• Política e dignidade

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  • 16/05/2018 12:40

    O convívio com a política perdura desde o início da história da humanidade e dificilmente conseguiremos nos organizar sem ela. Depois do jantar e de uma passagem pelos telejornais, rezamos e nos recolhemos. Durante o café da manhã ela está a nos acompanhar. Quando se leva a criança ao colégio ou se dirige ao médico para as consultas de rotina ela está conosco.

     Se o tema é moradia, educação, emprego, salário, vestuário, preço dos alimentos e eletrodomésticos a política está inserida. Há dias numa das luminosas alocuções do Papa Francisco ele falava que a política é “um canal para a caridade” porque através dela se exercida com seriedade, com certeza, se erradica a miséria, a fome, a desigualdade social e a corrupção. Aristóteles, Platão e Sócrates (469 a.C) já delineavam a forma social, antropológica e política da coletividade.

     Está comprovado que ela não é enfadonha e nem obsoleta, mas sim, talvez o modelo que ela adota que muita das vezes vai à contramão da democracia que desde os tempos de faculdade aprendemos e aqui a definimos em linguajar perfunctório de que “é o governo do povo, para o povo e pelo bem do povo.” 

    Pena que por deficiência de sua aplicação muitos são privilegiados, sobretudo a classe favorecida e, a grande maioria relegada aos becos e sarjetas sem piedade. Fala-se em inclusão social… A Mãe de Deus ao proclamar o “Magnificat” – Lc, Cap. 1, Vers. 52-53 – nos diz da “…deposição dos poderosos de seus tronos e da exaltação dos humildes. Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias…” Por isso Ele, o Salvador da Humanidade foi crucificado. À época anunciar o reino de Deus em pleno reinado de Cesar era para eles uma ousadia, por isso, optaram a que libertassem Barrabás e mataram Jesus para eles traidor e baderneiro. Diversos luminares há milênios primaram pela política e ética em suas ações.

     Buda enxergou o sofrimento nas faces esmaecidas de seu povo e com ele sofreu e indignou-se. Santo Tomás de Aquino primava pelo bem comum, em especial, “a lei natural, a preservação da vida, educação e o desejo da verdade.” Por isso mesmo precisamos cautela e bom senso. Ela não pode ser entregue em falsas mãos daquele que não consegue enxergar outra coisa senão o que lhe interessa. A ação e a omissão também são formas de fazer política só que fechar os olhos ou cruzar os braços podem custar graves consequências. 

    O que mais se ouve pela televisão nos quadrantes pátrios é o conhecido chavão “Qual é o Brasil que eu quero?” Clama por justiça e igualdade. Estamos vivendo um ano de eleição e o voto é a nossa arma principal. Cremos que em virtude das punições nas diversas áreas se reprima de certa forma essa violência ética e moral que assola o país, no entanto, uma grande camada ainda se deixará levar pela falácia do poder econômico a induzir a eleger oportunistas porque se detecta a doença num órgão, mas, a metástase proliferou e tomou conta da Pátria. 

    Política se exercida com dignidade e princípios morais é bela, mas, se não observa os princípios constitucionais de que “Todos são iguais perante a Lei” de nada adianta. Jesus Cristo ao nos ensinar o “Pai Nosso” pediu ao pai que “o Vosso reino viesse até nós”, “que não nos faltasse o pão nosso de cada dia” e que “não nos deixasse cair em tentação e nos livrasse do mal”. Deixou claro o desejo de igualdade entre os povos a que desfrutássemos da plenitude da “vida e em abundância” porque “Deus é amor” (João10,10 e 4,7).


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