• Petrópolis do futuro: o que desejam os jovens em relação à cidade

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  • 16/mar 08:00
    Por Aghata Paredes

    Dados recentes do Censo de 2022 apontam para uma transformação demográfica no Brasil, evidenciando uma diminuição na proporção de jovens e um aumento na população idosa. Em 2012, quase metade da população brasileira tinha menos de 30 anos. Contudo, uma década depois, essa taxa diminuiu para 43,3%. Em Petrópolis, esse fenômeno também é observado, com uma presença mais significativa de residentes acima de 60 anos (21,3%). Já a população jovem, entre 0 e 24 anos, caiu de 107.418 para 81.716 – uma queda de 23,9%. Desde o último censo, a população total do município diminuiu. Em 2010, Petrópolis registrava 295.917 habitantes. No entanto, no último levantamento, esse número reduziu em 5,75%, totalizando 278.881 petropolitanos. 

    Através de uma série de entrevistas realizadas com jovens residentes, buscamos entender o que eles desejam para o futuro de Petrópolis e como percebem o papel da juventude na cidade. Na ocasião, a maioria expressou preocupações com oportunidades de emprego, acesso à educação de qualidade e espaços de lazer e cultura. 

    A questão ambiental também emergiu como uma prioridade para alguns entrevistados, com apelos por práticas sustentáveis e iniciativas que promovam a preservação dos recursos naturais da região. Além disso, a infraestrutura urbana foi discutida, com enfoque na necessidade de melhorias no transporte público, planejamento urbano e acessibilidade para pessoas com deficiência.

    Essas vozes, embora diversas, apresentam um denominador comum: a esperança e o anseio por uma cidade inclusiva, dinâmica e preparada para enfrentar os desafios que sempre existiram.

    Ana Clara São Thiago

    “Que haja sempre grande investimento em formações para os diferentes setores da educação, principalmente na educação básica, para educadores e incentivo ao aprimoramento formativo, como é o caso da EJA.”

    Ana Clara São Thiago, 29 anos, moradora do bairro Valparaíso, é professora nos anos iniciais do município de Petrópolis, atuando na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos). Com formação em Licenciatura em Pedagogia, curso de Musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música, pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UCP, e Doutorado em Educação pela UERJ (ProPED), ela reflete a construção da sua trajetória pessoal e profissional na cidade com carinho. 

    “Minhas relações afetoeducativas se iniciaram nesta cidade e aqui permanecem se entrelaçando com tantas outras vivências. Assim, acredito que estou na busca de um aprimoramento pessoal e profissional que possa agregar em minha formação, na intenção de estar cada vez mais presente como cidadã petropolitana, promovendo a devolutiva de tudo que recebi desse espaço até hoje, lutando por uma educação pública de qualidade.”

    Foto: Arquivo Pessoal/Ana Clara São Thiago

    Com o olhar voltado para o futuro, Ana Clara expressa suas expectativas para Petrópolis.  “Daqui a alguns anos, estimo uma cidade com mais e mais instituições educacionais, com profissionais da educação qualificados para o cargo em exercício, remuneradas de acordo com suas funções, como já vem acontecendo. Que haja sempre grande investimento em formações para os diferentes setores da educação, principalmente na educação básica, para educadores e incentivo ao aprimoramento formativo, como é o caso da EJA.”

    Seus sonhos incluem um aumento significativo de pessoas alfabetizadas, mais crianças e jovens nas escolas, e incentivos para que, ao saírem, encontrem seu espaço de atuação social. Além disso, apaixonada pela educação, Ana Clara aspira ser parte ativa na construção e realização desses sonhos para a cidade.

    “Ser petropolitana é um orgulho imenso para mim, gosto de dizer onde moro e tenho muita alegria por isso. Mas, ser mãe de três cidadãos petropolitanos é de maior alegria ainda, posto que posso confiar nessa cidade para o bem-estar, qualidade de vida, segurança, alegria e tudo mais que Petrópolis pode oferecer. Sentir-se parte da história da nossa cidade é minha intenção, e quero transformar essa história através da educação”, conclui.

