PM suspeito de assassinato é absolvido
O policial petropolitano que chegou a ser acusado de matar a tiros um homem de 39 anos no bairro Alto Independência foi absolvido pelo Tribunal do Júri, na última quinta-feira (24), no Rio de Janeiro. Farias, que é segundo sargento do 26º Batalhão do Quitandinha, e sua esposa, Renata dos Santos, foram declarados inocentes por cinco votos a dois, depois de quase 14 horas de julgamento.
O Tribunal começou por volta de 13h. A sessão plenária foi presidida pelo juiz titular de Direito Alexandre Abrahão Dias Teixeira e contou com depoimentos de policiais civis e até do delegado titular da 105ª Delegacia do Retiro, que estava à frente das investigações.
De um lado havia a acusação, liderada pelo promotor de Justiça Marcos Kac, com alto índice de vitórias e sucesso nos tribunais, e do outro lado o advogado criminalista J. Rodrigues, especialista em Tribunal do Júri. O conselho do julgamento foi composto por sete pessoas, sendo quatro mulheres e três homens.
No Tribunal foram apresentados como possíveis indícios a declaração de uma testemunha ocular e de uma enteada do policial. No entanto, eles não convenceram o Júri, pois a testemunha não sabia se havia participação de uma mulher no crime e diz ter visto os autores encapuzados a 300 metros de distância. “Não havia provas. Consegui convencer cinco jurados por falta de provas com relação à autoria do crime. Não existia possibilidade de colocar os dois na cena do crime, porque uma testemunha ocular não foi capaz de distinguir que tinha uma mulher. Ela então já estava facilmente absolvida. (falando da Renata)”, disse J. Rodrigues.
Com relação ao sargento, o advogado disse que também não havia indícios que pudessem o relacionar com o crime. “Não tinha prova nenhuma, a não ser uma declaração de sua enteada, de que ele tinha matado o homem. Mas isso foi mostrado e provado que foi um problema de família, um desentendimento. Era muito mais um conflito familiar do que de fato a realidade de um crime. Até porque nessa época a enteada morava no Méier”, explicou Rodrigues.
Entenda o caso
O caso que envolvia o sargento da PM e sua esposa, Renata dos Santos, aconteceu em novembro de 2012, quando Paulo Sales Silvestre, de 39 anos, foi assassinado a tiros depois de uma confusão, na Rua Cacilda Becker, onde morava. Ele trabalhava em alguns eventos e estabelecimentos como segurança e, de acordo com a Polícia Civil, na época ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas, o que teria ocasionado um desentendimento entre ele e a mulher do policial. De acordo com as investigações, com base no depoimento da filha da suspeita, a acusada teria exigido que o companheiro, que atuava como PM, assassinasse a vítima. Depois disso, a prisão de Farias e de sua esposa foi então decretada pela Vara Criminal de Petrópolis.
O julgamento foi adiado, pelo menos, duas vezes e finalmente aconteceu ontem. Com a absolvição, a soltura dos acusados estava prevista para acontecer ainda ontem. Renata cumpre pena no Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, e seu marido no Batalhão Especial Penal de Niterói. Além de ser absolvido, Farias está também apto a voltar a exercer sua profissão, porque foi liberado pelo Conselho de Disciplina da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ).
O pai da vítima, Paulo Silvestre, de 67 anos, tentava se conformar com a sentença. “Ninguém esteve lá falando a favor do meu filho. Eles tinham advogado, tinham tudo. Estou muito chateado. O futuro quem vai dizer é o nosso Deus! Se realmente foram eles que mataram meu filho, eles vão pagar. E se não foram, quem foi vai pagar, porque assim como o sargento tinha boa conduta, o Paulo também tinha. Só no final de sua vida que ele estava um pouco desviado. Trabalhou em grandes empresas por mais de 15 anos”, completou o pai.