Perguntas céticas
“De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (João 1.46)
Natanael era um homem bom, sincero, religioso. Ao mesmo tempo, cético e preconceituoso. Conhecia bem as Escrituras Hebraicas, a Lei de Moisés. Falava o que pensava, não fingia.
E Nazaré? Nazaré era uma vila insignificante na Galileia, no norte da Palestina, o lugar escolhido por Deus para Seu Filho crescer. Maria e José eram de lá. Por que existe esse preconceito de Natanael contra Nazaré, um lugar de característica rural, lugar de operários, de pessoas mais humildes, mais simples? Nazaré ficava longe do centro religioso e político, longe de Jerusalém, cidade mais desenvolvida. A Palestina era uma região de população mais mista, com mais pessoas de regiões vizinhas, imigrantes gentios.
Parece que o preconceito regional ou geográfico existe em todos os tempos e lugares ao longo da história. Nazaré é uma cidade pequena e insignificante, sequer mencionada no Antigo Testamento. Dificilmente seria o lugar de onde se esperaria a vinda do Messias.
O preconceito de Natanael era também religioso. Jerusalém era o centro religioso do povo de Israel. Além disso, as Escrituras diziam que de Belém sairia o Messias (Miquéias 5.2; João 7.42). Como poderia vir de Nazaré?
Natanael lança a pergunta “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” como resposta à afirmação de Filipe: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiam os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José.” E Filipe, em vez de responder, simplesmente convida: “Vem e vê.”
Muitas vezes, a resposta ao ceticismo é fazer a pessoa ver com os próprios olhos. Quando aquele que duvida vê, não há mais como duvidar. É como Tomé (João 20.24-28): precisou ver para crer. Assim muitas vezes somos nós: precisamos ver para crer. Neste sentido, tanto Jesus como o livro de Hebreus nos convidam a crer sem ver: “Bem-aventurados os que não viram e creram.” (João 20.28); “Ora, a fé é a certeza …, a convicção de fatos que não se veem.” (Hebreus 11.1)
É pertinente neste momento destacar tanto a reação de Filipe como de Jesus.
Filipe, ao ser questionado por Natanael, não discute com ele. Não ficou defendendo o que dissera nem usou de palavras agressivas. Simplesmente convidou: vem e vê. Conosco também deveria ser assim quando nos questionam sobre a nossa fé, nossa Igreja. Quantas vezes nossa Igreja é criticada. Quantas vezes somos questionados. Muitas vezes, não resolve discutir. O convite “vem e vê” é por vezes mais produtivo: “Venha a um culto. Participe de um estudo bíblico. Veja por você mesmo!”
A segunda questão a considerar é que Jesus não recriminou Natanael. Pelo contrário. Começa elogiando Natanael: “eis um verdadeiro Israelita, em quem não há dolo.” (João 1.47). Diante desta afirmativa de Jesus, Natanael fica desconcertado. Como poderia Jesus saber algo dele? Se ele era israelita verdadeiro e sem dolo? E Natanael pergunta: “Donde me conheces?” (João 1.48) Ao que Jesus responde: “Eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.” (João 1.48). Diante destas palavras de Jesus, Natanael só pode ser uma: “Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel.” (João 1.49). Confessou que Jesus era o Filho de Deus, assim como Pedro (Marcos 8.29) e Marta (João 11.27).
Se Jesus tivesse agredido Natanael com palavras, o diálogo teria sido mais difícil. Agressão cria barreiras. Mas Jesus mostra uma forma de diálogo diferente. Sem agressão, sem recriminação. E, neste encontro com Jesus, acontece a transformação. O ceticismo e a descrença se vão. A fé se instala.
Assim também devemos agir como membros da Igreja de Jesus Cristo. Dialogar de forma não agressiva. Convidar pessoas para ir à Igreja para que elas mesmo vejam e tirem suas dúvidas. Agindo assim, pode haver o encontro com Deus e a transformação.
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Avenida Ipiranga, 346.
Cultos todos os domingos às 09:00h. Tel. 24.2242-1703