• PCC tinha relatório detalhado do local de votação de Moro

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  • 23/03/2023 16:53
    Por Rayssa Motta, Pepita Ortega e Fausto Macedo / Estadão

    Endereços ligados ao senador Sérgio Moro (União-PR) estariam sendo monitorados há meses por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Os criminosos planejavam sequestrar o ex-juiz da Operação Lava Jato em um ousado plano para tentar resgatar Marcola, uma das lideranças da facção.

    A Polícia Federal (PF) encontrou filmagens da fachada do prédio onde o ex-juiz morava em Curitiba, o que indica que os criminosos montaram campana em frente ao apartamento.

    Outro endereço de interesse foi o local de votação do ex-ministro. Os investigadores encontraram um relato detalhado de reconhecimento, com descrição de acessos, câmeras, segurança e rotas. A PF acredita que os traficantes tenham cogitado agir no segundo turno da eleição.

    “As ações para a concretização do ataque ao Senador Sergio Moro iniciaram-se, efetivamente, em setembro do ano passado, justamente no período eleitoral, quando o atual Senador era candidato ao cargo ocupado nos dias de hoje. Vale lembrar que Sergio Moro permaneceu com escolta por 180 dias, o que expirou em 24/10/2021, motivo pelo qual ocorreu uma janela de oportunidade interessante para os criminosos”, reportou o delegado Martin Bottaro Purper à Justiça Federal.

    Os membros do PCC fizeram uma longa pesquisa sobre a vida do ex-juiz. Nas anotações descobertas pela Polícia Federal, consta até os bens declarados por Moro no Imposto de Renda. Informações sobre a filha dele, como universidade e estágio, também foram levantadas.

    “Importante destacar que as anotações não se referem apenas ao senador, mas à sua esposa e filhos, indicando que eles também podem ser alvo dos criminosos”, alertou o delegado.

    Os investigadores acreditam que facção tenha alugado mais de um imóvel em Curitiba para usar como base na execução do plano.

    A retaliação teria sido motivada por mudanças nas regras para visitas a detentos – Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos ‘cabeças’ da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.

    O plano, que envolveria ainda atentados contra policiais e agentes penitenciários, foi tornado público nesta quarta-feira, 22, na Operação Sequaz, que prendeu nove suspeitos.

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