• Petrópolis teve média de quase quatro vítimas de acidentes de trânsito por dia em 2024

  • 13/jan 08:17
    Por Wellington Daniel | Foto: Reprodução/Redes Sociais

    Matéria atualizada às 10h28 para inclusão do posicionamento da PRF

    Dados do Hospital Santa Teresa (HST), divulgados no início de janeiro, revelam uma realidade preocupante no trânsito de Petrópolis. Em 2024, de janeiro a dezembro, foram registrados 1.352 atendimentos a vítimas de atropelamentos ou acidentes envolvendo carros e motos. Isso equivale a uma média de quase quatro vítimas por dia.

    A maioria dos acidentados chegou ao HST após colisões envolvendo motocicletas, que representaram 62,96% dos casos relacionados ao trânsito. Ao todo, foram 851 hospitalizações deste tipo. O dado chama a atenção, já que as motos compõem apenas 17% da frota de veículos da cidade, que alcançou 200 mil unidades em dezembro.

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    O hospital também registrou, em 2024, 133 vítimas de atropelamentos. Segundo a unidade, a maioria dessas ocorrências envolve motociclistas. A gravidade dos ferimentos varia de acordo com fatores como velocidade, local do acidente e idade do paciente.

    Em outubro, por exemplo, uma mulher foi atropelada por uma moto em Itaipava, quando tentava atravessar a rua. A vítima ainda chegou a ser encaminhada ao HST, onde passou por cirurgias, mas acabou não resistindo aos ferimentos e morreu.

    Já os acidentes envolvendo automóveis representaram 27,22% das vítimas de trânsito atendidas no Santa Teresa, totalizando 368 ocorrências. Atualmente, a frota de automóveis corresponde a 62,57% dos pouco mais de 200 mil veículos registrados na cidade, conforme dados do Detran.

    Aumentos

    Somando com os acidentes de trânsito, o Hospital Santa Teresa contabilizou 1.837 atendimentos relacionados a traumas em 2024. Desse total, 36% resultaram em internações. O número geral de atendimentos cresceu 6,18% em relação a 2023, quando foram registrados 1.730 casos.

    Os atendimentos relacionados exclusivamente a acidentes de trânsito tiveram um aumento ainda maior: 6,79%. Em 2023, foram 1.266 vítimas de atropelamentos e acidentes com carros ou motos.

    Problema de saúde pública

    Em 2019, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou que, a cada 60 minutos, pelo menos cinco pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito no país. Além disso, foram mais de 1,6 milhão de feridos nos dez anos anteriores, que trouxeram um custo de quase R$ 3 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para o CFM, o problema atingiu “proporções epidêmicas”, com grande impacto na rede de assistência.

    Para o Hospital Santa Teresa, o Poder Público precisa investir em conscientização e fiscalizações para combater o problema. “Ações educativas sobre conscientização no trânsito, por meio de mais fiscalizações em eventos principalmente aqueles que possuem venda de bebida alcoólica”, disse em nota.

    O vereador Aloisio Barbosa Filho (PP), médico e que já foi secretário de saúde do município em 2021, lembra que os custos de acidentes de trânsito são elevados para o sistema público, não somente na saúde, mas também em vários segmentos, como o previdenciário. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o prejuízo é de R$ 50 bilhões por ano. O parlamentar aponta, ainda, que as ocorrências, hoje, são a terceira causa de mortalidade no país.

    “O que precisa ser feito para reduzir os índices é a conscientização da população sobre sua responsabilidade na condução dos veículos. A principal causa dos acidentes são imprudência. Vai desde não usar cinto de segurança, alta velocidade, não usar capacete, dentre outros. Os órgãos públicos têm a obrigação de fiscalizar e fazer campanhas de conscientização, mas todos devem fazer sua parte”, apontou.

    O que diz o Poder Público

    A reportagem procurou a Prefeitura de Petrópolis, o governo do Estado e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para questionar quais ações estão sendo adotadas para reduzir os acidentes de trânsito.

    A Prefeitura respondeu que a CPTrans realiza ações de conscientização no trânsito durante todo o ano, incluindo palestras em escolas para sensibilizar crianças e jovens. Durante o Maio Amarelo, campanha nacional por um trânsito mais seguro, o município informou que essas iniciativas são intensificadas, com foco em motoristas e motociclistas, promovendo práticas mais conscientes e responsáveis.

    Já a Polícia Rodoviária Federal respondeu que trabalha em parceria com outros órgãos para a promoção da vida no trânsito. A PRF reforçou que, no momento, está em ação com o Programa Rodovia, que busca intensificar a fiscalização nas rodovias federais de todo o país e reduzir os acidentes de trânsito no Brasil no período de final de ano, férias e Carnaval.

    “A ação conta com o apoio do Ministério dos Transportes, por meio da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), além do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre outros”, informou a PRF em nota.

    O governo do Estado não respondeu até a última atualização.

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