Plataforma Tiendamia quer ajudar consumidor brasileiro a comprar nos EUA
Com o brasileiro impedido de fazer viagens internacionais por causa da pandemia de covid-19, o marketplace Tiendamia quer colocar os dois pés no mercado brasileiro. De olho no crescimento do e-commerce por aqui, a empresa recrutou a executiva Michele Chahin, ex-Accenture, para comandar a operação local com a proposta de conectar o consumidor local com lojas dos Estados Unidos. Hoje, são três companhias americanas conectadas à plataforma – Amazon, eBay e Walmart -, mas a missão é aumentar o número de vendedores já neste ano.
Dentre as vantagens prometidas para fisgar o brasileiro, estão a de entrega rápida, em até 20 dias para capitais, e a possibilidade de parcelamento das compras em até 12 vezes. E a empresa chega em bom momento: a estimativa do mercado é de que as vendas pela internet entre fronteiras (“cross-border”) continue a se acelerar no País. Hoje, elas já respondem por 20% das compras online feitas por consumidores brasileiros.
A Tiendamia, com sede no Uruguai, diz querer construir uma operação local com uma “cara” brasileira. “A ideia é construir uma marca separada, com o padrão do consumo do País”, afirma Michele, que prevê um crescimento da operação no Brasil de 400% neste ano, sem abrir os números atuais da companhia. Uma das características que a plataforma identificou ser uma necessidade por aqui é o suporte humano para o consumidor, e não apenas via robôs.
Segundo a executiva, além da vantagem da compra ser em real e o valor do dólar ser travado na hora da compra – o que pode ser um alívio em tempos de volatilidade cambial -, outra comodidade é receber todos os produtos adquiridos, mesmo que de lojistas diferentes, em uma mesma embalagem.
Depois de a gigante chinesa Aliexpress ter conseguido fazer fama entre os consumidores brasileiros, Michele acredita o público local já está habituado ao chamado comércio “cross-border”. A Tiendamia está em negociação com operadores de logística para que o prazo de entrega possa ser reduzido, ao menos nas capitais, para em torno de uma semana.
O público que consome em sites estrangeiros no País é variado, segundo a executiva. Há os que compram produtos do dia a dia na plataforma e uma presença de gamers em busca de novidades e também dos aficionados em tecnologia, que buscam novos equipamentos.
Tendências
A decisão de ampliar o foco no Brasil em busca de crescimento ocorreu antes da chegada da pandemia de covid-19, diz Michele Chahin. “O projeto ganhou importância maior com a pandemia. O brasileiro ficou sem viajar por um período mais prolongado do que o restante da América Latina”, afirma ela.
Para facilitar a compra, o cliente pode comprar no modelo “Prime”, com as taxas pré-pagas, ou fazer o pagamento do imposto da Receita Federal quando o produto chegar no Brasil, por meio da plataforma dos Correios. Pedidos de até US$ 50 geralmente não são taxados. O valor da taxa é de 60% sobre a fatura da compra, somado ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para alguns Estados.
O presidente da Sociedade Brasileiro de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, diz que o e-commerce entre fronteiras é atualmente uma tendência observada mundialmente. “O interesse da Tiendamia no Brasil naturalmente vem desse boom do ‘cross-border’. Com o fechamento das fronteiras e o impedimento das pessoas de viaja, esse modelo de comércio cresceu muito e em todo o mundo”, comenta o especialista.
O fundador da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino, aponta que a estimativa é de que quase 50% dos consumidores online no Brasil já compraram de marketplaces como AliExpress, Wish, Shopee e Shein. “Os brasileiros estão se acostumando a esse tipo de compra e já se tornou um hábito”, comenta o especialista.
Segundo ele, o crescimento de venda nesse tipo de comércio deve se concentrar em compras que, juntamente com o frete, se mantenham abaixo dos US$ 50, por conta da isenção de imposto para a importação.