PIB, China e petróleo estimulam alta do Ibovespa no 1º dia do mês, apesar de NY fraca
A primeira sessão de março na Bolsa brasileira é marcada pela divulgação do Produto Interno Bruto (PIB), que fechou o quarto trimestre com estabilidade, igual ao previsto, e encerrou 2023 com alta de 2,9%, inferior à mediana de 3,0% na pesquisa do Projeções Broadcast.
Os dados estimulam ganhos de algumas ações mais sensíveis ao ciclo de juros, no sentido de que reforçam as expectativas de manutenção do corte de meio ponto porcentual da Selic, que está em 11,25% ao ano.
Após reagiram com viés de baixa, os juros futuros passaram a subir moderadamente, seguindo a virada para cima dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, onde os investidores aguardam a dados de atividade e expectativas de inflação. A indicação era de abertura em leve baixa das bolsas americanas, após recordes recentes.
Segundo Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, a Selic no final do ciclo pode ir para a casa dos 8,00%. Isso, segundo ele, ainda não estaria totalmente levado em consideração no preço-alvo do Ibovespa. “A tendência é que o Índice Bovespa se alinhe aos ganhos do S&P 500 nos Estados Unidos. Na quinta-feira, 29, a XP Investimentos Faz Capital, associada à XP, elevou a projeção para o Ibovespa, de 142 mil para 149 mil pontos”, conta, ressaltando, porém, que é preciso acompanhar os sinais sobre a política monetária dos EUA.
Ao mesmo tempo, entram como vetores positivos ao principal indicador da B3 a valorização perto de 2,00% do petróleo, em meio à renovação das tensões no Oriente Médio, e expectativas de novos estímulos à economia chinesa. As ações da Petrobrás avançavam.
Após dados de atividade com resultados divergentes na China, o minério de ferro encerrou o pregão desta sexta-feira em baixa de 1,75% em Dalian. Com isso, os papéis da Vale cedem, ainda refletindo o impasse sobre a permanência ou não do atual CEO no comando da mineradora. Já as ações de outras empresas do ramo metálico sobem.
“Os papéis da Vale entraram num circuito negativo por conta dessa tentativa do governo em querer indicar alguém para a diretoria da empresa, e ainda tem as questões na China, que tem tentando estimular sua economia que ainda não empolga”, avalia Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB ficou estável no quarto trimestre, o que ficou igual à mediana das estimativas, que iam de queda de 0,4% a crescimento de 0,3%. Em 2023, a atividade doméstica cresceu 2,9%, taxa inferior à mediana de 3,00% das projeções.
O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, afirma ver os números com bons olhos, à medida que o crescimento moderado da economia sugere menos pressão inflacionária.
Após a divulgação, o economista André Perfeito disse, em nota, manter sua projeção de crescimento de 2,2% para o PIB em 2024, “na esteira do consumo das famílias, da administração publica em ano eleitoral e do setor externo.”
No governo, a expansão do PIB em 2,9% no ano passado, também ligeiramente abaixo da projeção do Ministério da Fazenda, de 3,0%, foi comemorada.
“O PIB veio bom. O Brasil vem numa sequência de alta, claro, desconsiderando 2020, época da pandemia de covid-19 quando caiu. E a expectativa é de que o PIB deste ano fique maior do que o esperado no boletim Focus, de 1,75%. Pode ficar acima de 2,00%”, estima Pletes, da Faz Capital.
Na quinta, o Ibovespa fechou com queda de 0,87%, aos 129.020,02 pontos, mas encerrou fevereiro com elevação de 0,99%, depois de ceder 4,79% em janeiro.
Às 11h11 desta sexta, subia 0,20%, aos 129.281,33 pontos, após avançar 0,33%, na máxima aos 129.445,39 pontos, depois da mínima aos 129.025,52 pontos, quando teve variação zero.
Petrobras avançava entre 0,77% (PN) e 0,44% (ON), enquanto Vale ON cedia 0,61%. Já Gerdau PN subia 3,675, liderando as altas do setor de metais. Algumas ações mais sensíveis ao ciclo de juros ocupavam o grupo das oito maiores valorizações, caso de Lojas Renner ON, com 2,34%, e Casas Bahasi ON, com 3,43%.
Já MRVE ON puxava a lista das quedas, ao ceder 3,28%. A empresa teve prejuízo líquido consolidado de R$ 104,9 milhões no quarto trimestre de 2023, montante que representa uma perda 68% menor na comparação com o mesmo período de 2022, quando sofreu prejuízo de R$ 333 milhões. O balanço ficou abaixo das estimativas de mercado apuradas pelas Prévias Broadcast.