• Perda de peso em idosos exige atenção imediata e pode indicar doenças graves

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  • 16/ago 11:18
    Por Redação/Tribuna de Petrópolis I Foto: Reprodução

    O emagrecimento não intencional em idosos é um fenômeno que preocupa médicos e cuidadores, mas que ainda é frequentemente subestimado. Longe de ser apenas uma questão estética, a redução involuntária do peso corporal pode representar um sinal precoce de problemas de saúde que variam desde a descompensação de doenças crônicas, como o diabetes, até o início de processos degenerativos ou neoplásicos. A médica de Família e Comunidade Inoã Viana, pós-graduada em Geriatria e com experiência em cuidados domiciliares, reforça que o alerta deve ser imediato.

    “A perda de peso pode ser o primeiro indício de que algo não vai bem. Pode estar ligada a doenças neurológicas, psiquiátricas, cânceres ou mesmo hábitos inadequados, tanto alimentares quanto relacionados à prática de atividade física”, afirma.

    Segundo a especialista, um dos erros mais comuns é normalizar a perda de peso como parte inevitável do envelhecimento. Muitos familiares encaram o quadro com resignação, associando-o apenas à idade e à perda de massa muscular, sem compreender que a redução não acompanhada do peso pode representar aumento da fragilidade e risco de complicações. Essa visão equivocada retarda a investigação e pode agravar o estado clínico do idoso.

    Embora não exista um protocolo único, Inoã destaca que a perda superior a 5% do peso corporal no período de 6 a 12 meses já merece avaliação detalhada. Quando o emagrecimento é rápido e progressivo, a investigação deve começar antes mesmo desse intervalo. O ponto de partida é sempre a anamnese associada a um exame físico minucioso. Quando não se encontra a causa com base na história clínica e no exame, solicita-se a complementação com exames laboratoriais, como hemograma e análises específicas, além de exames de imagem, como ultrassonografias e radiografias, todos guiados pelas suspeitas levantadas durante a consulta.

    O processo natural de envelhecimento provoca mudanças que afetam diretamente o apetite e o peso corporal. Entre elas estão a perda de massa muscular, alterações no paladar e no olfato, redução da salivação e dificuldades na mastigação. Um fenômeno comum é a disgeusia senil, distorção ou diminuição da percepção dos sabores, resultado da redução do número de papilas gustativas e da perda parcial do olfato, que é fundamental para a alimentação, somando-se ainda à sensação frequente de boca seca. Essas alterações podem levar o idoso a preferir alimentos mais açucarados e rejeitar outros grupos importantes para uma dieta equilibrada.

    Problemas odontológicos, como próteses mal adaptadas ou ausência de dentes, também influenciam de forma significativa. Se o alimento não é mastigado adequadamente, o idoso pode ter dificuldade para ingerir carnes ou vegetais mais fibrosos e, diante da dor ou desconforto, pode evitar comer, comprometendo a nutrição. O uso de determinados medicamentos igualmente contribui para a perda de peso, seja por efeitos colaterais diretos, como náuseas, seja por sintomas secundários que afetam o apetite. Transtornos do humor, como depressão e ansiedade, também merecem atenção especial, pois reduzem o interesse pela alimentação e muitas vezes passam despercebidos. Nas doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, a perda de peso pode decorrer da recusa a certos alimentos ou fazer parte da evolução da doença, especialmente nos estágios mais avançados.

    Para a médica, a qualidade da escuta durante a consulta é determinante no diagnóstico. Ela explica que não se deve considerar apenas o estado nutricional, mas o contexto de vida do paciente. Há casos em que o emagrecimento não é reflexo de uma doença física grave, mas sim de um adoecimento emocional ou de um desinteresse generalizado. Nesse cenário, o olhar do acompanhante se torna fundamental, já que o idoso nem sempre valoriza a própria queixa. O exame físico detalhado complementa essa análise, permitindo identificar sinais que não são percebidos de forma evidente.

    A prevenção passa pelo monitoramento contínuo e pela observação atenta de mudanças sutis, como o afrouxamento das roupas, a redução da força física ou alterações no humor. Quando detectada a perda de peso, o acompanhamento ideal envolve a integração entre médicos, nutricionistas e profissionais de educação física. O nutricionista ajusta a dieta de acordo com as necessidades específicas e as limitações do paciente, enquanto o educador físico avalia como manter a atividade corporal de forma segura. Essa abordagem multidisciplinar favorece a recuperação, melhora a qualidade de vida e reduz o risco de agravamentos.

    A médica ressalta que sinais como perda de peso acompanhada de fadiga, redução da massa e da força muscular nos últimos seis meses e alterações significativas em exames laboratoriais exigem atenção imediata. Nessas situações, procurar atendimento médico rapidamente é fundamental para identificar a causa e evitar complicações potencialmente graves. “O tempo é determinante para entender o que está acontecendo e garantir que o idoso receba a intervenção adequada”, conclui.

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