• PF: Fala de embaixador de Israel ‘viola cooperação internacional’ e pode minar futuras ações

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  • 09/11/2023 17:35
    Por Pepita Ortega / Estadão

    A Polícia Federal reagiu às declarações do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, sobre a Operação Trapiche – investigação que prendeu dois homens ‘recrutados’ pelo grupo radical Hezbollah para a planejar ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil.

    Em entrevista ao jornal O Globo, Zonshine afirmou que o Hezbollah planejou ataque terrorista no Brasil por ter apoiadores no País. “Se escolheram o Brasil, é porque tem gente que os ajuda.”

    A PF repudiou as declarações em nota oficial, frisando que suas ações são técnicas e que não cabe à corporação ‘analisar temas de política externa’.

    “Manifestações dessa natureza violam as boas práticas da cooperação internacional e podem trazer prejuízos a futuras ações nesse sentido”, registrou a PF sobre a fala de Zonshine.

    A corporação ressaltou que o inquérito que culminou na fase ostensiva da Trapiche é conduzido de forma ‘imparcial e isenta’ e indicou não admitir intromissões externas nas apurações.

    “Cabe exclusivamente às instituições brasileiras definir os encaminhamentos e conclusões sobre fatos investigados em território nacional. Não se pode antecipar conclusões sobre os resultados da investigação, que segue seu rito de acordo com a lei brasileira”, frisou a PF.

    Aberta nesta quarta, 8, a Trapiche visou desmantelar atos preparatórios de terrorismo contra prédios da comunidade judaica no Brasil. O grupo já estaria inclusive ‘monitorando’ alguns alvos, como sinagogas, fazendo fotos de tais locais.

    Os investigadores prenderam dois suspeitos em São Paulo e vasculhou onze endereços em dois Estados e no Distrito Federal. Junto de alvo localizado quando desembarcava no Brasil, a PF apreendeu US$ 5 mil.

    A Polícia Federal ainda inseriu mandados de prisão contra outros dois alvos, que estariam no Líbano, na lista de difusão vermelha da Interpol – a relação dos mais procurados da polícia internacional.

    Ao longo do inquérito foi constatado que alguns dos investigados viajaram para Beirute, para encontros com o Hezbollah. As apurações tiveram início com informações colhidas pela inteligência dos Estados Unidos e de Israel.

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