    Foto: Fernanda Bulgarelli

    Artêmio Damasceno

    A relação de Artêmio Damasceno, 26 anos, com a cidade de Petrópolis é marcada por uma diversidade de experiências. Morador da comunidade do Chapa 4, Valparaíso, Artêmio não apenas exerce a profissão de Técnico de Enfermagem no Ambulatório de Saúde LGBTQIAP+, mas também se destaca como DJ, maquiador e participante ativo da cena Ballroom Serra Kunty. “Trata-se de uma uma comunidade artística e política, periférica, um movimento formado por pessoas trans, latinas e negras para criar um sistema de celebração e pertencimento, por inclusão racial, gênero e sexualidade”, explica.

    Foto: Divulgação

    Ao refletir sobre o futuro do bairro onde mora e de Petrópolis, Artêmio expressa o desejo de que as comunidades periféricas recebam mais atenção e apoio. “Minha felicidade se dá pelos laços que tenho aqui, pelo meu emprego e amor de verdade pelo que eu faço. Porém, desejo que olhem com mais carinho para as comunidades. Aqui tem talentos e pessoas incríveis também, todas só precisam de uma oportunidade, um apoio. Cursos de capacitação, incentivo ao esporte e à cultura. A gente quer e necessita da mesma atenção que as pessoas do Centro recebem e não o que sobra”, conta. 

    Segundo o jovem DJ, outro desejo em relação ao futuro da cidade diz respeito à valorização da cultura afro-brasileira. “Diante de tantos locais que poderiam honrar a rica história desse povo, é desconcertante que tenham escolhido um local usado como banheiro na Praça da Liberdade”, ressalta. 

    Foto: João Frós Fotografia

    Como jovem e DJ ativo em Petrópolis, Artêmio também ressalta que a cidade possui uma potência jovem, mas não explora isso. “Não exploram a diversidade de cultura de rua que os jovens têm a oferecer. A vida noturna aqui é praticamente inexistente, e as poucas boates que restam operam em uma espécie de “bolha” com DJs já estabelecidos. É uma realidade difícil de se contornar. Alguns podem argumentar que as dificuldades são comuns a todos, mas para mim, um indivíduo LGBTQIAP+, pobre e periférico, as oportunidades são claramente desiguais. “Ah, mas para todo mundo está difícil”, dizem. Quantas pessoas trans você vê atendendo em lojas, trabalhando diretamente com o público? Compare isso com as oportunidades oferecidas às pessoas cisgêneras. A disparidade é evidente, e isso sem sequer considerar a questão racial”, conta. 

    Anderson Azevedo de Araujo

    Anderson Azevedo de Araujo, 26 anos, é morador da zona rural de Secretário e estudante de Direito. Sua relação com a cidade de Petrópolis é de afeto e gratidão. “Eu, meus pais e minha irmã nos mudamos para Petrópolis quando eu tinha 5 anos. Na época, havia uma professora que dava aulas para pessoas cegas como eu, o que não existia em Paraíba do Sul, minha cidade natal. A partir daí, passei a amar essa cidade. Aqui eu construí minha vida, fiz muitas amizades, conheci pessoas incríveis, me formei no ensino fundamental e médio, e hoje, graças a Deus e por meio do Vestibular Social, estou realizando um sonho que é fazer Direito na Universidade Católica de Petrópolis”, conta orgulhoso.

    A dedicação dos pais de Anderson foi fundamental para que o jovem superasse desafios. “Por muitos anos, eu e minha mãe acordávamos às 6h da manhã para chegarmos às 9h na Escola Municipal de Educação Especial Acácio Branco, no centro da cidade, e retornávamos para casa às 18h. Se hoje cheguei onde estou, é por causa dos meus pais que sempre me apoiaram”, revela.

    Como deficiente visual, Anderson destaca desafios enfrentados por ele e por outras pessoas na mesma condição, como a falta de sinalização sonora nos semáforos e travessias. “Boa parte desses locais possuem pistas táteis, porém sem indicação se podemos prosseguir ou não, atravessar sem a ajuda de um acompanhante é uma tarefa muito perigosa”, ressalta.

