• Por caminhos diferentes, Santos e Palmeiras encontram soluções na base

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  • 28/01/2021 19:00
    Por Ciro Campos e João Prata / Estadão

    Santos e Palmeiras chegaram à decisão da Libertadores apostando na mescla entre jogadores da base e peças-chave com mais experiência. Mas a maneira como encontraram a formação ideal foi bem diferente. O time alvinegro enfrentava crise financeira e estava proibido pela Fifa de contratar jogadores. A equipe alviverde optou por evitar apostar em reforços milionários e, mesmo com dinheiro em caixa, preferiu dar oportunidade aos mais jovens.

    O Palmeiras também fez apostas que deram certo. Encontrou, por exemplo, o atual capitão do time, Gustavo Gómez, quase esquecido na reserva do Milan em meados de 2018. O paraguaio só havia atuado por dez minutos na temporada anterior na Itália e estava no radar de Boca Juniors e Flamengo. A negociação com o time alviverde foi complicada. O zagueiro aceitou vir ao clube brasileiro após conversas com o então diretor de futebol, Alexandre Mattos, e o atacante Lucas Barrios, que teve participação decisiva no convencimento do atleta.

    Em julho de 2019, um outro titular deste elenco da Libertadores chegou ao clube. O atacante Luiz Adriano quis deixar o Spartak Moscou, da Rússia, e voltar ao futebol brasileiro após 13 anos no exterior. Mattos conduziu a negociação com o empresário do jogador, Gilmar Veloz. Ainda restavam dois anos de contrato. A decisão de contratar Luiz Adriano foi para repor as futuras saídas de Borja e Deyverson.

    Rony chegou ao clube só em 2020, mas a aproximação dele com o Palmeiras teve início dois anos antes. O jogador esteve na Academia de Futebol e até fez exames médicos no começo de 2018, porém detalhes impediram a contratação. O clube continuou a monitorar a situação do atleta e no início desta temporada fechou a compra por R$ 28 milhões.

    Somaram a eles a base de um elenco de garotos que venceu quase tudo que disputou na base. Trabalho de sucesso graças ao garimpo da comissão técnica que encontrou, por exemplo, o meio-campista Danilo, em 2018, no Cajazeiras, na segunda divisão da Bahia, e o volante Patrick de Paula, na Taça das Favelas.

    Wesley Carvalho, técnico do sub-20 do Palmeiras, revelou que o clube tem sete observadores que acompanham as competições de base pelo País e também conta com ajuda de parceiros no exterior. E lembra que todos tem a experiência de serem protagonistas em conquistas da base.

    “A expectativa (de vê-los ser protagonistas no profissional) era grande pelo fato de os mesmos já terem passado por esse processo numa categoria menor, nas disputas do Brasileiro Sub-20 (campeões em 2018 e vice-campeões em 2019), Paulista Sub-20 (tricampeões) e Copa do Brasil Sub-20 (campeões) e terem assumido o protagonismo na categoria como está acontecendo agora.”

    CUCA TRANSFORMA O SANTOS – O Santos, no ano passado, ficou impedido pela Fifa de contratar jogadores, passou por impeachment do presidente, foi eliminado precocemente do Paulistão e até hoje deve salários para o elenco. Dentro de campo, superou todas as adversidades, apostou em um técnico experiente e chegou à decisão da Libertadores, mais uma vez, com ajuda fundamental dos “Meninos da Vila”.

    Quando assumiu, em agosto, Cuca disse que só o trabalho poderia salvar o time e repetiu, em diversas entrevistas, a frase clichê de fazer do elenco uma família. Em seis meses, contou com a excelente fase de Marinho e Soteldo, além do capitão Alison, que souberam dar tranquilidade aos mais novos.

    Ao SporTV, Cuca chegou a “agradecer” a punição da Fifa, pois por causa disso descobriu garotos da base. “Poderia não ter acertado em algumas contratações e os nossos jogadores não terem a mesma resposta desses meninos”, opinou.

    O time profissional tem oito jogadores de até 21 anos: o atacante Marcos Leonardo (17), o zagueiro Derick e o meia Ivonei (18); o atacante Kaio Jorge e o meia Lucas Lourenço (19); os zagueiros Alex Nascimento e Wagner Leonardo (20) e o atacante Taílson (21). Em recente entrevista ao Estadão, Cuca comentou sobre o fato de a ausência de público nos estádios facilitar a promoção desses atletas.

    “São coisas que não tem como a gente medir, não dá para saber. É difícil falar, mas eles têm uma menor pressão. Se um jovem perder um gol e a torcida reclamar, não sei como ele reagiria, Teria que ter uma parâmetro sem torcida e depois com torcida.”

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