Pesquisa da Uerj sobre coronavírus no ambiente ganha financiamento da ONU
Um reconhecimento internacional fantástico. Foi assim que o professor Heitor Evangelista, do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (Laramg) do Departamento de Biofísica e Biometria da Uerj, definiu a boa notícia: a Agência Internacional de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas (AIEA-ONU) vai financiar equipamentos completos a serem utilizados para análise de carga do coronavírus no meio ambiente. No total, os itens somam o valor de R$ 500 mil, e a principal aquisição é um aparelho de RT-PCR.
Desde o início da pandemia, Evangelista e sua equipe vêm mapeando essa carga viral em locais de grande circulação na cidade, como as comunidades da Rocinha e Dona Marta, além do Centro do Rio de Janeiro. Os pesquisadores coletavam as amostras, mas precisavam levá-las para análise em outro laboratório da Uerj (Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação – HLA) ou para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A partir de agora, com o aparelho de RT-PCR, vão poder fazer as análises dentro do próprio Laramg, o que trará mais agilidade ao mapeamento de áreas consideradas críticas para Covid-19.
– Nossa proposta de pesquisa não é voltada para o impacto direto do coronavírus no organismo das pessoas, e sim para sua presença no ambiente. Com a aquisição deste aparelho próprio, os resultados sairão em apenas dois dias. Esperamos que isso ajude as autoridades responsáveis a pensar em políticas públicas que, de fato, contemplem as áreas mais atingidas – explicou Evangelista.
O trajeto para a conquista
Para chegar a essa conquista, o caminho não foi fácil. O primeiro passo foi estabelecer contato com o diretor da AIEA-ONU, Raul Ramirez Garcia, em Viena, com o objetivo de relatar sobre o trabalho desenvolvido pelo Laramg no mapeamento de áreas críticas de Covid-19 no Rio de Janeiro. Porém, o fundo destinado a projetos só contemplava estudos voltados à testagem RT-PCR em pessoas, para controle do número de infectados. Muitos relatórios, fotos e dados foram produzidos pela equipe do Laboratório para mostrar a importância de também se investir na análise da carga viral em ambientes populosos, como uma das estratégias de controle da doença.
Depois de conseguir o aval de um representante da AIEA-ONU no Brasil, a equipe finalmente obteve autorização para participar de uma concorrência internacional.
– Praticamente todos os países do mundo participaram. Quase três meses depois, recebemos essa notícia positiva. Esperamos mostrar aos nossos governantes que precisamos de apoio para dar continuidade às pesquisas no país – concluiu o pesquisador.
Os equipamentos ainda não chegaram ao Brasil, mas a previsão é de que até o fim de outubro já estejam instalados na Universidade.