    Foto: Arquivo Pessoal/Anderson Azevedo de Araujo

    O jovem também destaca a necessidade de acessibilizar o transporte público em Petrópolis. “Sem o auxílio de uma pessoa que enxerga, não conseguimos saber em qual ônibus estamos embarcando.”

    Apesar de todos os desafios, Anderson mantém uma visão otimista para o futuro de Petrópolis. “Acredito que, com um olhar mais atencioso dos governantes e dos órgãos competentes e com o auxílio da tecnologia, teremos, em um futuro não muito distante, uma cidade mais inclusiva e acessível para todos os PCDS, em todas as áreas, desde a educação básica até o ensino superior, locomoção, transporte e muito mais.”

    Bernardo Costa

    “Tem muitos artistas aqui que não conseguem crescer porque falta estrutura. É isso que espero do futuro em relação à cidade, que isso seja respeitado e olhado com mais carinho.”

    Foto: Yan Balter

    Bernardo Costa, 26 anos, morador do Centro, é formado em Economia pela PUC-Rio. Sua atuação profissional está centrada na consultoria de dados e estratégia, especialmente voltada para pequenos e médios negócios. No entanto, sua influência não se restringe ao âmbito econômico. O petropolitano também desempenha um papel significativo no cenário cultural de Petrópolis.

    Como cofundador do Coletivo Skate Petrópolis, criado em 2020, Bernardo é um jovem dedicado a promover a cultura do skate na cidade, seja por meio de eventos ou da cobrança por melhorias junto ao poder público.

    Além disso, ele também integra o Coletivo Maracutaia, responsável pela organização do Coreto, palco do Rock The Mountain, e pela gestão de uma agenda cultural no Sobrado 404, na Av. Sete de Abril, no Centro.

    Foto: Divulgação/Rock The Mountain

    A trajetória de Bernardo é intrinsecamente ligada a Petrópolis. Nascido e criado na cidade, ele foi embora aos 18 anos em busca de conhecimento e oportunidades. Após quatro anos no Rio de Janeiro, decidiu retornar, movido pelo desejo de retribuir à comunidade que o viu crescer, especialmente à comunidade do skate e aos entusiastas da cultura de rua.

    “Eu saí da cidade em busca de estudo, de oportunidades e, quando alcancei isso, quis voltar para Petrópolis, mostrar às pessoas que tem como sair sem virar as costas para a cidade e ainda trazer coisas novas para cá. Sempre numa tentativa de incentivar a juventude que está em busca de uma nova perspectiva”, conta.

    Ao retornar à sua cidade natal, foi o momento em que o Skate Petrópolis ganhou forma. Ao retornar, foi o momento em que o Skate Petrópolis ganhou forma.

    Em relação ao futuro da cidade, Bernardo espera que a cidade valorize a poie iniciativas como as suas, reconhecendo a riqueza artística local e proporcionando a estrutura necessária para o crescimento de artistas.

    “Tem muitos artistas aqui que não conseguem crescer porque falta estrutura. É isso que espero do futuro em relação à cidade, que isso seja visto, respeitado e olhado com mais carinho”, conclui.

    Brenda Marchiori e Letícia Sampaio

    “Desejamos que Petrópolis seja próspera, que continue sendo um lugar acolhedor para pessoas de fora, que seja um local de oportunidades para os jovens, e que possamos crescer e nos desenvolver na nossa terra.”

    Brenda, 18 anos, e Letícia, 17 anos, nasceram em Secretário, onde cresceram e desenvolveram uma conexão significativa com a cidade e o meio ambiente por meio do Instituto Caminho da Roça (ICR).

    Brenda é aluna de violão, sanfona, coral, e integrante do projeto Guardiões Ambientais e Orquestra do Instituto Caminho da Roça. “O Instituto foi um lugar que me abriu muitas portas e me trouxe muito conhecimento”, destaca. 

    Letícia iniciou sua trajetória no ICR como aluna de violino, piano e canto coral. Com o tempo, ela passou a ser estagiária, desempenhando um papel vital na produção de conteúdo para as redes sociais e contribuindo ativamente para a divulgação dos projetos do Instituto.

    Atualmente, as duas jovens petropolitanas participam da produção de um documentário sobre Secretário. “O objetivo é resgatar as histórias locais, destacar personagens importantes e sensibilizar a comunidade sobre a importância da preservação do meio ambiente”, explicam.

