Pela vitória dos cavalos
Dois velhos e antigos amigos encontram-se na praça D. Pedro e ajeitam-se em duas beiradas estreitas de bancos ocupados por moradores de rua. Sem incomodar os dorminhocos, botam seus papos em dia.
-Meu compadre, prepare-se: eleições à vista, pertinho, em outubro. Nacional para escolha de presidente da república, senadores, deputados federais e estaduais e governadores para os Estados. Acho que é só.
– Não! Teremos mais uma, somente em Petrópolis, um plebiscito agarrado ao pleito geral.
-Incrivel! É verdade mesmo, tal despautério consentido pela justiça eleitoral? Um plebiscito por cima de tantos sufrágios de difíceis escolhas?
-É verdade, sim!
-Então, pelo menos a indagação plebiscitária é de transcendental importância para o país, o Rio de Janeiro e o município de Petrópolis?
-Deve ser. Ouvi dizer, em cochicho da cobra com a águia, diante da Câmara Municipal, que os candidatos são cavalos…
-Cavalos? Não me diga que irracionais concorrerão com outros tantos? Estranho! Talvez consiga com o espírito de Napoleão Bonaparte saber qual a cor verdadeira de seu cavalo branco e votar nele. Quais os cargos pretendidos pelos cavalos?
-Não embaralha minha cabeça! A pergunta a ser respondida será quanto à permanência das “Vitórias” ou não trotando pelo Centro Histórico.
-Ahn! Mas, o que tem isso a ver com a eleição geral?
-Sei lá, pergunta a quem inventou essa balbúrdia, comprometendo o pleito político, que já – pelos candidatos inscritos – é um campo de horrores!
-Coisa de doido que somente poderia, mesmo, acontecer por aqui.
-Sim, mas, diga você, qual é a sua opinião a respeito de misturar cavalos com políticos?
-A diferença não é muita. Os cavalos têm mais pose. Votarei neles
-É como está! Anda o país de pernas para o ar, diante de uma eleição geral assemelhada a um jogo de damas: move uma peça aqui, outra ai, porém o tabuleiro permanece o mesmo e as peças também.
-Quer saber? Por Petrópolis, pelo seu destino turístico, pela tradição de “Cidade Imperial” linda por e pela natureza, votarei na permanência dos cavalos, aos quais saúdo com reverência e respeito.
-Correto! E torcer pela “Vitória” e pelos cavalos!