• Para que serve a escola?

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  • 28/08/2017 12:20

    A convite da Associação Nikkei de Petrópolis e da Academia Petropolitana de Educação, tivemos a oportunidade de ouvir, no dia 18 de agosto, na Casa de Cláudio de Souza, o professor Kiyoto Hikichi, que foi reitor de uma escola em Chiba, cidade que fica aproximadamente 40 quilômetros a sudeste de Tóquio. Hoje ele exerce a função de diretor da Escola do Japão no Rio de Janeiro.  

    O referido mestre falou da escola pública que foi projetada em Chiba como parte integrada à cidade: edificação baixa, circular, sem muros. A comunidade participa das atividades realizadas na escola, que é mantida sempre limpa e conservada com a colaboração dos alunos, ou seja, eles também participam da limpeza como uma atividade normal, demonstram assim o senso de responsabilidade e consciência social. 

    Na Copa do Mundo realizada no Brasil, foi possível constatar esse fato. Após os jogos, a torcida da seleção japonesa recolhia os objetos descartados e deixava a arquibancada limpa.

    À medida que o professor Kiyoto Hikichi falava e mostrava em power point as imagens da interação entre a comunidade e os estudantes, o público presente comentava a disparidade entre a realidade do nosso sistema educacional e a que é vivenciada no Japão. É claro que são povos com heranças diferentes. Não gosto de fazer comparações, quando envolvem valores culturais. Mas, em se tratando do processo educacional, é preciso estabelecer alguns parâmetros referenciais, principalmente no que tange ao relacionamento humano: o respeito mútuo é imprescindível. Não me refiro a posicionamentos hierárquicos, nem à imposição de regime disciplinar, uma vez que a liberdade não é dissociada da responsabilidade. Quero destacar a questão da segurança, do ambiente pacífico para que se possa efetuar a relação de aprendizagem. 

    Na segunda-feira (21/08), quase 27.000 alunos ficaram sem aluna, na capital do Rio de Janeiro, por causa da violência. A Prefeitura resolveu fechar, por tempo indeterminado, 15 escolas da zona norte. Por essa razão, uma média de 6.000 alunos não sabem quando retornarão à sala de aula. A “megaoperação” realizada, na capital, pelas Forças de Segurança, que envolveu a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Federal a Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e as Forças Armadas, reflete a grave instância a que chegou a violência.  Parece que o Estado já não garante o direito constitucional do cidadão: a Educação. O artigo 205 da Constituição Federal diz:

    “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

    Na citada segunda-feira, uma professora foi espancada dentro da escola por um aluno de 15 anos, no Município de Indaial, em Santa Catarina. Após as investigações policiais, descobriu-se que o jovem já havia agredido a própria mãe. Cenas como essa se repetem como reflexo de um estágio em que se deterioram os valores éticos, morais e os princípios básicos da ordem social não são garantidos pelo Estado. Além de não ter as condições necessárias para o exercício da profissão, o educador é mal remunerado. Se houvesse um investimento sério no sistema educacional que garantisse a escolaridade em tempo integral para as crianças e os adolescentes, não precisaria ter tantos policias nas ruas, nem tantos presídios. 

    – Quando haverá uma “megaoperação” para salvar as escolas?

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