Plebiscito equino
Fui dar umas voltas. Bem longe. Andei por Portugal, Inglaterra, França, Suiça e Itália. Um programa e tanto e não foi de índio, não! Cultural e de entrenimento, sim senhor! Com licença, que mereço. Eu, mais minha esposa Shirley, minha filha Janine e meu genro Ronaldo.
Em Portugal caimos na cidade do Porto, berço de meus ancestrais pelo lado paterno, onde eu fui completar dados precisos e documentais sobre meu trisavo e o que veio após ele criar a família numerosa, como fez. Mergulhei no passado em passadas emocionadas pelas ruas da Ribeira, onde todos nasceram, viveram e alguns por lá ficaram, o que não foi o caso de meu bisavô que se mandou para o Brasil e, por aqui, fez história.
Em seguida voei para Londres, Paris, Zurich e, finalmente, Roma. Mas regressei porque sou minhoca da serra e no intuito de registrar o que vi, senti e vivi por lá, eis-me de volta.
Um lampejo sério e bem medido me fez muito bem: a ideia de reformular algumas ações para completar bem e útil este meu ciclo de permanência datada neste complicado globo terrestre.
Pensamento e ação, que começa por este texto e pode ser traduzido em poucas palavras: o abandono de fixações antigas e assunção de novos projetos em favor de meu chão.
Claro que o teatro continua no sangue, a poesia pode aparecer em momentos de inspiração, estudos de nossa história assumirão papel relevante. Deixarei em arquivo coisas de mais tempo, como o colecionismo de bens que foram encanto meu e que não mais podem ocupar horários de minha vida que se comprime, a cada dia, no espremido do imponderável.
Assim, mãos à obra e coragem firme para esquecer as crônicas de críticas políticas ou as charges de mesmo teor, por haver compreendido que do jeito que está a politica e os políticos tupiniquins, não devo perder mais tempo com tanta maluquice e descaráter.
Escreverei, doravante, crônicas em favor de minha cidade, sem críticas contundentes, preferindo sugerir, apontar, indicar rumos, diante do peso da imensa experiência que carrego nos ombros que já se curvam.
Ah! E, como sempre, estarei à disposição de meus mais leais amigos para continuar trocando saberes e experiências, no cumprimento perfeito do nosso lema heráldico que enfatiza a busca do mais elevado.
Afinal, lá no velho muito novo mundo europeu vi, em Roma, no dia consagrado à Páscoa, milhares e milhares de turistas e residentes, andando pelo Vaticano e subindo e descendo ruínas da antiga civilização, em meio a vitórias puxadas por cavalos, em plena harmonia. Vi bondes de tração elétrica, rangendo pelas avenidas e estreitas ruelas e toda a fiação da gigantesca cidade embutida. Viajei em trens urbanos e de trajetos internacionais com conforto, rapidez…
E ai? O turismo lá é a grande indústria e eles sabem como fazê-lo funcionar para gerar e gerir riquezas.
A vesguice por lá já foi corrigida com colírios adequados, muita competência e saber lúcido, enquanto por aqui portamos antolhos de moldes equinos e trotamos pelas ruas em cavalos vesgos, apontados por alguns legisladores como culpados das mazelas a eles impostas pelos humanos, sob ameaça de extinção via plebiscito de um maravilhoso fazer turístico.. Incrível incoerência porque se os humanos não sabem votar calculem todos se abrirem o direito ao voto para os cavalos!? Afinal, o plebiscito atinge diretamente a categoria…
Parando. Falarei mais, em edições futuras de nossa Tribuna de Petrópolis