Petrópolis tem 64 registros de acidentes com animais peçonhentos neste ano: saiba quais são as principais espécies
Embora a época de estiagem não seja a mais propícia para os animais peçonhentos, eles continuam aparecendo. Neste ano, a Vigilância Epidemiológica registrou 64 acidentes por picada ou mordida de animais peçonhentos – 50% deles causados por aranhas armadeiras. As ocorrências com serpentes e escorpiões amarelos também estão entre as mais comuns. O biólogo Dione Storck, da Coordenadoria de Vigilância Ambiental do município, alerta que a falta de cuidados com o armazenamento do lixo, acúmulo de entulho e madeiras podem atrair estes animais para as residências.
“Os animais não são vilões, eles não agridem. Os acidentes acontecem porque eles se defendem quando se sentem ameaçados”, disse o biólogo. Na última semana, os bombeiros resgataram uma Jararacuçu, de cerca de um metro de comprimento, no Meio da Serra. O animal estava próximo a uma lixeira. Segundo o biólogo, a oferta de alimento pode ter atraído o animal.
“Eles vêm em busca de alimentos. Quem mora próximo a região de mata e acumula, no quintal, entulho, madeira para lenha, lixo exposto de forma irregular, tudo isso atrai ratos, baratas, besouros e outros insetos que são alimento para esses predadores. Somos nós que proporcionamos as ocorrências destes animais quando não tomamos esses cuidados”, alertou.
Em Petrópolis, é comum encontrar a aranha armadeira, que se adapta bem em áreas urbanas. É mais fácil de encontrá-la em locais com acúmulo de lixo e madeira. O escorpião amarelo também procura o lixo, além de insetos e pequenos animais que são encontrados em locais com exposição de esgoto. Já as serpentes são normalmente vistas em margens de mata. A jararaca, por exemplo, costuma ser encontrada em áreas rurais.
Três jararacas com colorações diferentes, mas todas da mesma espécie. Foto: Divulgação
“É comum ter esses animais na cidade. Estamos em uma região privilegiada, com grande parcela de floresta densa. Mas até em locais em que a floresta é fragmentada, encontrar esses animais é um ponto positivo. Eles não são problema e nem anormalidade, muito pelo contrário. Independente da espécie, eles fazem parte da cadeia alimentar, e são necessários para o controle do meio ambiente”, explica Dione.
Os acidentes geralmente acontecem por falta de equipamentos de proteção, principalmente em áreas rurais. “O não uso do equipamento adequado aumenta em 100% a chance de sofrer um acidente. Isso acontece em áreas rurais, mas também na jardinagem na área urbana. As vítimas geralmente são pessoas com idade entre 15 e 59 anos, idade economicamente ativa. São atingidas no antebraço ou abaixo do joelho pela falta da luva e da bota, por exemplo”, explicou.
Algumas espécies são consideradas de importância médica, e por isso, quando são capturadas, são encaminhadas para institutos de pesquisa e produção de soro. São animais que não estão em risco de extinção e suas toxinas são utilizadas para a produção de medicamentos. A jararacuçu capturada na semana passada será encaminhada para o Instituto Vital Brazil. Outras espécies, como o escorpião amarelo e as aranhas armadeira e marrom são consideradas de importância médica.
O biólogo faz algumas recomendações em caso de acidentes. “A pessoa deve lavar o local da mordida com água e sabão. Jamais usar torniquete na região ferida, porque isso pode potencializar o veneno para aquele local, e nem utilizar medicamentos populares. A pessoa deve ir imediatamente até uma unidade de saúde centralizada”, disse.
Na cidade, os atendimentos a esse tipo de acidente são concentrados na UPA Centro. Caso a vítima tenha sido picada ou mordida por um animal peçonhento, o ideal é que esse animal também seja levado para o centro de atendimento. Todos os acidentes passam por um processo investigativo da Vigilância Ambiental, que faz o monitoramento e controle das espécies no município.
Nos casos em que animais silvestres sejam encontrados em locais de onde não seja possível retornarem sozinhos para a natureza, a recomendação é acionar o Corpo de Bombeiros. O órgão é reponsável pela captura desses animais, inclusive dentro de residências, e destinação.
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