Personal fala sobre os perigos das dietas da moda
Luiz Carlos de Moraes é um experiente Personal Trainer há mais de 46 anos e cita na entrevista que estudo mostrou que dietas com pouco carboidrato, muita proteína e gordura tiveram risco aumentado de doenças cardiovasculares. Diz também que os carboidratos e as proteínas que o corpo precisa depois do exercício físico podem ser repostos com alimentação natural. – Depois da corrida a gente se sente atraído a fazer aquele lanchinho na padaria. – completa.
TRIBUNA – Volta e meia na mídia vem à tona as dietas com promessas de emagrecimento. Entre essas dietas vem a mania de não comer carboidrato. O que você tem a dizer sobre isso?
Luís Carlos de Moraes – “A dieta pobre em carboidrato é chamada cetogênica com aplicação terapêutica no tratamento de crianças e adolescentes com epilepsia que não respondem ao tratamento medicamentoso, nos casos de obesidade de risco, patologias cardiovasculares, diabetes, alguns casos de câncer entre outras doenças. Nos casos terapêuticos pelo óbvio o acompanhado é médico. Os carboidratos são a nossa principal fonte de energia e no esporte estoques baixos de carboidratos são responsáveis por fadiga precoce. O apelo é sempre o mesmo. Emagreça quilos em poucos meses. E mais, alardeiam mas não citam os estudos”.
TRIBUNA – E no caso contrário? Existem estudos que possam condenar dietas sem carboidratos para pessoas sadias?
Luís Carlos de Moraes – “Sim. Citando um deles, Lagiou et al. 2012 a partir de amostra com 43.396 mulheres suecas com idades entre 30 e 49 anos que fizeram dietas com pouco carboidrato, muita proteína e gordura tiveram risco aumentado de doenças cardiovasculares ao longo dos 15,7 anos que durou o estudo. Lembro que: Um artigo científico, ao contrário de qualquer texto que se encontra na internet ou em livros, é necessário uma criteriosa avaliação cética por vários membros acadêmicos e cientistas para ser aceito como um artigo com verdade científica. precisa ser indexada a grandes bases de dados científicos mundiais.
TRIBUNA – No esporte e na atividade física existem conceitos relacionados a ingestão de proteína depois da atividade para recuperar o músculo. Essa informação faz sentido?
Luís Carlos de Moraes – ´Muita gente se entope de proteína porque ´falaram´ que o corpo precisa dela para recuperar o músculo. Até aí a informação tem validade consensual entre os estudiosos, mas isso não quer dizer que ´quanto mais melhor´. Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition liderado por Kevin Tipton homens na faixa de 80 kg de peso corporal e treinados, após fazer musculação ingeriram 0, 10, 20 e 40g de Whey Protein. Os resultados apontaram que a síntese proteica foi estimulada ao máximo com 20g. A ingestão de 40g provocou aumento da oxidação de aminoácidos e da produção de ureia além de elevar a secreção de insulina. Ou seja, o excedente fez os rins trabalharem mais a troco de nada. O resultado de 20g do estudo conduz a uma relação aproximada de que o corpo aproveitaria 0,25g/kg corporal.
TRIBUNA – É possível fornecer essa quantidade de proteína depois da atividade física com alimentação natural?
Luís Carlos de Moraes – “Sim. Veja bem. Cada 100g de salmão contém 23,8g de proteína. Se preferir pode escolher a pescada com 19,2g. Os queijos de modo geral contém 26g de proteína. A carne de vaca são 26,4g e a de frango 23,8g. Ou seja, se você fizer um lanchinho depois da musculação ou da corrida longa com um suco de fruta fresca preparado na hora e um sanduíche natural com uma dessas proteínas aí estará ingerindo carboidrato e proteína na dose mais próxima que o corpo está pedindo de volta para repor a energia gasta e reconstruir os músculos. Já reparou que depois da corrida a gente se sente atraído a fazer aquele lanchinho na padaria?”
TRIBUNA – Nas corridas principalmente as de longa duração o carboidrato é mesmo o combustível principal?
Luís Carlos de Moraes – “Na área de Nutrição já existe consenso que nas corridas de longa duração a ingestão de carboidrato antes, durante e depois dos treinos e/ou competições é fundamental devendo-se levar em consideração o índice glicêmico baixo, moderado e alto para cada situação baseada na intensidade e/ou duração. Cada um tem a sua adequação para evitar a fadiga por excesso ou por falta”.
TRIBUNA – Qual o conselho que você daria às pessoas que procuram qualidade de vida?
Luís Carlos de Moraes – “Que façam a atividade física que proporcione prazer, mas façam com orientação de profissionais habilitados nas respectivas áreas de Educação Física e Nutrição. Fujam das dietas da moda e consulte um nutricionista. Não copie treino dos outros. Consulte um profissional de Educação Física. Respeite sua saúde”.