• Petrópolis e os Correios no tempo

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  • 10/06/2023 08:00
    Por Afonso Vaz

    Em 15 de abril de 2019, já escrevera – certamente denotando amargura – a respeito da degradação que continuava ocorrendo com relação ao majestoso prédio central dos Correios de Petrópolis.

    Àquela época retornara no tempo para relembrar sobre a precariedade no tocante a tão bela edificação, inaugurada em 12 de novembro de 1922, prédio que em razão de sua beleza ficou conhecido como “Palácio dos Correios”.

    Importante deixar frisado – e a história assim faz exigir – que referida edificação só pôde ser concretizada graças a gesto de beneficência por parte da Princesa Isabel, “A Redentora”.

    Assim é que um dos últimos atos de sua majestade, antes de seu falecimento que se deu em 14 de novembro de 1921, está justamente relacionado com a cessão de uma parte nobre dos jardins do Palácio Grão Pará, com a finalidade de construção do prédio.

    Destaque-se, por outro lado, que apenas uma solicitação partira da Princesa, ou seja, “…que o busto de seu querido pai, o Imperador D. Pedro II, fosse erigido à entrada desta agência, tornando-se assim um lembrete a mais do amor do nosso último soberano por esta cidade que, também por amor, ele fez edificar”. 

    A propósito do tema que ora se comenta, serviu-me de consulta para inúmeras questões ora descritas, a obra “Os Correios de Petrópolis – Um Passeio pela História – pesquisa levada a termo por Vera Maria Müller Taulois, texto de Eliane Maciel e fotografia de Sebastião Barbosa.

    Transcorridos os anos, salutar que se recorde que no próximo dia 12 de novembro o prédio histórico estará completando 101 anos de sua inauguração.

    Todavia, o mais penoso é que o cognominado “Palácio dos Correios”, edificação de valor cultural inestimável, esteja cada vez mais a se deteriorar.

    O prédio, a partir de um determinado momento, por descaso certamente de sua superior direção, vem sofrendo grandes perdas violentando, sem dúvida, aspectos culturais que deixaram de ser observados com reflexos, outrossim, na área do turismo, ante o interesse que as pessoas manifestam em conhecer tal edificação.

    Muitos que aqui chegavam e continuam chegando, com a finalidade de conhecerem a Cidade Imperial, ficam chocados com tal degradação, aliás como vem ocorrendo com outros prédios de igual beleza e tradição histórica.

    A Agência de Petrópolis, importante que se faça justa alusão, quando em épocas pretéritas valeu-se da colaboração de servidores e dirigentes que bravamente empenharam-se pelo fortalecimento da instituição, pari passo, também, pela cultura em nossa terra sabendo dar o devido valor aos Correios de Petrópolis.

    Há que se destacar nesse contexto a pessoa do Coronel Walter Bretz, gerente que permaneceu no cargo por mais de quarenta anos, tendo se aposentado em fevereiro de 1944, substituindo o Barão João Antonio de Mendes Tota.

    Na obra já citada, à página 40, lê-se no tocante à figura de Walter Bretz, aduzindo: “…jornalista e historiador, membro efetivo da Academia Petropolitana de Letras e do Instituto Histórico de Petrópolis”.

    E mais, “… respeitada figura passou à história, certamente, como homem que elevou o conceito da Agência Central dos Correios de Petrópolis aos mais altos níveis, por sua enorme dedicação”.

    Substituiu-o o Dr Otávio Leopoldino Cavalcanti de Moraes, advogado, jornalista e escritor, ex-presidente da Academia Petropolitana de Letras, nomeado mais tarde para exercer alta função perante à Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Estado do Rio de Janeiro.

    Durante sua gestão, valendo-se de ideais da época, dos mais justos e de caráter patriótico perante à comunidade petropolitana, decidiu erguer, na Praça dos Expedicionários “…defronte à Praça D. Pedro e ao atual Teatro Municipal, o Monumento aos Expedicionários Petropolitanos…”, sendo que a nobre iniciativa nasceu do então Tesoureiro do Centro Auxiliar dos Funcionários do Telégrafo, Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, um dos fundadores da Associação Petropolitana de Ciências e Letras, atual Academia Petropolitana de Letras.

    Após se afastar da Diretoria Regional, o dr. Otávio de Moraes voltou a assumir a Agência de Petrópolis tendo permanecido no cargo até 27 de março de 1956, quando novamente passou a servir junto a mencionada Diretoria Regional.

    Durante seu afastamento respondeu pela Agência Mauro Gouveia Xavier, tendo merecido o elogio de que “…respondeu e bem, pelo trabalho, que na ocasião já colocara a Agência Central dos Correios de Petrópolis como a primeira do Estado, pela excelência de seus trabalhos”.

    Seguiram-se, ainda, Marília Leoni de Oliveira e José Freire de Medeiros que, por muitos méritos, alçou a função de Diretor Regional.

    Foi sucedido por José Almeida Lacerda, e após seguiram-se, Manoel Carlos Marcolino, Lauro de Abreu Borges, Geraldo Ramos, Hélio de Frota Linhares e Velúsia de Oliveira Bastos, seguida por Vera Maria Müller Taulois, que permaneceu na função em torno de 20 anos, todavia sem que nunca haja se esquecido da instituição, relembrada pela mesma com imensas saudades e recordações que nunca se apagarão.

    Os dados supra foram colhidos da já mencionada obra, ocasião em que Agência Central dos Correios comemorava o 75º aniversário.

    Finalmente, homenagens que não poderiam deixar de ser mencionadas, no tocante à figura do Presidente da República Epitácio Pessoa, que na condição de entusiasta e benfeitor tornou possível a construção do belíssimo prédio. A Princesa Isabel, pelo gesto de generosidade praticado. José Kopke Fróes, na qualidade de “…eterno amigo dos Correios’, os agentes que se seguiram após a comemoração do 75º aniversário e, também, os profissionais que atuaram na construção da monumental obra, sem que nos esqueçamos da figura de Guilherme Ambrogi, dono da Ambrogi Construtora, contratada para a edificação da Agência.

    Juntos caminham, o passado e o presente e por isso mesmo, em razão da imponência do prédio e sobretudo da inestimável prestação de serviços que propicia à população, merece a instituição o respeito e admiração em especial que permanecendo na condição de um prédio histórico, bem conservado, a altura da cidade de Petrópolis, até porque, a bela edificação nasceu pelas mãos generosas da venerável Princesa Isabel, também sempre lembrada pela cidade que tanto amou.

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