Parceria de Jards Macalé e João Donato que esperou 60 anos para ser gravada
Foram precisas seis décadas de muita boa música para que dois grandes nomes, enfim, se unissem para lançar um álbum em conjunto. Jards Macalé e João Donato sempre se admiraram, mas só a partir desta sexta-feira, 22, eles poderão ser vistos lado a lado na capa de um mesmo disco. Com dez faixas inéditas, Síntese do Lance traz músicas cantadas e instrumentais numa pegada animada e descontraída – exatamente a síntese de Jards e Donato.
A ideia do disco surgiu antes da pandemia e partiu do músico Sylvio Fraga, da Rocinante. O álbum é coproduzido por ele, pelo sócio Pepê Monnerat e pelo trombonista Marlon Sette, que também fez os arranjos de metais. “Conheço o Jards desde criança, mas nunca cantamos juntos. Ficamos contentes com o convite, porque nos admiramos há tanto tempo”, diz Donato ao Estadão.
Das dez faixas, uma nasceu 100% da parceria entre os dois. “É a Coco Táxi. Quem vai a Havana anda nesse veículo, um triciclo com um coco em volta. O João mandou uma parte e eu fiz a letra”, conta Macalé.
As demais músicas foram feitas com outras parcerias, como Joyce Moreno e Ronaldo Bastos. “Na pandemia, a primeira coisa que comecei a fazer foi compor. A combinação foi o João fazer uma parte, eu completar e fazer outras”, explica. Donato ressalta que, mesmo à distância, a parceria funcionou. “Foi quase como telepatia.”
AFINIDADE
Apesar da espera de seis décadas, a dupla demonstrou muita afinidade – e as imagens tiradas para a capa do álbum são a prova disso. Há um pouco de tudo, de ambos com sobretudo preto ou mesmo com “nada sobre”. Sim, Macalé e Donato chegaram a fazer fotos nus lado a lado em meio a árvores. “Foi engraçado. Alguém teve uma ideia, e a gente foi aceitando”, diverte-se Jards Macalé. “Fizemos a capa no estilo floresta. Eu pela Floresta da Tijuca, ele pela Floresta Amazônica, lembrando nossas origens no Rio e no Acre.” “As fotos ficaram parecendo Adão e Eva no Paraíso”, ele compara. “Mas a finalidade era justamente essa, fazer alguém dar risada.”
Os dois se mostram plenamente satisfeitos com o álbum. “A gente vai ficar feliz se o disco transmitir uma nova alegria. É o que a gente mais do que nunca está precisando”, diz Macalé. Para Donato, o resultado ficou ótimo. Ele acha até que o álbum poderia estar em mais lugares. “A música deveria ser vendida em farmácia. É um ótimo remédio contra a tristeza.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.