• Polícia de Petrópolis trabalha mesmo com a falta de recursos

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  • 27/06/2016 18:15

    Policiais Civis de várias delegacias do estado do Rio de Janeiro fizeram ontem uma paralisação para reivindicar melhorias nas péssimas condições de trabalho da classe. O movimento contou com a adesão de vários delegados e agentes de unidades policiais do Estado, que cruzaram os braços das 8h às 16h. 

    Em Petrópolis, apesar das condições precárias e da ausência quase que total de recursos na 105ª Delegacia do Retiro (105ªDP), os agentes preferiram não aderir à paralisação. Para o delegado titular da unidade, Alexandre Ziehe, cruzar os braços nas atuais circunstâncias, mesmo que por algumas horas, iria certamente agravar a situação. “Apesar de achar legítimo, eu preferi não participar desse movimento porque o cidadão que vem aqui muitas vezes já não tem o dinheiro nem para voltar para casa. Ele vem procurando uma emergência e nós não podemos ignorá-lo. Embora eu reconheça toda essa luta dos meus colegas de profissão, nós, da 105ªDP, não aderimos para não prejudicar ainda mais nossa população que sofre com carência de serviços essenciais”, explicou.

    A 105ª Delegacia do Retiro atende a centenas de pessoas diariamente e não interrompeu serviços de investigações. Mas o fato dos policiais não aderirem à paralisação não significa que o serviço esteja sendo feito dentro das condições necessárias. Isso porque está faltando até comida no local. “Os salários estão atrasados, estamos sem alimento para os presos, sem fornecimentos terceirizados, está faltando quase tudo”, disse. Está faltando até tinta e papel nas impressoras para emitir os boletins de ocorrência. “Além de tudo isso, não temos verba para manutenção dos computadores, dos nossos sistemas, do banco de dados da polícia e a situação se torna mais grave a cada dia”, desabafou Alexandre. A crise está tão grave que até o combustível das viaturas está sendo racionado. “Estamos totalmente sem verbas”, concluiu o delegado.

    Apesar das péssimas condições de trabalho dos policiais da unidade do Retiro, na 106ª Delegacia de Itaipava a situação é diferente. Segundo o inspetor Richard Espíndola, no local não há ausência de recursos. “Aqui não está faltando nada, ainda bem que está tudo funcionando. Inclusive demos apoio até a outras delegacias, porque conseguimos manter os recursos”, disse. Quanto ao movimento de paralisação, Richard disse que a unidade não foi afetada. “Não tem greve. Todos estão sendo atendidos normalmente”, completou. 

    Além da falta de recursos, os salários dos policiais também não foram pagos integralmente. Um comunicado emitido pelo Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindelpol-RJ) foi feito para ser distribuído nas delegacias do estado e explicar à população os motivos da paralisação. Vários agentes da capital seguraram faixas e cartazes, inclusive no Aeroporto do Galeão. Numa das placas estava escrito: "Bem-vindos ao inferno", dizendo que sem bombeiros e sem polícia a população ficará sem segurança.

    A Polícia Civil divulgou nota dizendo que entende as reivindicações dos policiais, consideradas justas e motivadas em razão das dificuldades da categoria, e informou que os delegados avaliariam as ocorrências nas delegacias para encaminhar as mais urgentes durante a paralisação. “A Chefia de Polícia está avaliando com os diretores gerais a adesão do movimento, já tendo combinado com esses que o delegado titular da respectiva unidade avaliará a complexidade de ocorrências apresentadas e tomará as providências para o registro e demais medidas legais necessárias ao encarceramento de criminosos presos em flagrante”, diz a nota.

    A população também pode fazer ocorrências pela internet, no endereço https://dedic.pcivil.rj.gov.br, bem como pela Central de Atendimento ao Cidadão (CAC) pelos telefones (21) 2334-8823, (21) 2334-8835 e pelo chat https://cacpcerj.pcivil.rj.gov. 

    PM opera normalmente

    Apesar de alguns boatos sobre possíveis paralisações da corporação da Polícia Militar, o 26º Batalhão de Petrópolis funciona normalmente. Há preocupação por parte da população, principalmente com a segurança pública, já que neste período de crise aumenta também a violência. 

    Algumas unidades do estado já enfrentam sérios problemas com recursos básicos, mas o 26ºBPM ainda consegue operar normalmente. "A falta de recursos é geral. Estamos com dificuldade de conseguir repasse do estado para a corporação, que, por sua vez, está conseguindo administrar tudo dentro das suas necessidades. A crise afeta todo mundo, em todas as OPMS – Organizações Policiais Militares. Uma ou outra consegue administrar um pouco melhor do que as outras e acredito que a nossa esteja nessa lista", disse o tenente-coronel Castelano.

    O comandante confirmou que a corporação está “apertada” financeiramente, mas disse que o Batalhão ainda consegue manter os serviços. "Estamos no aperto, mas ainda estamos conseguindo administrar. Não tivemos necessidade de parar o expediente, fazer um meio expediente ou então trabalhar um dia sim e dia não para que o policial não almoce aqui. Temos dificuldades sim, mas continuamos trabalhando e dando nosso jeito", completou o tenente-coronel.

    O 26º Batalhão avisa ainda que não há nenhuma informação sobre a possibilidade de algum tipo de greve ou paralisação por parte da corporação.


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