• Petrópolis na Sapucaí: compositor petropolitano assina samba-enredo da Mangueira para 2026

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  • 05/out 07:58
    Por Wellington Daniel | Foto: Arquivo pessoal

    O petropolitano Pedro Terra vai levar o nome da cidade para a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2026. Em parceria com Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal, ele é um dos autores do samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira, que vai cantar o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”.

    O tema nasceu de uma parceria da escola com o governo do Amapá e tem como personagem central Mestre Sacaca, figura popular do Estado conhecida pelos saberes da floresta e pelos conhecimentos de cura. O poeta amapaense Joãozinho Gomes auxiliou com a cultura amazônica.

    “Mestre Sacaca é quem guia a Mangueira por essa viagem ao Amapá, que é um dos estados da federação com maior índice de preservação ambiental e que tem sua população majoritariamente negra, sendo conhecida, assim, como a Amazônia Negra”, explicou Pedro Terra.

    O compositor lembra que sua relação com a verde e rosa vem de longa data. “Minha relação com a Mangueira vem desde muito novo. Sempre fui apaixonado pela escola e acompanhava todos os anos os desfiles. Após me mudar para o Rio de Janeiro, passei a frequentar assiduamente a quadra até que, aos 23 anos, passei a escrever sambas-enredo para a escola. De lá pra cá, são nove concursos, tendo sido finalista em cinco oportunidades e campeão por duas vezes”, lembrou.

    O concurso deste ano teve 22 sambas concorrentes, com etapas no Rio de Janeiro e no Amapá. Quatro chegaram à final, realizada no último dia 27 de setembro. “A notícia da vitória veio carregada de muita emoção. Todo compositor sonha com esse momento e saber que sua obra será cantada por toda a comunidade da Mangueira na Sapucaí é algo que supera qualquer explicação. Nos dedicamos durante meses, buscando na paixão mangueirense e na força da Amazônia Negra os versos que conduzirão a Mangueira rumo à mais um título do carnaval”, disse o petropolitano.

    Apaixonado pelo samba, Pedro Terra também destacou a importância de manter viva a cultura carnavalesca em sua cidade natal. Para ele, a celebração vai além do calendário de festas e lazer.

    “A importância do incentivo ao carnaval em Petrópolis vai muito além do calendário de festas e lazer. O carnaval é uma potente manifestação cultural, geradora de entretenimento, emprego e renda para a cidade. O carnaval educa, transforma e faz parte da cidadania petropolitana”, afirmou.

    O samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira já está disponível no YouTube da escola de samba.

    Veja a letra do samba-enredo:

    “Finquei minha raiz

    No extremo norte onde começa o meu país

    As folhas secas me guiaram ao turé

    Pintada em verde e rosa, jenipapo e urucum

    Árvore-mulher, Mangueira quase centenária

    Uma nação incorporada

    Herdeira quilombola, descendente Palikur

    Regateando o Amazonas no transe do caxixi

    Corre água, jorra a vida do Oiapoque ao Jari

    Çai erê, Babalaô, Mestre Sacaca

    Te invoco do meio do mundo pra dentro da mata

    Salve o curandeiro, doutor da floresta

    Preto velho, saravá

    Macera folha, casca e erva

    Engarrafa a cura, vem alumiar

    Defuma folha, casca e erva… saravá

    Negro na marcação do marabaixo

    Firma o corpo no compasso

    Com ladrões e ladainhas que ecoam dos porões

    Ergo e consagro o meu manto

    Às bênçãos do Espírito Santo e São José de Macapá

    Sou gira, batuque e dançadeira (areia)

    A mão de couro do amassador (areia)

    Encantaria de benzedeira que a Amazônia Negra eternizou

    No barro, fruto e madeira, história viva de pé

    Quilombo, favela e aldeia na fé

    De Yá, Benedita de Oliveira, mãe do Morro de Mangueira

    Ouça o canto do uirapuru

    Yá, Benedita de Oliveira, benze o Morro de Mangueira

    E abençoe o jeito tucuju

    A magia do meu tambor te encantou no jequitibá

    Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá

    Na Estação Primeira do Amapá”

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