Hoje, mais de 25 mil pessoas estão na fila de espera do Sistema Único de Saúde em Petrópolis aguardando a realização de exames e atendimentos especializados. O levantamento foi apresentado pela Comissão em Defesa da Saúde da Câmara Municipal, durante a audiência pública realizada na última terça-feira (31), na Câmara Municipal. Além disso, os vereadores apontaram problemas no serviço de psiquiatria no município e pediram maior intersetorialidade entre Saúde e Educação.
Após dois anos com atendimento parcial, devido à pandemia, o sistema de Saúde em Petrópolis está deficitário de mão de obra e espaço. Pelo menos 11 unidades básicas de saúde estão fechadas após as tragédias socioambientais deste ano. Além disso, houve um aumento na procura pelo SUS. Números do município mostraram que, nos últimos anos, o número de petropolitanos com planos de saúde privados caiu de 109 mil pessoas para pouco mais de 85 mil – uma diferença de quase 25 mil pessoas.
“Estamos falando de quase 25 mil pessoas que passaram a buscar atendimento na rede pública, sem que houvesse aumento de estrutura, pessoal e recursos no sistema na mesma proporção. Isso precisa ser seriamente discutido”, disse o presidente da Comissão, o vereador Mauro Peralta (PRTB), acrescentando que medidas para inverter a pirâmide dos investimentos na saúde são urgentes. “É preciso encontrar maneiras de investir mais na atenção primária para que, em médio e longo prazo, vejamos a redução de casos mais graves, que, além de representarem maior risco de morte, têm custos infinitamente mais altos”, detalhou.
Durante a audiência, os vereadores cobraram medidas para melhorar o serviço de psiquiatria e pediram maior intersetorialidade entre Saúde e Educação. “A escola pode e deve ser o espaço para programas de combate ao tabagismo, prevenção da gravidez e planejamento familiar, entre outros. Formar cidadãos mais conscientes sem dúvida vai gerar impactos positivos no futuro”, lembrou Peralta, que também voltou a cobrar medidas para reduzir os casos de sífilis e estimular a vacinação.
“Estamos aqui para fiscalizar, mas também para dialogar, para ajudar a encontrar caminhos para sanar o que precisa ser melhorado na rede. A questão das filas, por exemplo, pode ser combatida com mutirões noturnos, por exemplo. É importante que o município avance no planejamento e controle do sistema, não apenas extraindo os dados, mas também fazendo a análise das informações. O tempo de permanência em um leito hospitalar por exemplo, pode indicar falha no fluxo, como demora para a realização de exames ou na visita médica em feriados e fins de semana. É preciso entender onde estão os problemas para que possam ser resolvidos”, finalizou.
A audiência pública foi realizada na última terça-feira, para apresentação e avaliação dos dados do primeiro quadrimestre de 2022 na área de saúde, como prevista na lei Complementar 141/12, que determina transparência, visibilidade, fiscalização, avaliação e controle da gestão da área de saúde. “Este acompanhamento é extremamente importante para que o Legislativo possa desempenhar com maior eficácia seu papel fiscalizador e propositor de leis. Neste quadrimestre, especificamente, sabemos que houve muitas dificuldades, em função dos desastres registrados na cidade e que atingiram diretamente a Secretaria Municipal de Saúde e vários dos seus equipamentos, mas vimos disposição e boa vontade de toda a equipe”, frisou Dr. Mauro Peralta.
A audiência, que contou com a presença dos vereadores Marcelo Lessa e Gilda Beatriz, que também compõem a Comissão em Defesa da Saúde, além dos Domingos Protetor, Ronaldo Ramos, Yuri Moura e Octavio Sampaio, se estendeu por três horas, com a exposição e debate sobre os dados apresentados.
Também participaram da audiência a presidente do Sindicato dos Médicos, Margarida Machado Gomes, o presidente da Associação de Moradores do Vale do Carangola, Carlos Alberto de Melo Santos, e o representante da sociedade civil, Sérgio Luiz Pereira César.