. Foi luterano nominal até a adolescência, quando passou a se aproximar do catolicismo.

    Na juventude, a busca pela espiritualidade o levou à tradição da Ordem Carmelita, voltada à oração e à vida interior.

    Impactado pela leitura da autobiografia de Teresa de Lisieux, a Santa Teresinha do Menino Jesus, converteu-se ao catolicismo aos 20 anos e decidiu se juntar à Ordem dos Carmelitas Descalços. Foi ordenado padre dez anos mais tarde, em 1979.

    O cardeal estudou teologia e filosofia em Bruges e Roma, onde se formou na Pontifícia Faculdade Teológica Teresianum, e obteve um mestrado em línguas modernas pela Universidade de Lund.

    No trato pessoal, ele é descrito como afável e aberto ao diálogo. “É quase impossível encontrar alguém que desgoste de Arborelius”, afirma o jornal especializado Crux.

    O sueco é membro de vários dicastérios do Vaticano: para o Clero, Bispos, Igrejas Orientais, Promoção da Unidade Cristã e o Conselho para a Economia.

    Um novo progressista?

    Apesar do perfil semelhante a Francisco, tido como progressista, Arborelius se opõe a rótulos que levem à politização da Igreja Católica, considerada por ele como algo “muito perigoso”, conforme o The College of Cardinals Report.

    Ele também é apontado como mais conservador ou menos claro em suas posições sobre outros temas, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

    Para especialistas consultados pelo Estadão, é provável que o novo papa tenha um perfil mais moderado, mas não oposto ao de Francisco.

    O cardeal arcebispo de São Paulo dom Odilo Scherer tem afirmado que o sucessor terá um perfil distinto. “O próximo papa não será uma xerox do papa Francisco”, disse no último domingo, 4, no Vaticano. O cardeal brasileiro é um dos eleitores deste conclave e, no passado, já foi cotado para ser papa.

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