• Petrópolis, medo e insegurança

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  • 31/03/2022 21:56
    Por Fernando Costa

    Perdoe, cidade amada. As ocorrências atuais não são frutos única e exclusivamente de caso fortuito ou fenômenos naturais. São consequências do descaso, desorganização política e administrativa, desrespeito à população soterrada, alguns vitimados pela lama, escombros e detritos, outros assistem impotentes seus sonhos e comércios se esvaírem em meio à lama e água inclemente e voraz. Há lágrima, soluços e dores. As encostas se diluem em meio ao sangue e lamento. Os bueiros entupidos. Os rios não foram desassoreados. Há lixo e escombros. Ainda assim não nos cansamos em rezar. É tudo que podemos fazer nessa hora. Se restar um resquício de caráter, vergonha e respeito à dignidade humana socorram os munícipes  e a Imperial Cidade enquanto há tempo. Não esperem as pedras rolarem da montanha e provocarem nova catástrofe. Incontáveis são as ajudas recebidas e ao que se lê através dos meios de comunicação milhões têm sido destinados a aplacar o sofrimento dos habitantes. As doações de gêneros alimentícios, utensílios, medicamentos e peças do vestuário têm chegado de incontáveis localidades, estados e instituições. Em sua maioria perdidas pelo descaso e descontrole. No entanto é preciso cantar, “é preciso cantar para alegrar a cidade”. E mesmo repleta em feridas Petrópolis aos 179 anos, conserva sua beleza, por isso lhe dedico este poema e nele incrustado o meu coração:


    Qual a cidade bonita, que é cheia de graça, tem encantadoras praças e é repleta de luz? Gosto e admiro sua gente, as flores multicores, cidade de encantos mil… É claro, você já sabe, é nossa Petrópolis, plantada no monte, aos pés da colina, eterna menina, um quê de metrópole, donzela ou rainha, cultura e história, Cidade Imperial de meu Brasil.
    Os rios de minha terra transbordam a cada dezembro, transformando a avenida em verdadeiro oceano. As carruagens de outrora, parecem estar esquecidas, nossas hortênsias azuis, rosadas, brancas, lilases vão desaparecendo em meio aos matagais. Altaneira e soberana, por hora tão castigada, ainda assim és beleza, de clima ameno e amada.
    Petrópolis, minha musa, no sorriso e na dor, alimentas esperanças e cultivas só amor.
    Petrópolis dos meus encantos, só você me faz sorrir, flores por todos os  cantos, o paraíso é aqui.
    Se você quer ser feliz, não hesite um só instante, venha logo a Petrópolis, aqui o amor é constante.
    Ita, quer dizer pedra, assim o índio ensinou, Itaipava tão bela e Pedro a pontificou.
    Petrópolis, cidade das flores, quis Deus fazer-te rainha, monumentos nobres, belos e o Palácio Quitandinha.
    Dona Thereza Cristina adorava nossa terra, demonstrava sempre, e muito, amor enorme à serra.
    Vitrais requintados, belos, adornam a Catedral, templo suntuoso e santo, sagrado pedaço de céu.
    Petrópolis, como a bendigo! Venero-a e de quem por demais me orgulho, são páginas do passado em belas lições do futuro.
    Petrópolis de meus sonhos, meta, planos e sorrisos, a mim é mais que
    cidade, é regaço e peito amigo.
    Olho para o céu azul, em teus canteiros de hortênsias, passeio por terra e ares, flutuo em tua existência.
    Não há joia que mais bela, possa comparar-se a ti, incrustada bem no
    monte, uma estrela em meio à serra.
    Se as pantufas contassem um pouco de tua história, encheriam mil canteiros, com flores de tuas glórias.

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