Petrópolis da nova era
O escritor Julio Verne estava certo ao afirmar que a cidade é como um livro. A arquitetura, o trânsito de veículos, o fluxo de pessoas, os sons, a organização espacial e os fluxos energéticos de uma cidade não ocorrem por acaso. Há duas grandes tendências históricas perfeitamente legíveis no “livro” de uma cidade. Uma é a desagregação geral de uma sociedade que só acredita nos valores materiais e sensoriais. O grande centro das atenções dessa sociedade é o dinheiro em si, desvinculado do bem comum a que deveria servir. O crime, as drogas e a violência são agentes dessa destruição. Dirigentes políticos e econômicos dão o exemplo, roubando, com diferentes graus de sutileza, o dinheiro do povo trabalhador. A outra tendência bem visível é o surgimento de uma nova sociedade onde os valores espirituais, energéticos e mentais são bastante valorizados. Essa nova sociedade surge no meio da antiga, trazida por vários movimentos inteligentes e inovadores que apregoam o vínculo com ações ligadas a nova era: uma religiosidade vivencial, movimentos espiritualistas, práticas como o ioga e o tai chi chuan, livros de autoajuda, inteligência emocional, estímulo à criatividade, arte comunitária, música como cultura, alimentação natural e orgânica e a defesa do meio ambiente. A cidade ideal é buscada desde a antiguidade. Pitágoras fundou Crotona, uma cidade comunitária voltada para a sabedoria. Platão e Plutarco descreveram sociedades ideais. Uma coisa absolutamente certa e comprovada é que o planejamento é a base para uma cidade se tornar modelo de inteligência e sustentabilidade. Hoje, novos conceitos são disseminados para se atingir os objetivos que possibilitem a meta supra-citada. Trazido do espaço natural da antiga China o feng shui (literalmente, vento e água) deve, num futuro próximo, ser aplicado em espaços urbanos abertos e no planejamento das cidades brasileiras. Dentre elas Petrópolis. Já escrevi, neste jornal, vários artigos sobre a importância do planejamento e, especificamente, do planejamento estratégico. Palavras ao vento! Soluções para problemas urbanos, inclusive sobre os alagamentos provocados pelos rios, de baixo custo e de fácil aplicabilidade, foram apresentadas. Palavras ao vento! Uma Petrópolis da nova era deve corrigir os atuais problemas através de ações inteligentes e compatíveis com o cenário administrativo atual. Entre outros benefícios, deverá perseguir: corredores verdes, com paisagismo, ao longo de toda a cidade; ciclovias de ponta a ponta do município; tratamento de águas residuais; combate a todo tipo de poluição; aproveitamento de águas pluviais; coleta inteligente de resíduos; produção de energia solar e eólica; serviços de saúde e educação com maximização de qualidade e atendimento; praças com equipamentos esportivos que geram energia por meio dos movimentos dos cidadãos; monitoramento da qualidade do ar e da água; redes inteligentes de eletricidade e água; iluminação pública inteligente; aplicativos para serviços de mobilidade compartilhada – como carros, motos e bikes; transporte coletivo de qualidade que seja opção para que os veículos particulares não sejam utilizados no dia a dia; hortas orgânicas compartilhadas e espalhadas por toda a cidade; apoio para eventos culturais de qualidade, para lazer dos moradores, enfim, todos os itens previstos como variáveis em um modelo correto de planejamento estratégico de implantação imediata. Amigos leitores, moradores de Petrópolis, executivo, legislativo e judiciário, vamos dar as mãos e fazer de Petrópolis uma cidade da nova era. Acreditem, é possível! No futuro diremos, não com orgulho, mas satisfeitos e agradecidos, aos nossos filhos, netos e bisnetos: – Esta é a cidade que vos entrego!
achugueney@gmail. com..