• Polo de móveis gera 750 empregos e tem faturamento de R$ 2 milhões/mês

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  • 17/07/2016 09:00

    O setor moveleiro em Petrópolis movimenta cerca de R$ 2 milhões por mês, segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Já dados do Sindicato das Indústrias de Marcenaria, Móveis de Madeira, Serrarias, Carpintarias e Tanoarias de Petrópolis (Sindmarcenaria), mostram que a cidade tem, no total, cerca de 70 empresas do setor formalizadas. Só no Bingen, onde funciona o polo das empresas que trabalham na área de mobiliário, existem 30 lojas. Ao todo, elas oferecem  750 empregos diretos, junto com as marcenarias, que atuam no município. Apesar de o momento econômico que o país enfrenta ser de recessão, dados da Firjan mostram que o setor é promissor, observando que o Rio de Janeiro é o segundo maior polo consumidor de móveis no país. 

    Na última terça-feira, o especialista da Firjan, Hugo Gripa, trouxe algumas novidades da área para os empresários que atuam em Petrópolis, durante o evento Giro Móveis. Na ocasião, abordou tendências, inovações tecnológicas e mudanças de comportamento do consumidor. O especialista e alguns empresários da cidade estiveram este ano em Milão, na Itália, visitando lojas e fábricas do polo moveleiro daquele país, que é considerado como o segundo maior da Europa, perdendo espaço apenas para a Alemanha, que hoje ocupa a primeira posição nesse ranking. Segundo Hugo, durante a viagem foi possível perceber a forma com que a Itália está se posicionando no mercado global de mobiliário e esse conhecimento foi trazido para os empresários de Petrópolis. 

    De acordo com Hugo, existe similaridade entre o que é produzido no Rio e no país europeu. “Pudemos verificar semelhanças de produto e de modelo de negócios. Na Itália também existe a tradição de trabalhar com marcenaria, uma característica que é forte em Petrópolis, onde há um histórico cultural nesse sentido. A Cidade Imperial tem tradição de trabalhar com a madeira”, destacou, lembrando também que a indústria moveleira formal no Brasil teve início no município quando a antiga fábrica Gelli produzia móveis em grande escala. A empresa foi a primeira do setor a ter um CNPJ no país, na última década do século 19. 

    A grande lição da viagem, segundo ele, foi que as empresas se preocupam mais em criar um planejamento estratégico bem definido. “Elas estão pensando mais no usuário do que no produto por exemplo. Há ainda um exercício constante de projetar e planejar o negócio primeiro”, comentou, acrescentando que, em Petrópolis, ainda há um pensamento mais voltado para o produto. “Será que se as empresas pensarem mais no cliente, não vão vender mais?”, questionou. Ele acredita ainda que essa é uma das quebras de paradigma da cultura empresarial e que, de fato, vai levar um tempo até ser adotada globalmente.

    Outra grande revolução da área é com relação ao conceito chamado Internet das coisas. “É um caminho sem volta e nós estamos caminhando para ele”, comentou. Isso significa a inteligência artificial em um móvel, produto, equipamento. “É a união tecnológica com automação, impressão 3D, digitalização. É a tecnologia embarcada nos produtos, fazendo com que fiquem cada vez mais multifuncionais e inteligentes”. 

    Hugo acredita ainda que Petrópolis está passando por um período de transição do processo manual para o de industrialização. “Temos visto o início de uma transformação dos ambientes fabris, que tendem a ficar mais tecnológicos. As empresas começaram a investir em maquinário mais atual, que permite produzir melhor, com mais inteligência e menos desperdício”, disse. Nesse sentido, existe uma substituição natural inclusive da matéria-prima utilizada – a troca da madeira maciça, pela placa de MDF. “Trabalhar com madeira se tornou insustentável por conta de custo”, afirmou. 


    Novo perfil do cliente 

    O mundo inteiro passa por um processo de transformação e a forma de produzir, vender e consumir móveis também. Segundo o especialista, os consumidores da atualidade buscam, entre outras coisas, produtos onde possam imprimir suas personalidades. Além disso, destaca a Era dos Móveis Multifuncionais, ou seja, que possuem várias funções ao mesmo tempo. “Temos um novo perfil de consumidor e os móveis precisam atendê-los”, disse. 

    Uma das novas tendências que faz com que exista a necessidade desse tipo de objeto, são os espaços reduzidos dos imóveis. “Os ambientes diminuíram e agora acumulam funções. Um quarto pode ser dormitório, home-office, sala de jantar, ao mesmo tempo. E, para caber tudo, é preciso investir em um mobiliário mais inteligente”. 

    Ele lembrou ainda que existe uma tendência de consumo mundial, que tem feito com que as pessoas acumulem menos coisas. “Há pouquíssimo tempo, guardávamos CDs, livros, muitas roupas. Isso acabou, não existe mais! Hoje, temos todas essas coisas no laptop, pendrive ou até mesmo no celular”, afirmou, ressaltando que o setor de móveis precisa estar atento a esse novo comportamento. 

    Entre os móveis multifuncionais, Hugo citou camas de casal que viram armários, bancadas de trabalho que, na verdade, são camas; aparadores que se transformam em mesas de jantar. E ele disse que toda a indústria acompanha as mudanças. “Esses produtos precisam abrir e dobrar com mais facilidade, alguns deles possuem até acionamento eletrônico”, destacou. 

    A busca por produtos personalizados também vem crescendo nos últimos 4 anos. “O cliente precisa sentir que marcou a identidade dele no móvel. Ele não quer um produto seriado, mas que tenha diferencial. E esse é um movimento mundial de consumo”. Outra tendência é a mistura das cores em ambientes, que antes eram sóbrios, característica que vem sendo fortalecida pelos designs de interiores.

    Um dos precursores na criação do polo moveleiro, Aracy Carvalho disse que quando começou a investir na região, há 40 anos, havia poucas lojas. Atualmente, ele contou que trabalha para driblar o momento de recessão que o país enfrenta e afirmou: “Estamos superando a crise”.




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