• Pesquisa reitera cenário de empate triplo e campanhas preparam tática para a TV

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  • 29/ago 07:37
    Por Juliano Galisi, Zeca Ferreira, Bianca Gomes, Pedro Augusto Figueiredo, Karina Ferreira, Pedro Lima e Guilherme Naldis / Estadão

    Às vésperas do início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, o cenário de empate triplo na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo foi reforçado pela pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 28. Segundo o levantamento – o primeiro do instituto a medir as intenções de voto do eleitor paulistano após o registro das candidaturas -, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) registrou 22% de menções no cenário estimulado, seguido pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), ambos empatados numericamente com 19% das intenções de voto. Como a margem de erro é de três pontos porcentuais, eles estão em empate técnico.

    A ascensão de Marçal na curva de intenções de voto já havia sido detectada por outro instituto, o Datafolha, na semana passada. O indicativo de briga acirrada por duas vagas em um eventual segundo turno obrigou as principais candidaturas a ajustarem suas estratégias na disputa – antes polarizada em Boulos e Nunes. O começo do horário eleitoral, amanhã, deverá refletir esse momento da campanha.

    Apesar das críticas de apoiadores, a campanha de Boulos pretende manter a tática adotada até agora de trabalhar uma postura mais “light” do candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A intenção é manter os discursos focados na apresentação de propostas para a cidade. Interlocutores do candidato do PSOL demonstraram preocupação de que, caso Boulos adote um tom mais agressivo contra Marçal – como desejado por parte da militância -, isso possa reforçar a imagem de “radical” que uma parcela do eleitorado já tem dele.

    Essa apreensão é reforçada por pesquisas qualitativas às quais a campanha teve acesso. Segundo um aliado de Boulos ouvido pela reportagem, esses levantamentos indicam que a pecha de radical é o principal motivo citado por eleitores que escolhem não votar no candidato do PSOL. Desde antes do período eleitoral, Boulos vem tentando desconstruir essa imagem negativa, associada ao seu passado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

    Para isso, o deputado tem feito ajustes em seu visual, adotando roupas mais alinhadas, e evitado tratar de temas caros ao seu partido, mas que podem intensificar a imagem que ele tenta desconstruir.

    No rádio e na TV, Nunes terá vantagem. O prefeito e candidato à reeleição terá, sozinho, mais de 60% do tempo diário reservado para a propaganda eleitoral nos veículos, conforme divulgou o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) na última quinta-feira. Boulos, o apresentador e jornalista José Luiz Datena (PSDB) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB) ficam com os quase 40% restantes do horário por dia. Os outros seis postulantes ao cargo, incluindo Marçal e Marina Helena (Novo), não terão presença no horário eleitoral.

    Tarcísio

    Na primeira eleição em que será testado como cabo eleitoral, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se tornou o principal articulador da candidatura de Nunes, atuando nos bastidores para manter os partidos de sua base na coligação do emedebista e evitar a fragmentação da direita na capital – um plano que sofreu um forte baque com a entrada de Marçal na corrida eleitoral.

    Tarcísio, inclusive, agiu para evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse a flertar com a candidatura do influenciador. Agora, além de reforçar a atuação nos bastidores, ajudará a dar uma cara ao programa eleitoral do prefeito. Uma das sugestões do governador foi intensificar as agendas conjuntas com Nunes e concentrar os programas do horário eleitoral nas obras e realizações da gestão, numa tentativa de destacar a administração. Segundo interlocutores, Tarcísio deverá aparecer com frequência nas inserções do horário eleitoral gratuito do prefeito, provavelmente mais que Bolsonaro.

    Além de ressaltar a parceria entre eles, aliados de Nunes afirmam que Tarcísio mencionará na TV e no rádio qualidades que enxerga no prefeito. A avaliação é de que há necessidade de transmitir aos eleitores características pessoais de Nunes, já que Marçal transformou a eleição em uma discussão sobre os valores morais dos candidatos.

    Aliados relatam que Tarcísio demonstrou entusiasmo com a gravação dos programas eleitorais e pediu que Nunes enviasse o material para ele assistir antes que os vídeos entrem no ar. Conforme aliados de Nunes, o governador também opina sobre os rumos e estratégia da campanha.

    Uma das sugestões de Tarcísio foi que o prefeito procurasse o marqueteiro argentino Pablo Nobel, que fez a campanha dele em 2022 e ajudou na campanha de Javier Milei em 2023. A avaliação de Tarcísio é a de que Nobel pode ajudar no planejamento de campanha e melhorar as redes sociais de Nunes. O argentino tem contribuído informalmente com a campanha, mas sem interferir na estratégia de Duda Lima, marqueteiro oficial do candidato à reeleição.

    Especialistas ouvidos pelos Estadão afirmaram que, mesmo com a relevância assumida pelas redes sociais e a diminuição do tempo gasto pelos eleitores brasileiros em frente à televisão ou ouvindo o rádio, a propaganda eleitoral ainda tem papel decisivo. A estratégia, principalmente televisiva, pode ser determinante sobretudo para os eleitores que não sabem em quem votar.

    Perfis suspensos

    Além de não figurar no horário eleitoral, Marçal sofreu um novo revés ontem. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo negou o pedido do candidato do PRTB para que os perfis dele nas redes sociais fossem reativados. No último sábado, uma decisão liminar mandou que os perfis fossem tirados do ar, atendendo a um pedido da campanha de Tabata Amaral. A decisão foi motivada por indícios de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação na remuneração de usuários para produzir “cortes” e divulgá-los nas redes.

    A pesquisa Quaest de ontem mostrou também Datena com 12% das intenções de voto, Tabata com 8% e Marina Helena com 3%. O candidato do DC, Bebeto Haddad, apareceu com 2%. Os outros candidatos não pontuaram. Os indecisos somaram 8%, e 7% disseram que vão votar branco, nulo ou não irão às urnas.

    O instituto Quaest entrevistou 1.200 paulistanos de 16 anos ou mais, de forma presencial, entre os dias 25 e 27 de agosto. A margem de erro é de três pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-08379/2024.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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