• Pesquisa analisa aumento de casos de coqueluche em crianças

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  • 09/out 08:13
    Por Redação/Tribuna de Petrópolis I Foto: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde

    O aumento expressivo dos casos de coqueluche em crianças menores de 5 anos reacendeu o alerta para a importância da vacinação e da vigilância em saúde. Em 2024, o Brasil registrou 4.304 casos da doença nessa faixa etária, contra 318 em 2023 — um salto de 1.253% em apenas um ano. E, embora o cenário nacional seja preocupante, Petrópolis também registrou ocorrências que exigem atenção: 17 casos e 7 internações entre 2024 e 2025, sem registro de óbitos.

    Os dados fazem parte de uma análise conduzida pelo Observa Infância, iniciativa de divulgação científica do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP). O objetivo é compreender o impacto das doenças infecciosas na infância, com foco especial nas desigualdades regionais e nas políticas de imunização.

    “Em Petrópolis, os números absolutos estão baixos e não houve mortes recentes, o que é um dado positivo. No entanto, em nível nacional, o Brasil enfrentou uma onda bem mais intensa, inclusive com aumento de óbitos — até mesmo entre crianças. Isso nos lembra que, apesar da situação local parecer mais tranquila, o risco não está eliminado. O cenário nacional e o de outros estados indicam a necessidade de manter atenção redobrada. No caso específico de Petrópolis, é fundamental que a Secretaria Municipal de Saúde acompanhe possíveis atrasos na aplicação das doses de reforço, intensifique a detecção oportuna de casos por meio de exames de PCR e esteja preparada para responder rapidamente. Afinal, os picos da doença acontecem em ciclos e, muitas vezes, atingem cidades que, em um primeiro momento, apresentam indicadores aparentemente estáveis”, explicou a professora da UNIFASE/FMP, Patricia Bocollini. Ela é uma das coordenadoras da pesquisa junto com Cristiano Bocollini.

    Segundo o levantamento, a coqueluche, também conhecida como “tosse comprida”, é uma infecção respiratória altamente contagiosa, que pode ser grave em bebês e crianças pequenas. O aumento recente no país vem sendo associado à redução das coberturas vacinais observadas nos últimos anos e à retomada da circulação bacteriana após o período de isolamento causado pela pandemia.

    “Apesar de avanços registrados nos últimos anos, o Brasil ainda não conseguiu atingir a meta de 95% de cobertura vacinal. Em agosto de 2025, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) divulgou um relatório alertando que a queda na imunização não é exclusividade do país: em todo o continente americano, a pandemia contribuiu para reduzir significativamente os índices de vacinação. O cenário é marcado por forte desigualdade. Embora os dados nacionais e até mesmo estaduais possam sugerir uma situação relativamente estável, a análise detalhada dos municípios revela grandes disparidades. Em muitas localidades, persistem bolsões de crianças desprotegidas, sem vacinação ou com doses atrasadas, o que mantém riscos elevados para surtos de doenças evitáveis. Outro ponto de atenção destacado por especialistas é a imunização no pré-natal. A vacina contra a coqueluche (dTpa), aplicada em gestantes, é fundamental para proteger os bebês nos primeiros meses de vida, período em que eles ainda não completaram o esquema vacinal. A recomendação é de que a cobertura entre gestantes seja ampliada para reduzir a vulnerabilidade dessa faixa etária”, destaca a especialista.

    A cobertura da vacina tríplice bacteriana (DTP) em menores de 1 ano no Brasil subiu de 87,6% em 2023 para 90,2% em 2024, mas ainda está abaixo da meta nacional de 95% estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Essa diferença, embora pequena, mantém uma margem de vulnerabilidade capaz de favorecer o ressurgimento da doença. Patricia Bocollini faz um alerta: para que a onda nacional observada não tenha impacto local é preciso destaque no papel da atenção primária e da chamada “busca ativa”, que consiste em identificar e vacinar crianças que ainda não completaram o esquema ou que deixaram de receber as doses de reforço.

    “A principal recomendação para Petrópolis é manter e recuperar os esquemas vacinais, especialmente no contexto da nova campanha de imunização. Isso inclui garantir que crianças recebam as doses nos períodos corretos — aos 2, 4 e 6 meses, além dos reforços —, ampliar a cobertura da vacina dTpa em gestantes e realizar a testagem precoce em casos suspeitos, para proteger crianças menores de cinco anos”, finaliza.

    Campanha de Multivacinação

    O Ministério da Saúde iniciou, nesta semana, a Campanha Nacional de Multivacinação, voltada para crianças e adolescentes de até 15 anos. A ação acontece entre os dias 6 e 31 de outubro, período em que pais e responsáveis poderão atualizar a caderneta de vacinação. Como parte da mobilização, o chamado Dia D está marcado para 18 de outubro, quando postos de saúde em todo o país devem intensificar o atendimento para ampliar a cobertura vacinal.

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