• PF investiga frigorífico e auditora da Agricultura por crimes sanitários

  • 31/05/2021 14:16
    Por Rayssa Motta / Estadão

    A investigação que levou à deflagração da Operação Inopino nesta segunda-feira, 31, teve início há três anos a partir de uma denúncia e contou com uma força-tarefa de membros da Polícia Federal (PF). Ao longo desse período, os investigadores buscaram desvendar como um frigorífico instalado em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, comercializou carnes em desacordo com as normas sanitárias.

    A ação de hoje é a primeira etapa ostensiva do inquérito. A partir das provas colhidas desde 2018, os agentes identificaram uma auditora fiscal federal do Ministério da Agricultura que teria recebido propinas para facilitar o esquema, ajudando a dar “aparência legal” aos produtos. Por determinação judicial, ela foi afastada das funções e deve ser intimida para prestar depoimento nos próximos dias.

    “Durante as investigações restaram demonstrados fortes indícios de que a referida servidora pública e prepostos da empresa investigada, agindo com união de desígnios, trocavam embalagens de forma a adulterar datas de vencimento, modificavam romaneios e relatórios de pesagem”, afirma a PF.

    Na operação, os agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão em endereços comerciais e residenciais em Presidente Prudente, Presidente Epitácio e Rancharia, no interior de São Paulo, todos expedidos pela 5.ª Vara Federal de São Paulo. O grupo é investigado por crime sanitário, corrupção ativa e passiva, prevaricação, falsidade documental, estelionato e organização criminosa.

    A segunda etapa da investigação vai se debruçar sobre outros possíveis envolvidos no esquema. O material apreendido na operação, que inclui celulares, computadores e documentos a serem periciados, vai subsidiar a continuidade do inquérito. “A investigação segue sob sigilo absoluto, judicial inclusive”, disse o delegado Leopoldo Andrade de Souza, coordenador da investigação.

    De acordo com o delegado, os indícios de propinas à servidora são “muito fortes”. “A servidora, responsável pela fiscalização inclusive de doenças, uma vez corrompida, faz vistas grossas e muita coisa acaba passando”, explicou.

    Defesa

    “O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que ainda não foi notificado oficialmente sobre a operação policial deflagrada nesta segunda-feira (31/05) pela Polícia Federal em Presidente Prudente (SP). Assim que for notificado, o Mapa vai analisar quais as providências administrativas e correcionais a serem tomadas.”

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