PAPO DE PESCADOR – Tribuna 08/03/2018
Bom dia aos amantes da pesca!
As fortes chuvas que continuam a cair na região serrana estão atrapalhando e até impedindo nossas pescarias. As temperaturas estão oscilando bastante, dificultando muito nossa atividade.
Essas condições fizeram que este pescador que vos fala fosse procurar pescarias em outro lugar. Na semana passada fui atrás da realização de um sonho: o Tarpon.
O sonho de conhecer este peixe famoso por sua esportividade e brigas épicas, me fez despencar até João Pessoa na Paraíba, onde fui muito bem recebido pelo amigo Tiago.
No dia seguinte bem cedo, fomos até uma entrada do mangue, perto da parte histórica da cidade onde encontramos Josean, outro amigo que na ocasião estava fazendo a gentileza nos guiar pelo rio Paraíba em sua canoa de madeira.
Motor de rabeta abastecido, material de pesca preparado e partimos rio abaixo em busca do meu Baby Tarpon. Muitos arremessos, pequenos robalos, muitas ações e até um bagre fisgado na isca de superfície, coisa ainda inédita nas minhas pescarias. Me impressionei com a audácia daquele bagre, mas por enquanto nada de Tarpon.
Horas se passando, e um calor fora do comum me dava a sensação de estar derretendo. Foi então que a maré baixa nos mostrou uma pequena ilhota no meio do rio, que naquela região é chamada de CROA. Encostamos o barco, demos um mergulho e curtimos um pouco daquele lindo visual, cercado de vida. Foi o suficiente para recarregar nossas baterias. Saímos de lá renovados, prontos para pescar novamente.
O fim da tarde estava se aproximava quando fisguei um pequeno Tarpon. E mesmo pequeno, o bicho era nervoso… pulava… corria… tomava linha.
Estava confirmada a força do bichinho. Mas, apesar de tudo isso, este pequeno peixe ainda não era minha meta. Buscava um exemplar maior… bem maior, que justificasse minha ida até João Pessoa.
Saímos da água muito satisfeitos pela pescaria, mas eu ainda não tinha aquela gostosa sensação de dever cumprido. Faltava o peixe grande. Faltava aquele monstrinho para “quebrar tudo”.
Naquela mesma noite recebi uma ligação de um grande amigo confirmando outra pescaria de Tarpons no mangue. Uma enorme coincidência nos juntou na Paraíba para mais uma aventura juntos.
Dias depois nos encontramos perto do porto, com ajuda do amigo Tiago, que infelizmente não pode nos acompanhar nesta empreitada.
– Grande Corujinha!!! – falei aos berros ao encontrar meu amigo Mauricio.
Não podia imaginar que uma coincidência tão grande, nos uniria em mais uma pescaria, e dessa vez tão longe de casa. Mas fiquei feliz pelos bons ventos o traziam, afinal poderia pescar com um amigo ao qual tenho tanto carinho e respeito.
Logo falei com o guia Romildo, que já havia conhecido logo na chegada ao aeroporto. Tomamos um café no posto e partimos para a pesca.
Romildo é um guia muito bem conceituado na região. De sorriso fácil e muita sabedoria ele é especialista na pesca dos Tarpons no mangue e eu estava ali para testar suas habilidades como guia.
Rio adentro, partimos para a pesca ouvindo atentamente as instruções do especialista, porém, como já de costume meu material estava bem abaixo das especificações de força e peso sugeridas pelo Romildo que logo entendeu que eu gostava de fortes emoções.
E foi aí que a varinha de 8 libras e pontinha bem fina fisgou o bruto. Depois de um arremesso longo, voltado para a margem, trabalho bem lento com uma isca de meia água de pequeno porte o bicho bocou, correu para o meio do rio, tomou linha, deu lindos saltos e com o mesmo entusiasmo de um ganhador da mega sena, usando o conhecimento de pesca acumulado ao longo destes anos para tentar trabalhar o peixe.
Lindo, imponente, reluzia seu prateado ao brilho do sol e saltava feito louco tentando escapar da isca. Lá estava minha meta. Um Tarpon grande, brigador, que faz jus a fama que tem.
Mas ainda faltava tirar o peixe, pois se não tem foto, não em peixe… briga daqui, pula de lá e ele entrou galhada adentro trançando a linha entres os gravetos do mangue. Foi quando me lembrei das estatísticas, que dizem que a cada 10 Tarpons fisgados, 8 escapam devido a sua boca óssea e os saltos acrobáticos.
O coração veio bater na boca… ou melhor, na ponta da linha. E quanto mais eu pensava nisso, mais ele se enroscava no emaranhado de galhos.
– Não vai tirar! Hahahahahahaha – dizia espantado o guia.
Depois de muita briga, alguns saltos e muitos sustos… Romildo com toda sua experiência conseguiu embarcar o peixe. O sorriso estampado no rosto dos três pescadores traduzia a satisfação de embarcar aquele belo exemplar, mesmo diante de tanta dificuldade.
Técnica do pescador, conhecimento do guia, boas energias do parceiro e muitas, mas muitas doses de sorte estavam envolvidas naquele foto. A meta estava batida e a missão cumprida!!!
O belo Tarpon que nos deu minutos de alegria que mais pareciam horas, foi devolvido ao seu habitat com segurança, e assim retornamos de mais uma aventura.
Gostaria de agradecer a todos os amigos de João Pessoa que fizeram de tudo para que eu me sentisse em casa, ao guia Romildo que comprovou mesmo ser o grande mestre dos Tarpons e mais um amigo que fiz na Paraíba e ao meu grande amigo irmão Maurício Curuja, que mesmo ao acaso, conseguimos nos divertir muito.
Não esqueçam, vamos preservar, manter limpo e cuidar da natureza que tanto amamos!!! Pratique o pesque e solte!!!
Afonso – Pescaria dos Amigos
Veja mais no blog Papo de Pescador
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Jornal Tribuna de Petrópolis