• Petrópolis se aproxima dos mil casos de dengue e infectologista reforça as formas de prevenção da doença

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  • Com a alta nos casos, o infectologista Luís Arnaldo Magdalena explica um pouco mais sobre a doença

    10/mar 09:00
    Por Maria Julia Souza

    O crescente número de casos de dengue têm sido motivo de preocupação para todo o país. Em Petrópolis, até a última sexta-feira (08), segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 967 casos foram confirmados, um óbito foi registrado em decorrência da doença e outro está em investigação. No início deste mês, o município decretou Estado de Emergência devido a alta dos casos.

    De acordo com o médico infectologista do município, Luís Arnaldo Magdalena, existem quatro sorotipos do vírus da dengue, com as pessoas podendo contrair a doença por até quatro vezes.

    “A imunidade ela é sorotipo dependente, ou seja, se a pessoa pega dengue pelo Sorotipo 1, ela fica imune para o resto da vida. Porém, ainda vai poder pegar dengue pelos sorotipos 2, 3 e 4. Não existe um [sorotipo] que cause uma infecção mais grave do que o outro. O que acontece é que os sorotipos circulam de tempos em tempos. Então cada surto, ou cada epidemia, é causada normalmente por um sorotipo diferente”, disse o infectologista.

    Sintomas

    Segundo o médico, apesar de ser uma doença febril aguda, ela pode ter algumas complicações que podem causar alguns óbitos. No entanto, de acordo com o especialista, a mortalidade é baixa na dengue.

    “Os óbitos são normalmente causados por demora no tratamento adequado. Talvez demora no atendimento médico ou no tratamento adequado. Então as pessoas que tem dengue devem observar, principalmente, os sinais de alarme da doença”, reforçou.

    Ele cita os principais sintomas da dengue, que são: febre alta; dor no corpo; dor de cabeça; dor atrás dos olhos; e, em alguns casos, o paciente pode ter uma diarreia leve. O médico ressalta que a febre, nos casos de dengue, dura de dois a, no máximo, cinco dias.

    “Então a dengue é uma doença febril abrupta, súbita, com a febre curta. E lá no final do período febril, ou seja, lá pelo terceiro ou quarto dia, podem surgir manchas vermelhas no corpo, associadas ou não a uma coceira”, explica o médico.

    Sinais de alerta

    O infectologista alerta que ao final do período febril, o paciente deve ter cuidado e estar atento aos sinais e sintomas. Segundo ele, podem aparecer alguns sinais de que a doença pode ter complicações.

    Esses sinais frequentemente são: dor abdominal, ou seja, dor acima do umbigo; vômitos incoercíveis, ou seja, a pessoa vomita sem parar; desmaios; e sangramentos, que podem ser pelo nariz, ao escovar os dentes, e/ou o paciente pode vomitar, evacuar ou urinar sangue. Além disso, também podem aparecer pontinhos vermelhos escuros, principalmente nas pernas.

    “São sinais de alerta que essa dengue pode complicar. E aí esse paciente deve ser conduzido de forma adequada, de modo que não piore cada vez mais e chegue aos quadros graves de dengue. O paciente que o quadro vai se agravar ou vai complicar, ele nos fornece certos sinais e sintomas importantes, onde ali nós temos que atuar e onde ele precisa procurar uma unidade de atendimento para logo ser diagnosticado e tratado, conduzido de forma eficaz”, ressaltou o médico.

    Faixas etárias com mais riscos de ter dengue grave

    De acordo com o médico, qualquer pessoa pode desenvolver dengue grave. No entanto, as crianças, idosos com mais de 60 anos e gestantes são mais suscetíveis a evoluir com as formas graves da doença.

    “A gente não utiliza mais o termo dengue hemorrágica. Então isso a Organização Mundial da Saúde (OMS) já conseguiu tirar. A gente tem dengue sem complicações ou dengue clássica, que é aquele paciente que evolui bem e não complica; e temos os pacientes com dengue grave”, disse ele.

    Prevenção

    O infectologista reforça as principais formas de prevenção da doença, causada pela picada do mosquito Aedes aegypti. São elas: o combate ao vetor, diminuindo os criadouros, observando os vasos de planta, água parada que possa estar empossada e os bueiros, uma vez que é ali que o mosquito se cria e voa em torno da residência ou da vizinhança; e o uso de repelente.

    Aedes aegypti.
    Foto: Arquivo/Tribuna de Petrópolis

    “Hoje em dia existe a vacina. Quer dizer, já existia uma vacina para dengue, mas a vacina que antecedeu essa nova [vacina], ela só poderia ser tomada por pessoas que já tiveram a doença, então isso diminuía muito a procura. E aí surgiu essa nova vacina, liberada para uso em 2023 aqui no país, que é uma boa forma de prevenção e está disponível para pessoas de 4 a 60 anos”, disse o médico.

    Recuperação

    Segundo Luís Arnaldo, ao se recuperar da doença, o paciente não apresenta sequelas. No entanto, pode apresentar um quadro de fadiga, cansaço e uma astenia que pode durar por algumas semanas.

    “Então a única coisa que esse paciente pode apresentar após a recuperação do quadro de dengue é um quadro de fadiga, de moleza, por duas a quatro semanas, mais ou menos”, disse.

    Anticorpos

    Após a recuperação da doença, o paciente cria anticorpos contra aquele tipo específico de vírus. Ou seja, caso a pessoa tenha tido o Sorotipo 1 da doença, ela estará imune a esse sorotipo em específico, podendo ter a doença por mais três vezes, com sorotipos diferentes.

    “A gente tem que frisar sempre os sinais de alarme e alerta na dengue, principalmente a dor abdominal alta, os vômitos incoercíveis, pressão baixa, desmaio, não estar urinando, muita dor na barriga e qualquer tipo de sangramento. Esses pacientes são graves, eles precisam ser atendidos e não podem deixar de procurar assistência, não pode deixar para amanhã”, finalizou o médico.

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