• Petrópolis registrou um estupro a cada três dias em 2018

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  • 27/08/2019 09:31

    No ano passado, a cada três dias uma mulher foi estuprada na cidade, é o que revela os dados do Dossiê Mulher apresentados pela delegada titular da 106ª Delegacia de Polícia (DP), Juliana Ziehe, durante apresentação do programa Minha Aurora, na última sexta-feira (23). De janeiro a dezembro de 2018, foram registrados em Petrópolis, 141 casos de violência sexual. Este ano, nos primeiros sete meses, já foram contabilizados 77 crimes deste tipo.

    “Fizemos um levantamento de todos os casos de estupro registrados na 106ª delegacia de polícia e em 100% deles a vítima conhecia o autor; na 105ª DP essa taxa é de 85%. Por este motivo, o combate ao crime de estupro é um problema de segurança cidadã, já que quase a totalidade dos casos acontece no âmbito familiar. A atuação deve ser em conjunto com a sociedade civil e o poder público”, ressaltou a Juliana Ziehe.

    Outro dado apresentado pela delegada é que a maioria das vítimas é de meninas menores de 17 anos. Ainda de acordo com ela, boa parte dos crimes acontece no momento em que a mãe não está em casa. “A mãe precisa trabalhar e as crianças acabam ficando com alguém da família, é neste momento que o crime acontece. Por isso a atuação do poder público na ampliação do turno escolar e nas vagas nas creches é importante para evitar que essa criança fique exposta. O combate a esse crime é de responsabilidade de todos”, salientou.

    Para auxiliar no atendimento ás vítimas de violência sexual, ações estão sendo desenvolvidas pela Polícia Civil e poder público, em parceria com a Faculdade Arthur Sá Earp Neto (Fase) e Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP). Entre elas, está a implantação da Sala Lilás que fará parte do complexo do Instituto Médico Legal (IML) ou  Posto Regional de Polícia Técnico Cientifica (PRPTC) de Petrópolis, localizado em Corrêas. 

    A unidade, um investimento de R$ 70 mil da FMP/Fase, está sendo construída ao lado do prédio principal do IML e contará com salas de acolhimento para as vítimas de abuso sexual, que receberão atendimento com assistente social e psicólogos. Elas serão atendidas por profissionais capacitados e não terão contato com os autores. As obras estão a todo vapor e a previsão é que seja inaugurada ainda este ano.

    A Sala Lilás, quando estiver pronta, também abrigará o laboratório que fará análise de espermas e fluídos coletados de vítimas de violência sexual. Atualmente, o laboratório funciona em uma sala dentro do IML. “Todo o atendimento a essas vítimas será feito em um único lugar, onde ela será acolhida, ouvida e fará todo os procedimentos necessários para a investigação criminal”, disse o chefe do IML, Sérgio Simonsen.

    O laboratório é uma iniciativa pioneira, colocando Petrópolis como a primeira cidade do interior do Estado a contar com uma unidade deste tipo. A implantação do laboratório faz parte das ações do projeto Minha Aurora, idealizado pela delegada Juliana Ziehe e a médica perita legista Mary Laura Villar, do PRPTC. “Os exames serão feitos aqui e não mais na cidade do Rio de Janeiro. Fazendo os testes aqui, os resultados podem sair, em aguns casos, em 24 horas, enquanto que indo para a capital pode demorar até seis meses para ficar pronto”, informou a delegada.

    Juliana Ziehe ressalta que todas essas ações têm como objetivo o atendimento mais humanizado para as vítimas de violência sexual. “Também vamos criar um protocolo para o fluxo de atendimento em especial para as menore de 12 anos. Para evitar a vitimização, queremos que essas crianças sejam ouvidas apenas no Nape (Núcleo de Atendimento Especializado) e não em sede policial”, anunciou a delegada.

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