• PM que baleou jornalista no RJ deu duas versões e diz ter visto gesto parecido com uso de arma

  • 26/fev 09:48
    Por Rodrigo Sampaio / Estadão

    Carlos Alberto de Jesus, policial militar reformado de 61 anos que baleou o jornalista Igor Melo, responsável pelo blog “Informe Botafogo”, especializado na cobertura da equipe carioca, deu duas versões sobre o incidente. Todos os envolvidos estão sendo convocados, novamente, para prestar depoimentos. O caso aconteceu na segunda-feira, na Penha, bairro da zona norte do Rio de Janeiro.

    Estudante de publicidade e propaganda da faculdade Celso Lisboa, Igor, de 31 anos, foi alvo dos disparos enquanto deixava a boate que trabalha como garçom para complementar a renda em uma moto de serviço por aplicativo. Tanto o jornalista quanto Thiago Marques Gonçalves, condutor da motocicleta, teriam sido confundidos com bandidos após a mulher do policial da reserva alegar ter tido o celular roubado.

    Segundo informações da Polícia Civil, Carlos Alberto de Jesus informou inicialmente ter visto um dos ocupantes portando uma arma de fogo. Na segunda oitiva, o PM mudou de versão e disse que viu apenas movimentos que supunham o porte da arma. As autoridades analisam imagens das câmeras de segurança, e outros elementos, para esclarecer os fatos. O inquérito tem até 30 dias para ser finalizado.

    Na tarde desta terça-feira, a Justiça do Rio de Janeiro determinou o fim da custódia de Igor Melo, que continua internado no Hospital Getúlio Vargas, com quadro de saúde estável, e mandou soltar Thiago Marques Gonçalves, que estava detido na Cadeia de Custódia de Benfica, por falta de provas. Apesar de admitir os disparos, o PM reformado não foi preso em flagrante.

    Igor, que tem um filho de apenas dois anos, perdeu um rim devido ao ataque sofrido. Ele também sofreu danos no estômago e no intestino. O Botafogo se manifestou nas redes sociais em defesa de Igor e pediu “justiça e elucidação dos fatos”, destacando que o jornalista “participou de inúmeros atendimentos à imprensa realizados pelo clube e atuou sempre com profissionalismo e respeito com atletas, funcionários e colegas de profissão.”

    A Associação de Cronistas Esportivos do Rio Janeiro (Acerj) classificou o incidente como “uma ação brutal, inconsequente, e que mais uma vez desvela o grave racismo estrutural que acomete a nossa sociedade”.

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