• Plano Diretor de Turismo de Petrópolis – PDT 2023-2030: um depoimento

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  • 08/04/2023 08:00
    Por Gastão Reis

    Na qualidade de ex-presidente e vice do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo de Petrópolis (1993 a 1998) e membro ativo e atual como representante da FIRJAN, me pareceu oportuno tecer alguns comentários sobre o PDT – 2023-2030 para dar esclarecimentos que se fazem necessários. E, também, por ter atuado na área de consultoria no passado, no Rio de Janeiro, época em que adquiri expertise na área de montagem e avaliação de propostas.           

    Nos últimos anos, na administração municipal anterior, na interina e na atual, o COMTUR conviveu com uma trajetória positiva de realizações. O sonho de muitos anos de dispormos do FUMTUR – Fundo Municipal de Turismo acabou se tornando realidade com a abertura de uma conta corrente para receber recursos oriundos de fontes públicas e outras de doadores do setor privado. Seus extratos são apresentados aos Conselheiros na reunião mensal. 

    O COMTUR passou então a ter musculatura financeira para levar adiante projetos diversos. O mais urgente deles era a elaboração do Plano Diretor de Turismo, que já devia ter sido feito e estava com seu cronograma atrasado.  O Conselho recebeu três propostas. Duas delas apresentaram um orçamento de valor mais elevado do que a terceira. Esta, curiosamente, era, sem dúvida, a melhor. E foi aprovada por unanimidade pelo COMTUR.

    A proposta vencedora foi a da FAPUR/UFRRJ – Fundação de Apoio à Pesquisa e Tecnologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O Prof. Dr. Joilson de Assis Cabral foi o coordenador geral de uma equipe formada por um professor doutor, o vice-coordenador, Ronaldo Amado dos Santos, e duas professoras tituladas, uma com doutorado e outra com mestrado. E mais dois assistentes de pesquisa. No levantamento de dados na pesquisa de campo, houve a participação de uma equipe de 24 estagiários. 

    Vale a pena reproduzir o que foi dito Relatório Final: “Por meio de metodologia colaborativa e participativa foi possível: traçar um panorama atual do ecossistema de turismo do município; inventariar os atrativos e produtos turísticos; levantar a quantidade de estabelecimentos e empregos gerados pelo setor; mensurar a importância do turismo para o PIB da cidade; traçar o perfil bem como a quantidade de turistas atual; construir, qualitativamente, o perfil da demanda desejada e, quantitativamente, o perfil da demanda potencial; multiplicador do emprego da atividade; realizar um diagnóstico situacional; e propor objetivos, programas, projetos e estratégias a serem executados pelos poderes executivo, legislativo, além do trade e sociedade civil”.       

    O parágrafo anterior resume bem a proposta.  Os membros do COMTUR perceberam, na época, o alto nível em que os trabalhos de elaboração do PDT iria se dar. A melhor notícia é que as atividades práticas necessárias à montagem efetiva do Plano se deram dentro dos prazos estabelecidos. Cabe salientar a preocupação constante do Prof. Joilson e de sua equipe de ouvir entidades e pessoas ligadas ao turismo em Petrópolis, aquelas que realmente põem a mão na massa e sem as quais nada acontece.   

    Nos meses finais dos trabalhos, foram montados dois seminários, que tomaram o dia inteiro, em 29/11/2022 e 07/12/2022, com a presença de representantes de entidades e atores turísticos, públicos e privados, em que foram aplicadas duas metodologias: a análise SWOT (iniciais em inglês) e o Princípio de Pareto. A primeira diz respeito aos pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças ao ecossistema turístico de Petrópolis na visão dos atores envolvidos. Em seguida, o Princípio de Pareto, ou a regra 80/20, depurou a análise anterior no sentido de que 20% das iniciativas a serem tomadas devem ser aquelas capazes de gerar 80% dos resultados pretendidos. É uma forma de maximizar os recursos sempre escassos, gerando o máximo de resultados. 

    Salta aos olhos de quem teve a oportunidade de participar ou de ler o Re-sumo Executivo ou o trabalho final, que foi obra de profissionais qualificados. A ampla pesquisa de campo com 24 estagiários permitiu à equipe ouvir quem merece nossa atenção especial, nossos clientes, os turistas. E também os fornecedores de serviços que os atendem, bem como de tomar o pulso da informalidade.

    Infelizmente, não tive a oportunidade de participar da reunião na Câmara Municipal, em que algumas críticas foram feitas ao PDT-2023-2030. Tomei conhecimento delas através de terceiros que estiveram presentes. A impressão foi  que, em alguns casos, foram feitas sem o pleno conhecimento do que foi o trabalho realizado. Não me pareceram ter sido feitas de má-fé. Uma delas apenas me pareceu ter tido cunho político. Aproveito para lembrar que houve inúmeras oportunidades de os interessados participarem dos trabalhos do plano, que estava, e está, disponível até em versão para celular (WhatsApp).

    Outras críticas foram na direção de o PDT não contemplar especificamente  

    alguns projetos como a reativação da estrada de ferro, que ligava Petrópolis ao Rio, ou a Rua Teresa, ou ainda dar maior atenção ao desenvolvimento do  turismo, ao invés do foco em eventos. Atrativos que já funcionam, como a Rua Teresa, dependem bem mais de participação e adesão de todos os interessados. A mudança e os avanços são sempre um movimento de dentro para fora. 

    O que não faz sentido, face ao exposto, é aplicar o qualificativo de ruim ao plano. Os membros do próprio COMTUR ao aprovarem uma proposta por unanimidade deixaram claro que ela tinha méritos técnicos e foi capaz de contemplar o que era fundamental para o desenvolvimento do turismo em Petrópolis.

    Caso o(a) leitor(a) tenha qualquer dúvida, basta digitar no Google, entre aspas, o nome do Prof. Joilson de Assis Cabral para ter ideia de sua capacidade profissional e dos inúmeros trabalhos técnicos que já desenvolveu. Entre eles, a matriz de insumo-produto para o governo do estado do Rio e até modelos para criação de secretarias de governo e institutos.             

    Minha avaliação é que o PDT 2023-2030 foi o melhor que a cidade já teve até hoje, sem tirar os méritos de iniciativas anteriores para desenvolver o turismo em Petrópolis.

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