Petrópolis registra aumento de 50% em casos de sífilis em gestantes
A Sífilis, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), voltou a ser considerada uma epidemia nacional e os índices notificados em Petrópolis acompanham o crescimento registrado no Brasil. No município, os dados chamam a atenção para o crescimento da doença detectada em gestantes. Os últimos registros do mês de setembro de 2018, feitos pelo Programa Municipal de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) Aids e Hepatite B e C, apontam que o número de casos já ultrapassou em 50% em relação ao ano de 2017. Para combater a epidemia, os profissionais da saúde do município têm reforçado o trabalho de conscientização, identificação e tratamento da doença.
Em nove meses de acompanhamento em 2018, os registros já chegavam a 42 casos, enquanto em todo ano de 2017, foram constatadas 28 pessoas infectadas. O elevado índice detectado em gestantes é preocupante, tendo em vista que se a doença não for tratada, gera aumento de casos da sífilis congênita, que é quando há a transmissão da doença da mãe para o bebê. Os efeitos da doença nos recém-nascidos podem gerar sequelas definitivas para a vida das crianças.
De acordo com as profissionais do Programa Municipal de IST/Aids, esse aumento de casos se agravou em 2016. E, além da prática da atividade sexual sem proteção, o preconceito e a falta de informações, são fatores que muitas vezes levam as pessoas a não se tratarem e, com isso, a doença se instala no organismo, deixando sérias sequelas e no caso dos bebês, até a morte. A Sifilis é uma doença curável e pode apresentar várias manifestações clínicas, em diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior.
“No município, a implantação do programa tem ajudado a conscientizar a população sobre a prevenção e o tratamento, fornecido pela rede pública”, destaca a secretária de Saúde, Fabíola Heck. A partir dos atendimentos feitos pelo Programa de IST no município, observa-se a presença da doença em adolescente que já começam a vida sexual infectados. “Estamos observando os adolescentes começando a atividade sexual cada vez mais cedo e com falta de informação, que leva à falta de prevenção, acabam sendo infectados”, destaca enfermeira, Coordenadora Geral de Áreas Técnicas de Saúde, Patrícia Ramos Pereira.
A doença apresenta os primeiros sinais de forma muito discreta, com o surgimento de feridas no órgão sexual, que podem sumir em até 10 dias. O que faz com que muitas pessoas não se atentem para a gravidade e não busquem atendimento. “Como os sintomas do primeiro estágio da doença somem, as pessoas acham que se trata de uma simples alergia e não buscam tratamento, mas é aí que está a gravidade, a doença continua evoluindo no organismo e daí, passa para o segundo estágio, que começa a gerar mais complicações”, explica a enfermeira.
Se não tratada a doença pode causar danos irreparáveis
Se não diagnosticada logo no primeiro estágio, a doença continua evoluindo no organismo e pode não se manifestar por um tempo. Em até um ano, a pessoa infectada pode começar a apresentar lesões na pele, que podem afetar a planta das mãos, a sola dos pés e manchas pelo corpo, que não chegam a ser feridas, mas podem deixar cicatrizes. “Nessa fase muitas pessoas confundem com reações alérgicas, melhoram e assim, acabam não procurando tratamento”, conta a enfermeira, destacando que a partir desse estágio, a doença evolui para o estágio terciário.
A sífilis terciária, se não tratada, pode durar trinta anos no organismo. Nessa fase, a doença começa a atingir o sistema imunológico, podendo apresentar várias complicações, entre as quais as neurológicas e outros comprometimentos como ocular e ósseo. “Todas as fases têm tratamento, mas a terciária pode deixar sequelas e isso ganha maior gravidade com a possibilidade da transmissão de mãe para filho”, ressalta Patrícia. Quando a doença não é detectada na gravidez, o bebê já nasce com manchas pelo corpo, pode ter comprometimento ocular, auditivo, ósseo, cardíaco e neurológico: “o bebê, quando sobrevive, já nasce com a doença na fase terciária, com lesões que não se recuperam, ficando com sequelas”.
Durante o pré-natal, já há regulamentação que determina a realização do exame específico para a detecção da doença no início, no meio e no final da gestação. “É muito comum as gestantes se contaminarem durante a gravidez, por isso a necessidade do exame durante o período gestacional”, explica Patrícia, reforçando que o trabalho de conscientização é feito de forma intensificada entre as mulheres, mas os homens também são foco: “a gente se preocupa com a adesão ao tratamento principalmente por parte do homem, que não se trata, não se envolve. O homem é um transmissor em potencial, pois muitas vezes a mulher se trata e o parceiro a reinfecta”.
Tratamento disponível
A penicilina, o medicamento indicado para o tratamento é disponibilizado pela rede pública. Ao chegar nos postos de atendimento, como na sede do programa, localizada em prédio ao lado do Municipal Nelson Sá Earp, as pessoas são orientadas, podem fazer o teste rápido e já recebem as primeiras orientações. Pelo teste rápido, que fica pronto em até 30 minutos, é possível se saber se a pessoa está infectada e havendo indicação positiva, são direcionadas para fazer o exame de sangue mais detalhado, que indica em qual estágio de evolução está a doença e a partir daí, começa o tratamento adequado.
O Programa IST/Aids realiza palestras através do projeto Fique Sabendo, que faz orientações todas as quartas, das 12h às 19h; e sextas das 7h30 às 12h, na sede do programa. As palestras também são feitas em escolas e empresas. Os testes rápidos também são disponibilizados nas unidades de saúde do município.