
Parque ligado a acidente com morte em Petrópolis teve brinquedo interditado em Cabo Frio
O Crazy Park, envolvido no acidente que resultou na morte de um jovem no fim de semana, em Petrópolis, teve um de seus brinquedos interditado em Cabo Frio, em janeiro deste ano. A informação foi confirmada pela Comissão de Direitos Humanos da 20ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Cabo Frio e Arraial do Cabo.
Na vistoria, apenas o brinquedo “Torre” apresentou problemas, especificamente no cinto de segurança, e foi interditado após vistoria das autoridades. “Esse brinquedo foi interditado de forma imediata pelo Corpo de Bombeiros, assim como também chamamos a Defesa Civil e realizamos uma vistoria no local. A Defesa Civil verificou, realmente, que o brinquedo estava interditado”, ressaltou a presidente da comissão, Rafaela Vitorino.
Nenhum outro brinquedo do parque foi interditado, pois não apresentaram irregularidades aparentes durante a vistoria. A comissão da OAB está finalizando um relatório sobre a fiscalização, que poderá ser encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro, caso seja necessário.
Já em Petrópolis, o acidente aconteceu no brinquedo “Expresso do Amor” e causou a morte de João Victor Souza Trindade da Silva, de 19 anos, morador de Miguel Pereira. Segundo as primeiras informações, o jovem teria sido arremessado do brinquedo. Outras duas jovens ficaram feridas, foram levadas para a UPA de Itaipava e já receberam alta.
Parque apresentou licenças
A Prefeitura de Petrópolis informou, no sábado, que o parque apresentou as licenças exigidas pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Civil. A Tribuna de Petrópolis teve acesso aos certificados de autorização tanto da Cidade Imperial quanto de Cabo Frio. Nos dois documentos, os mesmos engenheiros assinam como responsáveis pelas montagens — um elétrico e outro mecânico e de segurança do trabalho.
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Em Cabo Frio, a autorização do Corpo de Bombeiros foi concedida em 5 de dezembro de 2024, com validade entre 13 de dezembro e 13 de março de 2025. Em Petrópolis, o laudo foi emitido em 17 de abril de 2025, autorizando o funcionamento entre 18 de abril e 17 de julho.
As licenças da corporação preveem perda de validade em casos como montagens fora do previsto, instalações elétricas em desacordo com as normas e superlotação. Nessa segunda-feira (05), o Corpo de Bombeiros informou que, após o acidente, encontrou o local em desacordo com a autorização e, por isso, foi interditado. A empresa, no entanto, disse que a situação encontrada se deu devido ao ocorrido de sábado.
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A Prefeitura também declarou que o parque não tinha vínculo organizacional com o evento musical da programação da Expo Petrópolis. No entanto, até a tarde dessa segunda-feira (5), o contrato entre o município e o Crazy Park ainda não estava disponível no Portal da Transparência.
Polícia, MPRJ e Alerj investigam
A 106ª Delegacia de Polícia, em Itaipava, realizou perícia no local e está ouvindo testemunhas. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) também instaurou um inquérito civil para apurar as condições de funcionamento do parque e avaliar eventual responsabilidade do Poder Público na autorização da atividade. A 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Petrópolis solicitou, ainda, uma vistoria emergencial ao Corpo de Bombeiros.
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Na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado estadual Yuri Moura (PSOL) informou que vai convocar os responsáveis pelo parque e representantes da Prefeitura de Petrópolis para prestar esclarecimentos em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
O que dizem os citados
Por meio de sua equipe jurídica, o Crazy Park afirmou que continua à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Sobre a interdição em Cabo Frio, alegou que o brinquedo era terceirizado e que, após a fiscalização, o cinto foi adequado, permitindo a continuidade da operação. A equipe ressaltou ainda que, apesar da vistoria, não houve incidentes que colocassem os usuários em risco.
A empresa também contratou uma perícia privada para apurar o que ocorreu no acidente de sábado em Petrópolis. No mesmo dia do ocorrido, divulgou nota à imprensa reiterando o compromisso com a segurança e o bem-estar dos visitantes, e declarou que segue todos os protocolos exigidos pela legislação.
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que a autorização foi emitida após o cumprimento, à época, das exigências legais e pertinentes. Dentro do que é solicitado, estão os documentos em que o representante legal do estabelecimento apresentou, no processo de regularização, sendo estes atinentes ao Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, inclusive as certidões de responsabilidade técnica emitidas por profissional privado devidamente habilitado.
A Prefeitura de Petrópolis não respondeu aos contatos da reportagem até a última atualização.
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