
Petrópolis, Wanda e Donato!
A alegria se renova quando, aos domingos caminho, pela manhã, em direção à Catedral São Pedro de Alcântara, entre as flores a margearem o rio Quitandinha que corta a cidade. Ele atravessa o Centro histórico, passando por áreas como a Avenida Köeler e a Praça da Liberdade.

Meu coração alça voo e como um “drone”, permitam-me um linguajar da modernidade, viaja entre o ontem, e o hoje e as septuagenárias retinas louvam e extasiam-se ante o esplendor desta joia cravejada em beleza e arte.
Contemplo o espelho d’água cristalina a revelar despoluição, admiro os peixes de pequeno porte; cumprem sua missão diária.
As capivaras passeiam nas margens do Rio Piabanha, nas imediações, também, do Centro de Petrópolis à altura da Avenida Barão do Rio Branco.
São um atrativo turístico.
O Museu Imperial de Petrópolis é uma festa diária. Está instalado no antigo Palácio de Verão do imperador brasileiro Dom Pedro II.

Conhecido como Palácio Imperial, localiza-se no Centro histórico.
O casario centenário traduz a história, memória e a beleza arquitetônica. Encantam-me. As palmeiras imperiais são imponentes e majestosas.
Próximo ao gracioso prédio da Câmara Municipal, conhecido como “Palácio Amarelo” existe uma árvore alta e frondosa.

É um ipê amarelo, sua floração ocorre entre o final do inverno e o início da primavera, isto é, entre agosto e outubro.
Há nesse mesmo itinerário, árvores frutíferas a exemplo de um mamoeiro, alegria dos pássaros, um pé de romã repleto, alguns abertos, causa uma bela impressão e também, um limoeiro em verdes e maduros.
Nesse percurso encontramos em sua maioria amigos ou conhecidos entre os transeuntes.
Cumprimentamo-nos, bom dia!
Essa familiaridade é o resultado de algumas décadas de convivência.
Seguindo este fio condutor, em dias anteriores vivemos a trigésima sexta Bauernfest onde milhares de visitantes juntaram-se aos nossos munícipes e vestiu-se multicores sobressaindo o preto, vermelho e o amarelo.
No domingo, depois de assistir parte do desfile germânico renovei, inclusive, os abraços à querida Wanda D’Ângelo residente nessa rota.
É uma alegria adentrar os umbrais de sua residência ouvir seus acordes e o dedilhar ao piano “Por Elise de Beethoven”.


Lá fora, num dos ângulos a Catedral, casarios e a palmeira imperial coberto pelo “fog” petropolitano a brincar de esconde, esconde com os belos monumentos.
Imponente, a sala adornada do mobiliário de época, obras e fotos da família contam uma vida, junto ao marido Dr. Donato D’Ângelo expressão maior da ortopedia internacional.
Reviver as reminiscências da infância de Wanda e Donato, ela, oriunda de família portuguesa é viajar na história. Seus pais Dr. Gaspar Machado Marques Leitão e Sra. Isabel da Rocha Marques Leitão trouxeram duas filhas à luz: Wanda e Wilma (falecida), nascidas no Rio de Janeiro.

O intenso calor os trazia a passar o verão em Petrópolis e decidiram vir definitivamente para a Imperial Cidade no Bairro Mosela.
Aqui Wanda estudou no Colégio Santa Catarina, onde colou grau no curso até então denominado “Guarda-Livros” hoje chamado “Contador”.
Nos finais de semana, principalmente aos domingos, se reunia com as amigas para assistir as tardes musicais no “Tênis Clube” hoje Petropolitano Futebol Clube.
O jovem Donato residente nesta cidade, mas cursando medicina no Rio de Janeiro ao invés de passar os fins de semana naquela cidade não abdicava de sua presença junto a seus pais João D’Ângelo e Catharina Kling D’Ângelo.

Num desses domingos Wanda veio com suas amigas tomar um chá na Casa D’Ângelo e, por coincidência Donato estava ali na Praça Dom Pedro a conversar com seu amigo Maneco Müller o tão conhecido jornalista da época Jacinto de Thormes.
Ele viu aquela bela moça de olhos negros, longos cabelos e pele de pêssego e perguntou a Donato: notei que estão a se olhar, vocês se conhecem?
E, Maneco Müller cuidou em ser cupido e se encaminhou junto de Donato até Wanda e os apresentou.
Dali por diante tudo começou. Casaram-se em histórica cerimônia na Catedral São Pedro de Alcântara oficiada por Monsenhor Gentil.


Foram residir no Valparaíso nesta cidade. O Casal teve 6 filhos: Mário Donato (médico), João Donato (advogado), Fábio Donato (esportes), Elizabeth (professora), Liliana (secretária) e Cristiana (gastronomia) que lhes deram 17 netos e 16 bisnetos.
“Um filho e um neto são médicos.” Donato fundou uma clínica ortopédica no Rio de Janeiro “Clínica Doutor Donato D’Ângelo” à Rua Barata Ribeiro. Teve duração de 40 anos e ela o ajudou por 25 anos e seguir sua filha Liliana a substituiu.
Donato D’Ângelo conquistou o grau excelência em sua especialidade e era figura obrigatória nos congressos nacionais e internacionais tendo inclusive residido com Wanda e filhos por um ano em Bolonha onde fez pós-graduação no “Instituto Rizzoli” palavra máxima da ortopedia em sua época.
Uma guinada no tempo, Donato adoeceu e anos depois veio a falecer.
Wanda prossegue altiva e chique à altura de seus noventa e oito anos a completar em 06-09-25.


Relembra um fato inesquecível na carreira do marido: cuidou e fez uma cirurgia em um menino simples de Cachoeiro.
Quis o destino que o pobre garoto se tornasse uma celebridade da música.
Era Roberto Carlos.
E essa gratidão tem sido renovada pelo rei.
Uma delas durante um congresso médico para 4.000 espectadores, tendo comparecido e cantado nas “Bodas de Ouro” e nos “Oitenta anos de Donato” em cujas solenidades eu tive a honra de estar presente.
Petrópolis orgulha-se de sua beleza topográfica, história, memória e de seus filhos Wanda e Donato D’Ângelo ícones em elegância, dignidade, simpatia e prestígio.