    Foto: Divulgação/Instituto Caminho da Roça

    MUNDO NATURAL 

    A natureza é um mundo natural 

    onde encontramos ar pra nossa geração 

    você pode cuidar, ajudar a preservar

    nossa natureza pra que ela cresça 

    cuide das nossas águas, cuide dos animais 

    faça sua parte, ajude todos nós 

    cuide das nossas matas, não jogue lixo no chão 

    colabore para o bem da nossa geração 

    Muitos animais sem casa pra morar 

    o desmatamento, que destruiu seus lares 

    vamos ajudar a preservar esse lugar

    para que seus filhos vejam o mundo natural 

    cuide das nossas águas, cuide dos animais 

    faça sua parte, ajude todos nós 

    cuide das nossas matas, não jogue lixo no chão 

    colabore para o bem da nossa geração 

    Várias pessoas jogam plástico no chão 

    poluindo mares trazendo preocupação 

    milhares de resíduos boiando em nossas águas 

    fazendo muito mal a nossa natureza 

    cuide das nossas águas, cuide dos animais 

    faça sua parte, ajude todos nós 

    cuide das nossas matas, não jogue lixo no chão 

    colabore para o bem da nossa geração.

    Questionadas sobre o que desejam em relação ao futuro da cidade, ambas destacam: “Desejamos que Petrópolis seja próspera, que continue sendo um lugar acolhedor para pessoas de fora, que seja um local de oportunidades para os jovens, e que possamos crescer e nos desenvolver na nossa terra.”

    Ingrid Freitas

    “A cultura não nasce apenas dentro dos museus, mas também na rua, nas periferias.”

    Ingrid Freitas, 22 anos, estudante de Turismo e moradora do Morro da Oficina, no Alto da Serra, desempenha um papel fundamental como coordenadora da Roda Cultural na cidade.

    Para a petropolitana, a cultura é uma ferramenta fundamental na vida dos jovens, especialmente os da periferia. “Muitas vezes não percebemos o quanto a cultura é essencial para resgatar esses jovens de diversas situações. A roda cultural, por exemplo, atua como uma família, oferecendo suporte de diversas formas, desde doações de sangue a cestas básicas e até agasalhos. Para os jovens periféricos, a roda é um ponto de pertencimento e utilidade na sociedade”, explica.

    Foto: Giovani Garcia

    Ingrid destaca a importância de compreender o jovem petropolitano que se identifica com estilos como hip hop e funk. “Acredito que Petrópolis precisa enxergar mais o jovem, porque a cultura não nasce apenas dentro dos museus, mas também na rua, nas periferias. Também é o hip hop, o funk, a cultura de rua, a cultura periférica. Como a cidade abraça esses jovens? E se ele quiser ser artista, poeta? Entendendo isso, a gente entende a pluralidade. Minha esperança é essa, que exista mais visibilidade”, ressalta.

    Foto: Divulgação/Nação Hip Hop Petrópolis

    Lívia Bordignon 

    “Desejo que seja uma cidade exemplo de proteção de suas águas e nascentes que abastecem milhares de pessoas de municípios adjacentes, e seja reconhecida também como a provedora de alimentos orgânicos da Região Serrana.”

    Lívia Bordignon, 27 anos, moradora da Mosela, no Bataillard, é uma jovem petropolitana dedicada à ciência. Possui formação em Licenciatura em Ciências Biológicas pela UENF e está atualmente cursando Especialização em Gestão de Projetos Ambientais no IFRJ. Além disso, é a criadora do Projeto Da Serra ao Mar e faz parte ativa da Rede Bonfim + Verde. Seu envolvimento também se estende à divulgação científica na Caravana da Ciência, onde atua como mediadora em um projeto itinerante que percorre diversas cidades do estado do Rio de Janeiro, levando educação e experimentos científicos ao público.

    Ao ser questionada sobre sua relação com Petrópolis, Lívia destaca que essa ligação vai além de suas origens, influenciando diretamente em sua formação e identidade. “Minha relação com a cidade se estende para a formação e construção de quem eu sou.”

