• Petrópolis, capital dos produtos orgânicos: vocação cultivada com dedicação e sem agrotóxicos

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  • 08/10/2018 14:08

    Cenoura, beterraba, espinafre, couve, mostarda e aipo, são alguns dos legumes e verduras que são colhidos na horta orgânica do produtor Edvaldo Vieira. Em 2001, ele e mais dez produtores iniciaram uma feira de produtos orgânicos ao lado da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Rua Montecaseros. Dezessete anos depois, a feira se estabeleceu no entorno do Palácio Sérgio Fadel, e é um dos principais pontos de venda de orgânicos no Centro. Iniciativas como essa, fortalecem a produção orgânica da região e contribuiu para que a cidade recebesse o título de Capital Estadual dos Produtos Orgânicos. 

    Petrópolis possui hoje, cerca de 92 produtores orgânicos cadastrados no Ministério da Agricultura. Sendo o maior polo de orgânicos da região, foi concedida pela Assembleia Legislativa do Estado do rio de janeiro (Alerj) através do projeto de lei 3.582/2017 o título de Capital Estadual dos Produtos Orgânicos. Uma grande conquista, comemorada pelos produtores, que além de terem o desejo de expandir a produção no município, veem o título como um ponto positivo para a economia e turismo local.

    “Acredito que esse título vai trazer mais investimentos para a cidade e ajudar no turismo. O orgânico é uma questão que está deixando todos antenados, não só Petrópolis, é no mundo, e só esta crescendo. Investir nesse mercado é investir na saúde e na qualidade de vida”, destacou Edvaldo, que é presidente da Associação dos Produtores Orgânicos de Petrópolis.

    O produtor começou cedo a trabalhar em hortas, desde os oito anos ajudava a família na lavoura, fazendo a limpeza. Anos com contato direto com agrotóxicos, transformou o pulmão de Edvaldo em uma bomba. Aos treze anos, respirava com dificuldade e conta nos dedos as vezes que ficou internado por conta de problemas respiratórios. Aos 21, Edvaldo iniciou a plantação de orgânicos. E além de começar um novo negócio, mudou completamente sua saúde. 

    “Em cinco anos sem contato com agrotóxicos, e mudando minha alimentação para os orgânicos, consegui recuperar meus pulmões. Estou há 20 anos sem esse veneno, e agora tenho mais qualidade de vida. E é por isso que invisto no orgânico, meu sonho é que cada vez mais a sociedade se conscientize do mal que os agrotóxicos trazem para o corpo. Muito mais saúde para a população”, destacou.

    A feira de orgânicos é mantida por dois produtores. Funciona aos sábados de manhã, até 13h. A colheita que começou nem com dez caixas, hoje já fornece 24 por semana. Além do Centro, o grupo familiar de Edvaldo também fornece para uma feira em Ipanema, no Rio de janeiro, uma vez por semana. A horta orgânica envolve um trabalho mais manual, e segundo Edvaldo, por isso acaba encarecendo o produto final. 

    “A gente é o que a gente come, eu sempre digo isso. Os hospitais não se constroem assim de um dia para o outro, com mais qualidade de vida diminui a demanda por hospitais e medicamentos. Aqui na cidade, por exemplo, é uma farmácia em cada esquina. E não deveria ser assim”, completou o presidente da associação. 

    Para o secretário de desenvolvimento Econômico do município, Marcelo Fiorini, o título é um estímulo para que outros agricultores também passem a produzir dessa forma. “O mercado dos orgânicos está em constante crescimento e o poder público estuda outras formas de estímulo para o crescimento da produção. Um dos pontos que está em análise é inclusão de produtos orgânicos no cardápio da merenda escolar”, afirmou. 

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