Parquímetros completam três meses em Petrópolis e ainda dividem opiniões
O sistema de parquímetros que foi implantado para monitorar o estacionamento rotativo de Petrópolis completou 90 dias de operação e ainda divide opiniões. Para os motoristas, além da falta de vagas para estacionar, a grande dificuldade é encontrar um controlador para efetuar o pagamento. Assim, quem não tiver moedas em mãos e não conseguir recorrer a outros meios como cartão de crédito acaba ficando sujeito a sanções e penalidades.
Na semana passada, a administradora Nilza de Almeida teve que pagar R$ 36 por não encontrar controlador no estacionamento da Avenida Roberto Silveira. Ela disse que não tinha moedas no bolso e não conseguiu outro meio de pagamento por não ter o apoio de um agente. “Eu saí com pressa, encontrei uma vaga e estacionei. Chegando lá vi que não tinha moedas para utilizar o parquímetro, então prossegui até o início da rua, passando de prédio em prédio atrás de um controlador. Como não encontrei ninguém, tive que sair para resolver o meu problema”, disse. Cerca de vinte minutos depois, quando Nilza retornou ao local onde deixou seu carro, havia um bilhete colado informando que ela deveria efetuar o pagamento de R$ 36 referentes a uma diária de estacionamento devido a não contabilização da sua tarifa. “Eu cheguei no carro e vi o papel colado. Depois encontrei uma moça e ela me disse que tinha que fiscalizar toda a região da Montecaseros, Sete de Abril e também Roberto Silveira, por isso ela demorou a chegar até o local”, explicou a administradora que mora no Moinho Preto.
Transtornada, Nilza teve que ir até o posto da CPTrans para efetuar o pagamento. “Tive que pagar porque senão eu ia receber uma multa de R$ 150 e ainda perderia mais de 5 pontos na carteira”, completou.
Uma situação semelhante aconteceu com outro petropolitano que, indignado, fez algumas postagens nas redes sociais relatando os problemas encontrados pelos motoristas no novo sistema de monitoramento do estacionamento rotativo da cidade. Na postagem ele critica principalmente a questão da ausência de controlador. No seu caso, foi num dia de chuva, quando também lhe foi imposta a sanção de R$ 36, que é referente ao valor diário de estacionamento.
Com as reclamações em mãos, a Tribuna foi até alguns pontos de estacionamento mais disputados da cidade para saber a opinião dos motoristas. No entanto, apesar das denúncias, a aceitação tem sido grande entre os entrevistados. O petropolitano Fernando Machado, que trabalha como motorista, aprovou o novo sistema. Para ele, ficou mais prático e mais eficiente. “Eu gostei muito. É um avanço muito grande, mas tenho algumas sugestões a fazer para melhorar esse serviço, como a demarcação numerada das vagas para que você identifique exatamente onde estacionou”, explicou. O autônomo disse à nossa equipe que já teve problemas para encontrar o controlador. “Eu parei na rua Pinto Ferreira, não achei ninguém e deixei um bilhete no carro dizendo onde estava, mas minutos depois eu consegui fazer o pagamento e deu tudo certo”, completou.
O biólogo Sérgio Luis Gonçalves cobrou a falta de vagas. “Para mim, isso piorou um pouco porque estão aumentando o rotativo, expandindo e extinguindo as vagas gratuitas”, disse.
No Serviço de Proteção ao Consumidor de Petrópolis – Procon, o número de reclamações é bem baixo. “Não tivemos muitas reclamações registradas, mas tivemos uma denúncia recente. Prontamente solicitamos o comparecimento da Sinal Park ao Procon”, disse o coordenador Ramon Rabello. Diante da denúncia, a empresa prestou os esclarecimentos requisitados e, segundo o órgão, além de mostrar todo o trabalho complexo que é desenvolvido, comprometeu-se a informar adequadamente a população sobre o serviço. “Eles se comprometeram a criar e melhorar os canais de comunicação com o motorista. Entre as sugestões para a adequação estão panfletos informativos e informações no próprio parquímetro e treinamento constante e contínuo dos controladores”, completou Ramon.
A Tribuna conversou com o diretor da empresa Sinal Park, Luiz Baltar de Gusmão, que se explicou diante das denúncias e esclareceu algumas dúvidas frequentes dos motoristas, mostrando um pouco do trabalho que é feito pela empresa.
“O sistema que temos aqui é utilizado em várias cidades. Seu uso, suas regras, valores e preços competem à CPTrans. São regras que foram discutidas, inclusive, na Câmara, aprovadas e agora estão sendo impostas. Nós apenas cumprimos com o nosso papel no regulamento, que é monitorar, recolher a tarifa e fiscalizar para ver se a legislação está sendo cumprida”, disse.
Luiz completou ainda que a multa administrativa pelo não cumprimento do pagamento da tarifa de fração sempre existiu. “Essas leis não são novas, são da década de 90 que foram adequadas e melhoradas em 2008. Desde a nossa contratação nós começamos a fiscalizar o cumprimento dessas leis. Um serviço mais completo do que o da CPTrans, porque somos pagos exclusivamente para esse serviço”, explicou.
Cidade tem 1 controlador para 24 vagas
Apesar de o regulamento definir um agente a cada 60 vagas de estacionamento, a Sinal Park disponibilizou mais do que o dobro da quantidade de controladores. Atualmente é um para cada 24 vagas. Segundo Luiz de Gusmão, diretor da empresa, a medida foi tomada para uma melhor adaptação do petropolitano ao novo sistema. “Aqui em Petrópolis já existia essa cultura de procurar o controlador logo depois de estacionar para pagar a tarifa, isso porque a CPTrans fazia esse serviço. O agente da Companhia vendia o cartão de estacionamento porque eles não tinham equipamentos exclusivos para isso. Hoje, com esse sistema, nós temos vários meios de pagamento da tarifa e o último deles é o controlador, que está ali justamente para controle e fiscalização da utilização dessas vagas”, explicou.
Meios de pagamento
A Tribuna recebeu algumas reclamações por parte dos motoristas quanto aos meios de pagamento, principalmente porque os parquímetros só aceitam moedas. No entanto, o que se percebeu foi uma falta de conhecimento por parte dos próprios usuários. Hoje, o sistema de estacionamento rotativo conta com diferentes meios de quitar as tarifas, entre eles: moedas (no parquímetro); cartão de crédito, por meio do aplicativo “DigiPare” para smartphones; pontos de venda fixos em comércios e até serviço de 0800 e SMS (mensagem de texto) para quem não tiver acesso à internet pelo celular.
Resultados
Segundo a direção da Sinal Park, dos 100 mil usuários que utilizam o sistema de parquímetros na Cidade Imperial, pelo menos 97 mil são regulares, isto é, pagam as tarifas em dia e estacionam regularmente; os outros 3 mil estão na lista dos multados e penalizados por sanções administrativas, por não estarem de acordo com a legislação. “Diante desse alto índice de respeito e cumprimento do que está sendo colocado, nós percebemos uma rotatividade maior com relação às vagas. Isso porque quando o motorista tem que pagar pelo momento em que ele deixa o seu carro na vaga, ele começa a ficar menos tempo, tornando o espaço mais democrático, porque como ele fica menos tempo na vaga, mais motoristas podem usufruir daquele espaço”, explicou o diretor da empresa.
Para obter mais informações sobre o sistema, o usuário pode acessar o site www.estarpetropolis.com.br.