    Quando se trata do futuro de Petrópolis, Lívia almeja uma cidade mais resiliente diante da crise climática. “Além disso, espero ver uma cidade mais inclusiva, principalmente no que tange à diversificação de espaços e manifestações culturais. Espero ver Petrópolis para além da narrativa já existente, como uma cidade reconhecida não só como a Capital Estadual das Unidades de Conservação, mas pelo reflexo do cuidado com sua natureza exuberante e seus recursos naturais, além da valorização da biodiversidade socioambiental, também dando visibilidade a todas as formas de expressão cultural. Desejo que seja uma cidade exemplo de proteção de suas águas e nascentes que abastecem milhares de pessoas de municípios adjacentes, e seja reconhecida também como a provedora de alimentos orgânicos da região serrana”, ressalta. 

    A jovem é também parte da Rede Bonfim + Verde, uma iniciativa que começou em junho de 2021. O grupo busca promover ações integradas entre a comunidade rural do Bonfim e colaboradores externos para contribuir com práticas de manejo sustentáveis e estimular a transição agroecológica local. Suas atividades incluem eventos culturais, hortas pedagógicas em escolas municipais e encontros focados na aprendizagem compartilhada de saberes e experiências em agroecologia. “Entre as principais reivindicações da rede estão a promoção da segurança e soberania alimentar através da produção de alimentos sem agrotóxicos; o incentivo a práticas de cultivo agroecológicas; a sensibilização ambiental, a promoção da pedagogia da reconexão, a aproximação da comunidade as Unidades de Conservação presentes no território, entre outras práticas. Acreditamos na agroecologia como estratégia de enfrentamento à crise climática”, conclui.

    Dayana Guimarães

    “No futuro, vejo uma Petrópolis mais segura e sustentável.”

    Dayana Guimarães, 23 anos, moradora  da comunidade do Neylor, é uma jovem engajada com a educação ambiental. Além de sua atuação como mediadora cultural na Casa de Petrópolis, ela é estudante de Turismo no CEFET/RJ e voluntária no Instituto Todos Juntos Ninguém Sozinho.

    “Eu nasci em Petrópolis e moro aqui até hoje, gosto muito da cidade apesar de seus problemas. Ela é relativamente segura em comparação à capital, entretanto, não há políticas públicas que assegurem a população dos desastres ambientais”, destaca. 

    Foto: Thiago Alvarez

    A jovem destaca a necessidade de políticas eficazes para proteger a população dos desastres ambientais, mas expressa esperança em relação ao futuro. “Espero que haja mais oportunidades de lazer, trabalho para os jovens da cidade, moradia digna e segura a população. Nesta vertente, também ressalto a necessidade de melhorias significativas sobre a estrutura da cidade para receber as chuvas intensas de verão [como as do ano de 2022] com mais segurança. Principalmente por causarem pânico e medo a toda população, especialmente à preta e periférica, a que mais sofre com os desastres ambientais. Apesar disso, no futuro, vejo uma Petrópolis mais segura e sustentável”, relata. 

    Dayana também é parte integrante do Instituto Todos Juntos Ninguém Sozinho (TJNS), que evoluiu de um projeto social para um instituto dedicado à Justiça Climática. Ela atua na pasta por meio de diversas iniciativas, incluindo a educação ambiental. As principais reivindicações do TJNS são o combate ao racismo ambiental, à fome e à pobreza.

    Na pasta de Justiça Climática, a petropolitana destaca seu envolvimento desde 2023, quando participou do plantio de mudas no Festival Rock the Mountain. Sua atuação é focada na conscientização sobre o racismo ambiental e na arrecadação de doações para auxiliar mulheres pretas em situação de vulnerabilidade social em Petrópolis. 

    “A partir da conscientização do público sobre o conceito do Racismo ambiental, também arrecadamos doações para o Instituto ajudar mulheres pretas que vivem em situação de vulnerabilidade social aqui no município de Petrópolis. Atualmente atuo no grupo de educação ambiental, e nosso objetivo está voltado para o diálogo com a população, a fim de promover eventos e ações sobre sustentabilidade e meio ambiente”, conclui. 

