Pesquisadores do Rio investigam proteína atuante no processo de replicação do Covid-19
Pesquisadores da Rede Ressonância Magnética Nuclear do Rio de Janeiro participam do consórcio internacional para desvendar a conformação de estruturas das proteínas do SARS-CoV-2 e que possam ser úteis na triagem de drogas para tratar a doença. O projeto recebeu apoio financeiro de R$ 180 mil reais da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro.
O pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fábio Almeida, conta que o grupo brasileiro estuda a proteína N, participa do processo de transcrição do vírus, como uma peça-chave regulatória no espalhamento do novo coronavírus no organismo. Se os pesquisadores conseguem atingir a estrutura da proteína N, conseguem inviabilizar a replicação do vírus.
O grupo vem estudando cepas de 5 betacoronavírus e produzindo em laboratório RNAs que são específicos nesse processo regulatório. Até o momento, ninguém conhece bem como isso acontece no nível molecular e estrutural, explica Fábio. Para entender melhor, o grupo utiliza ferramentas de Ressonância Magnética Nuclear, em um dos equipamentos mais modernos instalados em toda a América Latina, e em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), descreve as características da proteína e os compostos ligantes e deposita em uma biblioteca open science (ciência aberta). As bibliotecas com essas informações, já implantadas na Europa, servem para a triagem de possíveis compostos ativos contra a covid-19.
No Hemisfério Sul, o Brasil é o único país a fazer parte do consórcio Covid-19-NMR, que envolve 14 países e mais de 120 pesquisadores. No Brasil, participam da iniciativa além da UFRJ, do LNCC e da Fiocruz, no Rio de Janeiro; grupos da Unicamp e de São José do Rio Preto.