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  • 14/04/2021 08:00
    Por Fernando Costa

    Esse deplorável período da pandemia tem sido para mim e incontáveis semelhantes um aprendizado diário porque nos chama à preservação da vida, o olhar por nós em prol do bem comum e valores que passam despercebidos por causa das lides diárias. Nada melhor que a liberdade, o exercício da cidadania, o ir e vir, mas, convenhamos, exageros à parte, porém, não se podem negar as centenas e milhares de mortes e infecções a ceifarem inúmeras vidas.

    Justificam-se as festas e aglomerações?  É difícil compreender que a máscara, o álcool e a higiene são importantes?  Por que relutam em fazer uso desses elementos?

    Depois de um ano em clausura estou a passear de automóvel e a admirar a orla marítima  e me surpreendo com as praias lotadas. Causa perplexidade pela  coragem e a ousadia de dezenas e centenas que preferem a exposição ao risco de morte prematura.

    O Livro do Eclesiastes 3.1 prescreve que “Existe um tempo certo para cada coisa, momento oportuno para cada propósito debaixo do Sol: Tempo de nascer, tempo de morrer; tempo de plantartempo de colher.” Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: Tempos de bonança trazem felicidade”. 

    Por isso, prefiro aguardar. As vacinas estão aí. Os hospitais abarrotados. Os grupos de risco sabem que as UTI’s estão escassas e o oxigênio também.

    Vez por outra, da varanda recebo os eflúvios solares, presente Divino e, cumpro a recitação do Sagrado Terço e da Liturgia Diária. Concomitantemente, ao invés do burburinho, sigo a mesma rotina ao regressar à Petrópolis. Aproveito esse tempo a estudar e a pesquisar.

    Hoje, por exemplo, estou a reler a obra  “Pequeno Dicionário da arte poética” da lavra do professor Geir Campos, Editora Conquista, 1960 e, à página 158 deparo ante as considerações à poesia pura.

    “Ela surgiu em oposição aos valores retóricos e oratórios do Romantismo através dos adeptos da poesia pura.” Nesse período o grupo proclamou o primado da música na composição poética “relegando em segundo ou ultra plano o elemento lógico, a ideia enfim.”

    Nesse mesmo fio condutor A.C. Bradley em seu estudo Poetry for Poetry’s Sake “o grau de pureza de um poema há de ser avaliado na medida em que se torna impossível obter o mesmo efeito poético através de qualquer outra forma verbal que não seja exatamente dele”, assim, a identidade entre a forma e quando só se encontra quando a poesia corresponde à ideia, mesma realização poética pura ou quase pura.”

    Neste diapasão o Abade Henri Brèmonde enfatiza que a poesia se aproxima a da prece mística. E em sua obra “La poèsie Pure” ele reafirma que poesia pura é inestimável porque tem o poder de transformar o prosaico, quer pensamentos, imagens ou sensações.

    Deparo ante as reflexões de Robert de Souza em “Um Dèbat sur la Poèsie” dividiu o pensamento do Abade Henri conforme síntese a seguir: poema e sua característica essencial – realidade unificadora e misteriosa.

    A leitura atenta ao poema faz captar o sentido de encantamento obscuro e independente em cada palavra. A poesia não se resume em um discurso prosaico, pois, ela possui uma forma de expressão que ultrapassa a forma comum da prosa. A poesia transmite a natureza íntima da alma. É uma espécie de música. É a encantação que proporciona a comunicação inconsistente do estado da alma. E arremata dizendo que “a poesia é uma espécie de magia mística semelhante ao estado de oração.”

    Explicar, discorrer, descrever, responder ou definir por mais eruditos, sábios e renomados todos chegam a uma conclusão: a vida é um belo poema, uma prosa, uma trova ou poesia moderna ou clássica em suas várias escolas literárias cujos elementos esperança, fé, paz e alegria devem ser o mote a conjugação do verbo amar.

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