    Laís Corrêa

    A petropolitana Laís Corrêa, 25 anos, é autora do romance jovem “Por um triz”, lançado no último ano no Plenário da Câmara Municipal. A jovem é deficiente visual desde nascença e utiliza o auxílio de tecnologia assistiva no dia a dia. Para ela, apesar da cidade ser um lugar de paz, tem tudo para evoluir no quesito acessibilidade. 

    “Imagine uma cidade em que as pessoas com deficiência visual possam visitar o Museu Imperial, encontrando uma réplica das roupas e itens da era colonial para tocar, proporcionando uma experiência prática de conhecer um pouco da história da cidade. Um museu que permita sentir os traços das pessoas ali representadas. Ônibus com sistema sonoro, assim como já existe nos metrôs das grandes cidades. Escolas que verdadeiramente incluam alunos com algum tipo de necessidade específica. Estabelecimentos com acessibilidade, garantindo autonomia para a pessoa com deficiência resolver seus problemas, realizar suas compras e desfrutar de momentos de lazer. E, acima de tudo, uma capacitação profissional e oportunidades de emprego para pessoas com deficiência visual ou física, pois somos os mais prejudicados na hora de concorrer a uma vaga de trabalho. Por vezes, sequer temos a chance de nos inscrever no processo seletivo. Digo isso com propriedade, pois já vivi essa situação na pele”, ressalta.

    Foto: Divulgação

    A jovem destaca a dificuldade de caminhar pelas ruas da cidade sem acompanhante. “Hoje em dia, conseguimos encontrar pistas táteis no chão em alguns lugares do Centro Histórico, além de calçadas com rampas. Mas ainda não é o suficiente, pois existe uma série de impedimentos, mesmo nos locais onde possui alguma acessibilidade. E isso tudo sem contar os buracos no meio da calçada, a falta de acessibilidade nos estabelecimentos comerciais, a falta de sinais sonoros. As calçadas, por exemplo, por vezes estão com carros parados exatamente no local onde o PCD precisa passar. Além disso, as pistas táteis são colocadas em locais onde direciona a pessoa com deficiência visual até uma parede, um poste ou outro local sem sentido. Ou seja, uma ferramenta que deveria auxiliar na mobilidade, acaba atrapalhando.”

    Maria Luiza Borges

    “É fundamental que Petrópolis reconheça e valorize o skate, não apenas pelo fato de ser um esporte olímpico há 4 anos, mas também por ser uma ferramenta de transformação e inclusão social”

    Maria Luiza Borges,  23 anos, é moradora de Nogueira e atua como defensora do skate feminino na cidade há muitos anos. “Represento o skate feminino em Petrópolis desde a adolescência, buscando melhorias para a cena do skate local”, destaca.

    Ao discutir suas expectativas para o futuro de Petrópolis, ela expressa seu desejo de que o skate seja reconhecido e valorizado. “Acredito que o poder público possa incentivar e valorizar o skate por meio de projetos de aulas, manutenção e melhorias nas pistas, e promoção de eventos para fomentar o esporte na cidade”, ressalta Maria Luiza, apontando caminhos para o desenvolvimento do skate em Petrópolis.

    Foto: João Saidler

    A jovem faz parte do Coletivo Skate Petrópolis desde sua criação em 2020, onde se empenha em unir os skatistas da cidade para reivindicar melhorias e garantir os direitos da comunidade skatista. “Nosso objetivo é promover esses objetivos por meio de ações, reuniões, eventos e posicionamentos”, explica.

    Em 2023, Maria Luiza iniciou um projeto social com a finalidade de incentivar e fortalecer a cena do skate na cidade, oferecendo aulas gratuitas para crianças e adolescentes. Apesar dos desafios enfrentados, como a falta de suporte e incentivo, ela persiste na busca por apoio e parcerias para viabilizar a retomada das aulas de skate gratuitas e continuar impactando positivamente a comunidade petropolitana por meio desse esporte. Isso porque a petropolitana enxerga  o skate não apenas uma prática esportiva saudável, mas também uma ferramenta com inúmeros benefícios sociais, promovendo a socialização, concentração, equilíbrio e melhoria da saúde mental.

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